Quando se é famoso, se perde a liberdade. Bem, quero dizer, tenho muito mais liberdade do que antes. Por exemplo, eu tenho o meu castelo: uma cobertura incrível em Nova York em um prédio tão alto que do meu quarto vejo um pedaço do topo do Empire State Bulding; um esconderijo: uma casa na Califórnia com tantos quartos que ainda não achei uma utilidade para todos eles, mas ela é linda! Toda em madeira e cercada de árvores, parece até uma casa na árvore caso não houvesse tantos metros quadrados que não consigo sequer lembrar o número; tenho também uma fuga: um Porsche azul marinho que ganhei de aniversário de 16 anos, logo após tirar a carteira.
Mas agora vêm os poréns.
Meu esconderijo não é tão escondido assim, todos com acesso a internet sabem que existe e onde fica. Minha fuga sempre acaba nas revistas, porque aparentemente uma garota não pode sair por aí em um carro esporte sem que ninguém espere que ela leve uma multa. E sobre minha enorme cobertura, demorou muito tempo para os paparazzi saírem da frente do prédio.
Mesmo assim, eu adorava as vantagens.
Nesses quatro anos de carreira eu já tinha rodado o mundo inteiro. Por dois anos seguidos estava no topo dos adolescentes mais bem pagos no mundo. Eu já tinha participado de sete filmes, em três como protagonista, e estava com o script do meu oitavo para estudar. Dois álbuns gravados, duas turnês mundiais e 18 anos nas costas.
Já falei das viagens? Tudo bem que na maioria das vezes não dá tempo de conhecer totalmente os lugares que eu estou, por causa dos compromissos e, mesmo nas férias, sempre tem algum paparazzi por aí atrapalhando meu descanso. Porém, eu tenho 18 anos e meu passaporte quase não tem mais espaço para vistos. Sem contar que eu ainda sim faço o que eu quiser, quando eu quiser. Ok, nem sempre quando eu quiser.
Quando era mais nova, ficava me preocupando em como agir por causa de mídia, porém, cansei e tenho acumulado algumas polêmicas por simplesmente ter parado de dizer o que as pessoas querem ouvir, e sim o que eu tenho para dizer. Mas quem se importa, não é mesmo? Minha psicóloga disse que eu não devo acumular coisas, isso me faz mal, então sempre to soltando tudo. No começo criei confusões e problemas maiores, mas hoje em dia consigo lidar melhor com tudo.
Eu me tornei uma polêmica sensata, se é que isso existe.
Eu vivo em dois polos. Vivo no meio exato entre dois extremos. Não é fácil, mas em nenhum momento eu penso em querer voltar a minha vida antiga, apesar dos momentos de querer sumir por, pelo menos, um segundo. Eu adoro a fama, adoro a reação das pessoas ao que elas chamam de "escândalos". Antes eu vivia mais presa no meu maldito mundinho, com minha família me sufocando desde que consigo me lembrar. Hoje, vivo presa com a minha equipe me sufocando, mas minha prisão é o mundo. É o planeta terra todo aos meus pés. E às vezes parece até que o universo para só para me olhar. Agora eu existo, eu sei disso, e eu sinto isso. Eu finalmente sinto que existo e que estou viva.
Eu finalmente estou viva.
Ou pelo menos estava.
Quero dizer, eu não gostaria de voltar para a minha vida no Brasil, muito menos para a casa da minha família lá, mas, a sensação de vivacidade que o sucesso me trouxe nesses praticamente cinco anos parecia se esvair do meu corpo com lentidão dia após dia. Cada vez que eu abria os olhos depois de uma noite de sono essa sensação me atingia juntamente com "Dancing In The Dark" e eu começava a me sentir ficando louca com essa música na cabeça. Já fazia semanas desde o show em Detroit e nada dela me deixar.
Talvez isso significasse alguma coisa, mas o que?
Oh meu deus, Josh tem razão, isso está virando um monólogo e não deve acabar bem!
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18 [Suspenso]
Fiksi RemajaEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...