Capítulo 22

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Amizades são laços construídos, mas algumas vezes esses laços se rompem.

Josh veio. Depois se foi. Depois veio de novo. Agora se foi mais uma vez e eu esperava que ele voltasse, como da última vez, porém nunca tivemos uma briga como essa, nem mesmo quando insisti que a namorada dele só queria fama e um rostinho bonito para usufruir.

Mas ainda bem que não brigamos, pois eu estava certa.

Mas aqui estávamos nós, brigados feito dois idiotas.

E eu não me arrependo.

Mesmo assim era muito estranho. Eu sentia que algo tivesse sido arrancado bruscamente de mim, porque toda a situação foi totalmente inesperada e explosiva. Nós não nos afastamos gradativamente como qualquer outra relação que eu já tive na minha vida. Nós nos arrancamos um do outro ao ponto de ter que irmos separados a festa pós Hollywood Festival porque ele não queria ver a minha cara.

E eu estava bem com isso. Juro.

Fui primeiro em um carro separado dos meninos. Não fazia sentido Johnny e Tom aparecerem comigo e sem Josh, afinal eles eram o The Flow e eu a Lizzie. Isso só daria certo se algum de nós não fosse, mas Josh apareceria mais tarde, sozinho, e as pessoas perceberiam que havia algo de errado. Então as coisas precisavam ser assim. Nós geralmente éramos quatro, mas naquela noite éramos um e três. Éramos partes separadas de um conjunto.

Um conjunto talvez nem tão junto assim mais.

Parei no tapete vermelho e pus a mão na cintura marcada do vestido preto de alça e saia godê mais simples que já vesti desde que consigo me lembrar. Tentei virar o rosto no meu melhor ângulo para os fotógrafos já que meu cabelo estava todo penteado para trás com muito laquê para que meus brincos ear cuff* de asas vermelhas pudessem ser vistos, mas isso significava que eu não podia usar o cabelo como truque e meu rosto estava totalmente exposto.

Droga! Por que não nasci fotogênica?

Agora era esperar o batom vermelho red velvet, quilos de primer, base, corretivo, pó, blush, sombra, lápis, delineador e rímel me fizessem sair bem em todas as fotos.

Continuei a andar pelo tapete, sorrindo para pessoas e fazendo pose. Falando com alguns outros famosos que passavam, me cumprimentavam e ainda tiravam fotos comigo. Candance Maroone - que vai atuar comigo no famigerado filme ainda sem nome - até elogiou minhas ankle boots vinho e disse para algum repórter aleatório que seria um prazer trabalhar comigo.

Eu, claro, não dei uma entrevista.

Nada surpreendente para a famosa Lizzie que odeia repórteres.

O salão onde a festa começava a acontecer era sofisticado. Garçons andavam para lá e para cá oferecendo champanhe e tira gostos chiques. As pessoas usavam roupas bonitas, os caras de camisa social e as mulheres com vestidos belíssimos e maquiagem maravilhosamente bem feita. Todos se cumprimentavam com beijos na bochecha, abraços e apertos de mão e eu fiquei lá, parada, engolindo a risada do quanto aquilo era falso.

Festas pós-qualquer coisa me fazem pensar o quanto o mundo da fama é feito de aparências. Todas começam de um jeito calmo e sofisticado para algumas horas mais tarde, quando a mídia não estiver mais do lado de fora e o risco dela invadir a festa for menor, é preciso evitar os banheiros porque provavelmente alguém vai estar usando drogas lá.

E eu não estou falando de maconha.

Um garçom passou por mim e eu resolvi pegar uma taça de champanhe. Eu prometi a mim mesma nunca mais beber depois do Chasseur - a ressaca definitivamente não valia a pena -, mas eu estava sozinha, sem amigos realmente próximos e, por mais que eu conhecesse várias pessoas, elas eram como cobras prontas para te morder e espalhar o veneno pelas suas veias.

18 [Suspenso]Onde histórias criam vida. Descubra agora