Capitulo 3

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Há um certo consenso mundial sobre cabelos cacheados e cabelos lisos. Aparentemente, quando alguém quer passar a imagem de pessoa meiga, amável e doce, tem o cabelo cacheado. Mas, para ser sexy e fatal, o cabelo deve ser liso. A Taylor Swift, por exemplo, tinha os cabelos longos e cacheados na sua época menininha country, só que aí ela saiu dessa vida para o pop e então alisou o cabelo. Isso apenas prova meu ponto, seria um caminho mais fácil, até para mim, para criar impressões. Porém, é lógico que eu iria contra todas os termos socialmente e inconscientemente definidos.

Depois que saímos do Starbucks, Josh e eu resolvemos ir até uma praça, já que tínhamos algum tempo. Gostávamos de observar as pessoas e as vezes ficávamos criando histórias para elas.

Bem, somos pessoas bastante criativas. Além do mais, várias músicas já surgiram de momentos como esses.

Ficamos horas sentados de baixo de uma sombra até que começasse a escurecer e, foi quase no momento de ir embora, que vimos uma garota passar distraidamente bem a nossa frente. A infeliz era absurdamente linda! E não é só isso! Em um momento, ela virou a cabeça e olhou para trás. Sem nenhum esforço, lançou um olhar que fez Josh quase cair duro no chão e sinceramente, a mim também. Ficamos pateticamente de boca aberta sem respirar por uns dois segundos, até ela se virar e sumir da nossa vista.

A garota tinha olhos castanhos, se vestia sem muita estripulia e os cabelos eram lisos.

Mas o olhar, ah aquele olhar...

Era o que realmente importava. Eu não tinha aquele olhar e era exatamente aquilo que eu precisava!

Mas não havia e não fazia a menor ideia de como ter. Ou seja, não adiantava nada. O risco de não conseguir o papel continuava ali, dando tapas na minha cara, porque eu via o olhar, as expressões necessárias, mas quando eu tentava, não surtia o menor efeito.

Eu não sabia ser sexy, por que estava insistindo tanto? Seria muito mais fácil largar tudo e partir para outra, mas sou teimosa demais para isso.  

Fiquei incomodada com toda a situação - o olhar da garota que eu jamais reproduziria, o papel que eu poderia não ter -  e senti todo meus questionamentos internos voltarem com mais força do que nunca.

Resultado: acordei com "Dancing In The Dark" na cabeça, e a parte sobre começar um incêndio sem uma faísca mexia tanto comigo que me peguei mais uma vez encarando meus olhos através do espelho enquanto a música ecoava no recinto - tal como semanas atrás, em Michigan.

Analisei meu rosto, nas poucas espinhas que teimavam em aparecer. Observei minhas roupas que eram pijamas cuja a camisa reproduzia em tons roxos o modelo do uniforme de futebol americano. Olhei para o meu cabelo, a tinta das pontas cacheadas precisava ser retocada com urgência. E nossa, já estava um palmo maior! Os dois dedos passados do ombro haviam virado sete. Era necessário cortar ao tamanho habitual e repintar quase da metade para baixo em degradê rosa, roxo e azul - respectivamente.

"Habitual", arght.

Eu havia pintando o meu cabelo em um simples ato de rebeldia. Veja bem, eu nunca pude pintar meu cabelo, quanto mais de cores diferentes e eu estava cansada das pessoas me tratarem como se eu ainda tivesse 14 anos. Então, como diria a minha mãe: juntei a fome com a vontade de comer.

Eu tinha 16 para 17! Eu não era mais uma criança. Não era mais uma simples aspirante a artista, eu já era uma. Tinha meu CD, meus filmes, meus shows e minha turnê mundial. Além do mais, sempre gostei de cabelos coloridos, então pintei – mas só do meio para baixo porque sou covarde, não quis abusar tanto fazendo o cabelo todo.

Meus cachos castanhos receberam um tom de azul turquesa que durou apenas alguns meses pela dificuldade de manter decentemente, porque era muito difícil fazer a cor pegar bem e aparecer no meu cabelo escuro. Por isso mudei de tática. Com uma conversa e pesquisa muito longa com Gil - o único cabeleireiro do mundo que tem o direito e dever de encostar no meu cabelo - decidimos pelo degradê em tons fortes de rosa, roxo e azul. Assim, as cores se misturavam e não sumiam tão fácil, mas o retoque ainda era constante. 

Eu amei. Me senti a pessoa mais foda do mundo, lembro bem. Achei super a minha cara. Minha família surtou com isso, mas o fato deles estarem na outra ponta do continente ajudou para que, ao invés de eu me importasse, eu amasse ainda mais o meu pequeno ato de rebeldia. 

E foi aí que tudo começou.

Os tabloides fizeram com que cada ação minha parecesse um absurdo e confusão. Eu me tornara rebelde, uma porra loca que não bebe, mas que já foi parada em blitz por estar dirigindo bêbada – isso, de acordo com os jornais, é claro. Mas a questão é: se deu certo uma vez, por que não daria de novo?

Talvez simplesmente deixar meu cabelo diferente, fosse a faísca que eu precisava para começar a trazer mudanças – nem que sejam só para os olhos das pessoas de fora do meu convívio – na minha vida. Afinal, algumas pessoas acreditam que uma mudança significativa no cabelo se torna uma mudança na própria vida também, como a marca de uma nova era.

Não sei se é bem verdade, ou se eu mesma acredito nisso, mas parece que tem funcionado assim até hoje. Então, não custa nada tentar, certo?

Pausei o som e desci as escadas correndo, encontrando Isa no balcão da cozinha, fazendo algumas anotações.

- Isa! – Ela se virou para mim. – Eu preciso que avise ao Gil que quero um horário, hoje.

- Mas você já tem um horário com ele.

- Já?

- Já, oras. Ou você esqueceu? – Ela olhou para a minha testa franzida por breves segundos. – Mas é claro que você esqueceu! – Riu. – O desfile da Factory é hoje.

Factory, até hoje, é uma grande loja de roupas e acessórios para jovens e adolescentes. E com "grande", eu quero dizer, que a minha alma era mais barata do que qualquer item da loja. Mas as roupas são realmente lindas e estilosas, qualquer pessoa nova quer andar de Factory, porque isso é algum status ou sei lá. Logo, uma loja para jovens deve ter publicidade para jovens. E quem é a sensação teen mais fácil de trabalhar no mercado? Moi! É claro. Eu sou resmungona e mau humorada, mas nada que realmente atrapalhasse ou atingisse alguém. Sempre cumpri com as minhas obrigações – apesar de chegar atrasada em alguns compromissos – sem muita dor de cabeça. Sou bem profissional e também sou a garota propaganda da Factory há alguns anos.

E olha que jornal aí a fora diz que sou dessas que dirige bêbada e vaza a próprio nude. Não que já tenha saído um meu, mas bem, acidentes acontecem, e biquínis saem do lugar.

- Ah! – Ela pegou o que estava anotando e eu percebi ser uma agenda. A minha agenda de compromissos.

- O evento vai ser às 7:00 p.m. - assim que seus olhos voltaram para mim, sua testa que se tornou franzida. – Que sorriso é esse, Liz?

- Não é nada.

- Sei. Eu conheço seu "nada".

- Então aguarde e verá, como todo mundo.

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Esse capitulo é minúsculo, não me conformo! Mas não tenho muita coisa para dizer.

Eu tentei melhorar esse capitulo, mas não teve jeito, ele é bem meia boca assim mesmo. Esse começo da história é bem mais para mostrar como a Liz é e como é a vida que ela leva, já que não estamos falando da ascensão, mas sim de uma pessoa que já ta lá. Então talvez seja até massante, não sei. 

Mas a boa notícia é:  adivinha quem ta a uma semana das férias??????????? Em?????????? Em???????????? Vamos comemorar pessoas! Em pouco tempo a 18 vai começar a ter postagens mais regulares! ~samba~

Espero que vocês estejam gostando até agora apesar das raridades de post, espero atualizar em breve! 

Até mais! 

18 [Suspenso]Onde histórias criam vida. Descubra agora