Mesmo que por algumas vezes decidimos ignorar nossos problemas, eles voltam para que os enfrentemos. O que é bom, tirar o peso das nossas costas é importante mesmo que doloroso.
Cheguei em casa praticamente virada das gravações. Dormi bem pouco antes de ir, mas fazia eras que eu não sabia o que era uma boa noite de sono de qualquer forma. Eu andava muito preocupada, com bastante coisa na cabeça e mesmo que estivesse morta de cansaço, durante a noite eu virava de um lado para o outro e nada de fechar o olho. Quando conseguia, acordava várias vezes até ter que levantar de vez.
Um verdadeiro inferno.
Mas evitava reclamar, falta de sono e noite mal dormidas já eram comuns.
O que não era habitual, mas estava começando a ficar, era chegar em casa e ter aquele clima estranho porque Johnny, ao contrário de mim, só dormia. Ele ficava o dia todo no quarto e se comia, era porque Isa levava algo até lá e, por muitas vezes, ele nem mesmo tocava direito no alimento.
Mas naquele dia era diferente. Entrei no quarto e encontrei Johnny sentado na beirada da cama de samba-canção e camiseta, cabelo desgrenhado e rosto pensativo. Não falei nada, mas segui até o lado dele e me sentei. Contei os segundos que se passavam na minha cabeça enquanto esperava ele falar ou fazer algo.
1... 2... 3... 4... 5... 6... 7..
- Meu pai me ligou.
- Huh, você atendeu?
- Dessa vez sim.
- E o que ele queria?
- Que eu fosse lá, hoje. No almoço. Conversar.
- E você vai?
Ele demorou um tempo para dar uma resposta, comecei a contar os segundos de novo e, como se adivinhasse, respondeu quando cheguei no número três.
- Pretendo.
- Bom.
Silêncio de novo.
Isso era fodidamente esquisito e eu não sabia o que pensar mais. Era como se eu pensasse em tudo e em nada ao mesmo tempo. Pior que até procurei a Becca para uma consulta, mas eu não sabia me expressar bem, não sabia dizer o que me incomodava ou se até mesmo havia algo me incomodando propriamente dizendo.
- Posso dizer algo estupidamente idiota? - perguntei.
- Por favor.
- Eu sinto falta do meu twitter. - Johnny virou a cabeça gradativamente na minha direção.
- Vince ainda não te liberou?
- Não. - Fiz voz de choro e foi aí que aconteceu.
Johnny riu.
Foi uma risada curta, mas verdadeira, daquelas gostosas de se ouvir. Quase tive vontade de o abraçar e gritar "VOCÊ VOLTOU!", mas achei que não seria apropriado. As coisas estavam apenas começando a ficarem normais, afinal, ainda nada estava resolvido.
E falando em resolver...
- Que horas pretende ir? - ele virou o rosto de novo e encarou o chão.
- No almoço.
Olhei a hora no celular, estava quase em cima.
- Vou tomar um banho e trocar de roupa então.
Me levantei e fui até o closet escolhendo uma calça, blusa e jaqueta. Voltei para o quarto e Johnny continuava na mesma posição de olhar para o chão, mas aquilo era importante, ele precisava ir e era minha função incentivá-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
18 [Suspenso]
Genç KurguEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...