Aposto que todo mundo já ouviu que uma desgraça nunca vem sozinha, mas eu diria mais, diria que desgraça sempre vem em bando. Afinal, quando Josh me disse que estavam considerando mudar de gravadora, eu não fazia ideia do quanto as coisas poderiam piorar.
Primeiro, há dois fatos sobre mim que ninguém, não importa o quanto eu repita, ninguém acredita em mim:
1) Eu não bebo.
2) Eu sou virgem.
O primeiro, porque simplesmente parecia humanamente impossível para a sociedade em geral que algum ser humano não bebesse. É a coisa mais normal do mundo, todo mundo bebe! Ah não ser que a pessoa seja de igreja e coisa e tal, coisa que eu claramente não sou.
A questão é: eu cresci em bares e, ao invés de criar uma afeição por isso, criei uma aversão. O cheiro de cerveja é algo que embrulha meu estômago. Já cheguei a vomitar uma vez. Claro que, já pensei em ingerir bebidas não fermentadas - já que nem vinho me desce -, porém, sério, para que? Por que todo mundo faz? Por que é socialmente comum?
Ah, foda-se!
Eu não sou todo mundo, eu sou Elizabeth Moraes. Em 18 anos, nunca precisei de bebida para nada, para que beber? "Por que é normal", já me disseram. Ok, se passar a ser normal se jogar da ponte de Brooklyn eu vou ter que me jogar, também? É normal, no mundo que a gente vive, ser machista, por mais que seja errado, é normal. Então, se é normal eu tenho que abdicar dos meus direitos de querer e tentar ser independente e aceitar o machismo alheio, porque caralho, é normal!
CLARO QUE NÃO!
Ta que beber não é errado e coisa e tal, mas querer me obrigar a fazer alguma coisa que eu não quero só porque "é normal", isso sim, é muito errado.
Mas é claro, para a mídia eu sou super beberrona.
O fato número dois também é por essa infeliz ideia de "ser normal". Sexo é um tabu em muitas sociedades, independente do país. Mas ainda sim todo mundo tem ideia de que "sexo é normal, todo mundo faz" mesmo eles aprovando ou não. Acontece que, a sociedade em geral simplesmente não consegue aceitar que uma garota de 18 anos - tão bonita, resolvida da vida, com tantos pretendentes e vivendo/convivendo em meio de rapazes tão bonitos - ainda seja virgem.
Volto a repetir: Não. Sou. Obrigada.
A vida tem dessas coisas, sabe? Nós escolhemos o queremos fazer ou não. Livre arbítrio, alguém já ouviu falar? Se não, deveriam! Talvez muita gente mudasse de opinião se pesquisasse no google o que essas palavrinhas significam. Mas não! É muito mais fácil me tirar do sério com opiniões errôneas e comuns, do que pesquisar um par de palavrinhas ou, simplesmente, acreditar em mim!
Uma terceira coisa que não importa o quanto negássemos, ninguém jamais acreditava: Josh e eu nunca ficamos. E quando eu falo "nunca" eu quero dizer, nunca mesmo.
Ele e eu tínhamos um relacionamento tão bom, que ele era praticamente meu melhor amigo gay. A minha carreira dependia do talento daquele garoto e a carreira dele dependia da minha reputação. Somos a dupla perfeita! Mas Josh também conseguindo reputação, pode me deixar porque ele tem talento o suficiente para começar do zero e fazer um sucesso absurdo - até mesmo maior do que eu conquistei em tantos anos -, enquanto eu ficaria apenas chupando dedo. Mas, como nós construímos a nossa carreira juntos, estávamos mais na companhia e confiança um do outro do que de qualquer outra pessoa.
Josh foi quem teve a ideia de irmos a sala de música clássica na escola que estudávamos, para ver se encontrávamos alguém do nosso interesse para tocar com a gente. E encontramos o Johnny.

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18 [Suspenso]
Teen FictionEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...