A vida sempre te deixa um tempo no topo, saboreando por alguns instantes o que é vencer, só para que a queda seja muito maior quando ela te derrubar lá de cima.
Era uma segunda feira, eu lembro bem. Era um dia particularmente quente para o outono e a manchete que se espalhava por toda a internet era a seguinte:
"Lizzie viverá uma golpista no novo filme de Gustav Harrison"
Eu recebi a notícia no dia anterior.
O agente de Harrison ligou para Ed, que ligou para Isa que, por sua vez, correu escada a cima até o final do corredor, na sala de jogos, pausou meu Guitar Hero sem a minha permissão, e, antes que eu reclamasse soltou:
- O papel é seu, Liz! O papel é seu!
Eu enlouqueci na hora. Gritei igual uma maluca como se fosse o primeiro papel da minha vida. Saltitei e abracei Isa mal podendo acreditar que eu realmente havia sido o suficiente para o papel. Tudo bem, meu nome era o mais cogitado e seria muito estranho se eu não ganhasse. Era uma vitória certa, mas, eu tive as minhas duvidas e naquele momento elas não importavam mais. Eu havia passado!
Lembro de horas mais tarde ter cogitado a ideia de estar errada sobre o caminho de dominó que a minha vida se tornara, afinal, eu estava dentro do filme, não estava? Isso era bom, não era?
Mas por via das duvidas evitei as redes sociais o dia inteiro. Eu queria curtir a minha felicidade que no momento se resumia a uma chamada via skype com Josh, Johnny e Tom.
- Nós precisamos comemorar, definitivamente precisamos! - Josh decretou. E se Josh Hartley disse, ta dito e acabou.
Ele sempre fora mais líder do que eu, mesmo eu sendo a frontwomen*, era ele quem ditava as regras.
Me sentei no sofá da sala de jogos, pondo os cotovelos próximos ao joelho e deixando meu corpo pender para frente, de olhos erguidos para a TV com a tela dividida em três.
Tom estava com cabelos bagunçados e sem camisa, como de praxe. Era meio de tarde, mas sem sombra de duvida nenhuma ele acabara de acordar. Seus olhos sequer estavam totalmente abertos e ele já havia bocejado três vezes em uma hora de vídeo chamada.
Já Johnny estava luminoso como sempre, porém seus cabelos ruivos estavam quase sem cachos, fazendo com que tivesse pontas em várias direções diferentes, mas suas sardas delicadas no nariz e seus olhos quase cinzas pareciam cintilar. Mas Johnny sempre estava assim, sempre parecendo um anjo, doce e amável. Um anjo de porcelana que fazia com que, qualquer pessoa que o conhecesse, se sentisse completamente impotente em tentar o machucar, por não querer tirar toda a sua adorabilidade.
E Josh estava no seu pique costumeiro, ficando mais animado depois da notícia. Seu cabelo castanho estava jogado para cima e ao mesmo tempo para os lados como se não soubesse que lado gostaria de estar, e seus olhos esverdeados brilhavam de excitação me lembrando na noite no karaokê duas semanas atrás. Ao cantar "She's So Mean" ele estava com o mesmo brilho nos olhos, e mesmo nos momentos que os fechava, seu sorriso mostrava o quanto estava radiante - e, particularmente, irritante aquela noite.
Quase tive vontade de sorrir ao lembrar aquele dia. Josh no palco parecia mais alto quando na verdade era apenas 10 cm maior do que eu. Era somente seu ego fazendo-o crescer de um jeito positivo e impositivo.
- São as favoritas da Liz - ouvi meu nome, só não sei na voz de quem, porém a televisão com o rosto dos meus três melhores amigos ganhou minha atenção de novo.
- O que?
- Tom estava dizendo que hoje tem Freak Dance Party* no Brooklyn - Johnny respondeu casualmente enquanto devorava um pacote de gummy bears*.
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18 [Suspenso]
Dla nastolatkówEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...