Com as gravações do filme eu esperava deixar tudo para lá. Eu precisava deixar. Minhas intenções eram me afogar no trabalho, deixar a vida da Lizzie em modo "descanso de tela" enquanto dava vida a Megan, conhecida pelo FBI como Lady Red Lips, ou "senhorita dos lábios vermelhos" no bom português.
O problema é que não se pausa a vida real.
Mesmo assim eu resolvi tentar e seguir o conselho do Matt - e da Rebecca, da Isa, do Ed e de todo o resto - sobre não me meter em encrencas. Só era difícil deixar os últimos acontecimentos de lado sendo que a pessoa que estaria ao meu lado na maioria das minhas cenas era o Hunter.
E o Hunter me lembrava a festa pós-festival.
Festa pós-festival me lembrava Johnny.
Johnny me lembrava toda a confusão por qual eu tenho passado desde que fui para Los Angeles.
E nesse meio vinha Josh e Asher; cacos de um copo lançado na parece; por no sol no telhado do hospital; silêncio; exaustão; dor.
Mesmo assim eu fazia um esforço colossal para deixar tudo guardado e viver a minha vida como se nada estivesse acontecendo e focar em ser Megan Hollister.
Eu estava no meu camarim desde a hora que cheguei. A única pessoa que eu vi foi o diretor que fez questão de me cumprimentar e dizer o quanto estava feliz por eu estar aqui e pelo filme finalmente estar acontecendo. A figurinista fazia ajustes na minha roupa bem ali na hora, Gil sempre jogava a ponta da trança para cima do meu ombro e ficava de olho para se certificar que estava tudo certo com o aplique e Abby ficava brigando comigo para que eu parasse de passar os lábios um no outro se não ia fazer meleca com o gloss.
Isa estava lá, rindo da minha cara e com razão. Eu usava óculos e roupas totalmente démodé, porque a fase diurna da personagem era uma universitária que estava mais para Carrie, a Estranha. Tudo por causa do disfarce, para manter uma vida normal e não ser facilmente reconhecida a noite, ao seduzir e roubar caras ricos.
Até então estava tudo tranquilo, ninguém falava de qualquer um dos problemas que ocorreram e eu não visitava as redes sociais havia séculos, muito menos assistia televisão - só se fosse pra ligar a Netflix. Então era mais fácil ignorar os problemas quando eles não estão te estapeando diretamente.
Quando a figurinista terminou, logo eu saí do camarim - que era um trailer, localizado numa área de trailers próximo a locação de gravação - e fiquei tonta pela luz forte do sol e a quantidade absurda de gente ao redor daquilo tudo ali. Me
- Lizzie! Ou eu deveria dizer Megan? Huh?
- Olá, Gustav! - ele sorria tanto que eu não consegui evitar de sorrir, parecia uma criança que acabara de ganhar um presente novo.
E talvez fosse isso mesmo. Talvez cada filme que Gustav dirigia, era algo novo com qual brincar e se divertir.
- Está pronta? - assenti. - Ótimo! Então vamos! Você está excelente de qualquer forma.
Gustav me posicionou e deu ordens a todos presentes, incluindo a mim. Disse o que eu deveria fazer e como os figurantes deveriam agir. Pessoas andavam para todos os lados e eu fiquei parada em frente à porta do prédio, agarrada com alguns livros, passando a fala com uma pessoa, tirando as minhas dúvidas com ela e com Gustav, ensaiando umas quinhentas vezes tudo o que eu deveria fazer antes de realmente gravar.
Me reposicionei.
Luz. Câmera. Ação!
Lá estava eu gravando a primeira cena de um filme ainda sem nome oficial.
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18 [Suspenso]
Teen FictionEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...