18 [Suspenso]

Capítulo 10

Voltando as definições de dicionário, tabloide, entre outras coisas, significa "jornal em formato tabloide que publica notícias sensacionalistas, escândalos envolvendo personalidades". Minha definição pessoal é: obra criada pelo demônio para infernizar a minha vida.

- Eu não acredito no que estou vendo nos jornais!

- Que bom, por que é tudo mentira.

- Como é mentira? Eu estou vendo! Vai dizer que esse daqui não é um policial te abordando?

- Claro que é. Foi uma blitz, é isso que acontece em blitz. Policiais param pessoas.

- Aposto que estava fazendo coisa errada, ninguém ia te parar se não estivesse.

Desliguei.

Desliguei a porra do telefone na cara da minha mãe.

Minha psicóloga não vai gostar de saber disso, ela me pediu há tempos para não fazer isso mais. Mas fiz. Fiz porque eu já tava puta o suficiente com os últimos acontecimentos para ter a minha mãe me ligando da outra ponta do continente para me dar bronca só porque, aparentemente, você não pode ser famoso e voltar de madrugada no seu carro e ser parado casualmente numa blitz.

O policial foi até muito simpático comigo, pediu os documentos e um autógrafo para filha mais nova. Depois me mandou embora, mas os tabloides, claro, para eles isso não era suficiente. Para eles eu tive que parar por estava, aparentemente, bêbada.

Eu sequer bebo!

Mas claro, é só uma das coisas que não importa quantas vezes eu afirme ser verdade, eles não acreditam em mim.

Eles só acreditam no que quer e ainda vivem pedindo declarações. Não entendo a lógica, mas é assim que acontece.

Isa já tinha me dito que Ed havia ligado para resolver esse novo escândalo o mais rápido possível, e ainda eram oito horas da manhã. Cacete! Eu tinha chegado às três! Mas meu empresário só queria acabar o fogo, dane-se meu sono.

Ed sempre quer que eu apague o fogo, como se eu não soubesse o quanto ele ama quando eu taco gasolina.

E agora eu realmente queria fazer todos os jornais e revistas virarem cinzas.

Eu não estava irritada por causa do boato, eu estava puta porque estavam acreditando nele. Como prova disso, minha mãe me liga de outro país para tirar satisfações e ainda não acreditar em mim.

Exatamente como a mídia faz.

Porém, se eu ignorar os telefones, eu consigo evitar a minha mãe. Mas e a internet? Como cala a mídia?

Simples, não calo. Nunca calei e jamais vou calar.

Então pensem o que quiser de mim.

O telefone tocou de novo, mas dessa vez era o residencial. Não movi um músculo para atender, até que ouvi passos caminhando em direção à sala.

- Isa, é a mamãe.

- Você ta ignorando ela de novo? - assenti. - Ta, me conta. Qual foi o sermão dessa vez? - ela se pôs a minha frente, me obrigando a erguer meus olhos antes extremamente interessados nos meus pés descalços. Mas foi só isso que movi também, só os olhos.

- Ah, foi a mesma coisa de sempre. Eu era boazinha, então fiquei famosa, faço merda e to errada mesmo que seja só uma blitz de rotina!

- Fala sério, em!? Mas sua mãe deve ter uma razão para isso.

- E ela tem. A razão dela é sempre esperar o pior de mim.

- Não fala isso, ela só quer te proteger. Não quer que você saia de baixo da asa dela.