Todo mundo passa por aqueles momentos que mesmo rodeado por pessoas, você se sente sozinho. É uma solidão terrível porque se sente perdido, você olha para as pessoas sorrindo e aquilo não parece fazer o menor sentido.
É uma solidão meramente existencial. Você de repente não sabe seu lugar no mundo e começa a se questionar sobre suas decisões, sobre sua vida e sobre o que e quem você é.
Eu sou Elizabeth Moraes, tenho 18 anos e sou brasileira.
Enquanto eu andava pelas ruas de Nova York, evitando as mais movimentadas e claramente sem rumo, essas eram minhas únicas certezas.
Meu nome. Minha idade. Minha origem.
Eu caminhava, algumas pessoas me paravam e eu tirava foto com elas, mas pela primeira vez em quase cinco anos o que eu mais desejava era o anonimato por um segundo que fosse. Eu queria sofrer sozinha, não posar para fotos e sorri falsamente – eu não sabia fazer isso, não sabia fingir. O tempo todo sempre fui eu, estava sendo sincera a cada sorriso, lágrima ou nota.
E isso doía tanto.
A culpa começava a esmagar no meu peito. Eu sempre fui uma boa garota, não fui? Queria sempre fazer tudo certo, agradar as pessoas com quem eu me importava, mesmo nunca sendo suficiente. Dia pós dia, sempre errada em algum ponto.
Por que eu não ia ser feliz no futuro? Por que eu não encontraria um cara que pudesse me fazer feliz? Eu sempre me questionava após todos os "se você continuar assim..." seguidos de uma desgraça praguejada. Eu merecia aquilo? Eu mereço?
Eu me senti uma pessoa ruim por tanto tempo... eu ainda me sinto.
Levantei o capuz da jaqueta antes que uma sexta pessoa me identificasse e ajeitei os fones no meu ouvido, apertando o play no celular e deixando a voz do Hozier dominar a minha mente. Concentrei meus passos na calçada e deixei o volume tão alto que quase podia abafar os sons dos carros que trafegavam e buzinavam ao meu redor.
Eu me sentia caótica, não estava sabendo o que estava dentro de mim. Raiva, frustração, tristeza, arrependimento. Um gosto amargo se instalava na minha boca e as dúvidas se espalhavam pelo meu sistema. Eu fiz certo? Exagerei? Sou realmente aquela ingrata que sempre diziam? O que fiz de tão errado?
Céus! Eu era uma criança! Cresci me odiando e duvidando de mim mesma! Cresci desistindo da minha vida porque não era o suficiente. Nem na escola, nem em casa. Eu nunca fui bonita o suficiente, inteligente o suficiente, esperta o suficiente. Eu não sou uma cantora boa o suficiente, uma atriz boa o suficiente eu não sou uma pessoa suficiente.
Ódio e amor estavam tão juntos dentro de mim naquele momento que não havia como discordar que eram sentimentos irmãos.
Tudo que você tem é o seu fogo e o lugar que você precisa atingir
A música conversava comigo.
Nunca dome seus demônios, mas sempre os mantenha em uma coleira
Meus demônios, ah! Eu era repleta deles. Tão cheia que viviam fugindo do controle e dominando as minhas ações. Eles que regiam a minha vida naquele momento, comandavam meu sistema e permitiam que eu continuasse a andar e me questionar inutilmente.
A que conclusão eu chegaria? No final das contas eu choraria, me arranharia, respiraria fundo e seguiria como a vida como tem sido todos esses anos. Porque não importa o quanto às pessoas a minha volta me mostrassem que gostavam de mim, quando meus demônios resolviam me atacar, eles me derrubavam.
Eu vivia repetindo: "você é uma pessoa boa", talvez assim eu pudesse me convencer.
Quando eu tinha 16 anos os meus sentidos me enganaram
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18 [Suspenso]
Novela JuvenilEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...