Capítulo 34

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Pessoas podem compartilhar do mesmo gosto por roupas, comidas, festas, estilos e até opiniões, mas elas nunca são iguais. Não importa o quanto sejam semelhantes, cada um tem o seu jeito de encarar o mundo e algumas externam suas marcas, seja mostrando em ações ou em tatuagens.

Nenhuma ação é igual se parte de diferente pessoas.

Nenhuma tatuagem é igual se estão em diferentes corpos.

Nenhuma marca é igual se as pessoas são únicas e basta conhecê-las de perto para reconhecê-las de longe. 

Recém chegando em casa, me joguei no sofá para apoiar meu corpo e relaxar meus músculos tão tencionados que chegava a doer. Eu estava vivendo dias de muita tensão, aguentar Hernandez durante as gravações tem sido difícil, não consigo disfarçar o quanto seu veneno me afeta enquanto todos só lhe dão bonança. Pelo menos estar com Hunter é algo bom, suave, sem expectativas ou pressão.

É importante para mim estar nessa relação, são poucas situações nas quais eu me sinto completamente confortável e passível de cometer erros sem julgamentos posteriores. Ouso dizer que Hunter é uma das melhores coisas que me aconteceu esse ano, já que até Kiara me deu dor de cabeça - mesmo que nossa reaproximação tenha sido muito importante.

- Ei, Liz! E aí? Foi tudo bem? - Kiara veio até o sofá e se sentou em cima das pernas ao meu lado.

- Olha, não sei se tudo o que rolou teria como rolar bem, mas vai ficar. - Virei para ela e esmaguei os lábios em um sorriso contido. - Sabe Kiara, isso tudo é uma merda. Nem daqui à mil anos eu imaginaria algo desse tipo acontecendo. E se fosse comigo, sabe? E se fosse meu pai de repente aparecendo depois de anos? Provavelmente eu não perdoaria nunca, mas o Johnny... consegui convencer ele de ficar, de lidar, conversar e tentar entender. Ele é um bom garoto. Fiquei com tanto medo dele se perder, mas no final, ele continua sendo o mesmo bom garoto, piedoso e amorzinho.

Respirei fundo aliviada por ter resolvido esse capítulo, mesmo sabendo que não era o fim. Porém, fiz só uma participação especial nessa história e Johnny precisa terminar sozinho, porque isso é sobre ele, não sobre mim.

- Kiara! Achei que estivesse dormindo.

- Realmente, Kiara acordada em plena luz do dia? O que te fez acordar cedo?

- Não dormir.

- Agora faz bem mais sentido. - Respondi.

- O que foi, Isa?

- Seus pais ligaram há uma hora atrás, mais ou menos. Disseram que tentaram seu telefone o dia todo e não atendeu. Avisei para eles que estava dormindo, porque era o que eu imaginava que estava fazendo, e que diria para ligar de volta.

- Ótimo, assim ganho um tempo. - Isa e eu nos entreolhamos confusas.

- Um tempo? - ela perguntou e Kiara assentiu.

- Bem vi que me ligaram o tempo todo, minha mãe é muito insistente quando quer.

- Por que as pessoas dessa casa vivem fugindo dos familiares? - Isa fez um gesto com o braço e balançou a cabeça mostrando indignação, depois foi até a cozinha.

- Você sabe o meu porque. - Respondi e Isa não retrucou, então me virei para minha amiga ao meu lado. - Kiara, por que seus pais estão te ligando?

- Nada, eles só gostam de ficar no meu pé.

- Kiara... - ela respirou fundo.

- Eles me deram um prazo.

- Um prazo? - Isa perguntou da cozinha com sua caneca favorita nas mãos.

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