18 [Suspenso]

Capítulo 30

 A vida é um extremamente bizarra. Uma hora tudo parece lindo e maravilhoso e na mesma hora ou algumas mais tarde, tudo vira um inferno e você está queimando em chamas.

Isa me fez voltar para os set porque iam apresentar Hernandez ao grupo. Não sabia como agir, mas quando Hunter e Ethan vieram até mim e Hernandez não pareceu notar minha presença - mas eu sei que ela notou, ela me odeia - fiquei tranquila.

Era só mais um dia de trabalho.

No dia seguinte, levei Kiara ao set comigo de novo. Ela não tinha nada melhor para fazer e havia ficado encantada com o clima de gravação, foi sociável com todo mundo e quis entender o que cada coisa fazia e significava. E ah! Quase morreu quando viu Candance Maroone e William Abel, atores de grande peso no mercado cinematográfico.

Sai do meu trailer, com os cabelos postiços preso em trança para a versão diurna da Megan. Iamos fazer gravações externas, no prédio de tijolinho que seria a faculdade onde Megan e Esther estudavam e se conheceram. Sendo Esther  a personagem de Hernandez, isso quer dizer que seria minha primeira cena ao lado do anjo diabólico.

Eu sei que estou parecendo extremamente exagerada, inclusive porque ela não fez nada comigo até então. Mas Jaqueline tem uma áurea, ao menos perto de mim.

Estávamos Kiara e eu paradas no limite da locação esperando as gravações começar, quando vimos Hernandez cumprimentando pessoas bem a nossa frente e dando sorrisos.

- Ela parece ser tão... legal. Mas depois do que você me contou, não consigo me convencer com essa simpatia.

- Obviamente porque você é minha amiga e se acreditasse nela ao invés de mim, ia pegar o primeiro avião de volta para o Brasil.

- Por isso também.

- Mas eu te entendo... quer dizer, olha isso! Ela é simpática e amável com todo mundo, menos comigo.

Apesar de eu ter pintado Hernandez como a bruxa má, na verdade ela era uma pessoa realmente legal e isso era o que me deixava mais puta da vida. Ela tinha uma implicância sem sentido diretamente comigo e como eu era a com a reputação de temperamental na história, os holofotes ruins viam para cima de mim em toda sabotagem social que ela fazia.

Jaqueline já havia criado inúmeros boatos sobre mim. Que eu já a machuquei, já agredi verbalmente, que a ignorava e a tratava mal enquanto ela não fazia nada contra mim, mas juro por Odin que nada disso era verdade. No começo da carreira ela me menosprezava na frente das pessoas, algumas vezes fiquei tão chateada que cheguei a devolver e isso, lógico, se virou contra mim.

E continua se virando toda vez que nos encontramos.

Para o mundo e para as outras pessoas, ela era verdadeiramente uma garota doce e prodígio, mas comigo era uma dissimulada e uma mentirosa quase patológica, com um gosto sádico por me ver mal na midia.

Como uma pessoa pode ser assim? Tão boa e tão má ao mesmo tempo?

O ser humano é, definitivamente, complicado demais.

Hernandez começou a acenar de longe bem na minha direção. Não movi um músculo na esperança que tivesse alguém atrás de mim e que não era mim aquela movimentação animada de braço. Mesmo quando ela começou a andar, a cada passo eu esperava que ela mudasse de direção - ou que um meteoro caísse na cabeça dela.

Quando começou a ficar perto demais, me preocupei.

- O que ela ela...

- Lizzie! - Hernandez se pronunciou quando estava perto o suficiente de mim para não precisar gritar, mas ainda sim falar alto.