Capítulo 28

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Os melhores momentos estão nos pequenos detalhes.

Eu sei, isso é totalmente clichê, mas também sei que muita gente pensa que precisa de dinheiro para fazer seus melhores momentos em viagens e afins. Tudo bem, concordo, viagens são ótimas. Porém, quando você tem muito dinheiro para gastar e muitos lugares para ir, essas coisas viram banais.

O que eu quero dizer é que não importa se você está na sua casa, na sorveteria do bairro vizinho ou numa praia da Bahamas e sim em como você aproveita esses lugares.

Não adianta fazer uma volta ao mundo sem estar em paz consigo mesma, porque um pôr-do-sol pode ser bonito visto da sua cidade, Krabi Town* ou Broome* desde que você esteja totalmente disposta a sentir o que aquela vibe de entardecer tem a te oferecer, ao invés de manter a mente ocupada com problemas.

Os melhores momentos são aqueles que você sente.

Talvez um dos melhores momentos da minha vida tenha sido chorar no meio do Central Park com uma dúzia de papparazi na minha frente, uma roda de seguranças e duas fãs, uma de cada lado.

Talvez, um dos melhores momentos da minha vida tenha sido depois de chorar no meio do Central Park, quando cheguei em casa, sentei no chão do quartinho de fãs, comecei a ler todos os recados que não haviam sido lidos e chorei de verdade, até soluçar.

Era inacreditável! Tudo aquilo que eu estava lendo, todo aquele sentimento envolvido. E ali, naquele quartinho branco abarrotado de ursinhos, cartas, camisetas e etc, eu me permiti chorar tudo o que eu jamais choraria na frente das pessoas, me permiti demonstrar fragilidade – coisa que eu me recusava a todo custo demonstrar para qualquer pessoa – e a aproveitar todo aquele carinho que aquelas várias palavras em formas de tweets, comentários e textão de facebook transmitiam.

Eu sei que pareceu que eu havia chorado cachoeiras com meus fãs, mas foram apenas algumas lágrimas. As fotos estão em todas as redes de notícias, meu rosto nem ficou avermelhado porque eu me controlei ao máximo, apesar de todas as emoções fortes dentro de mim. Emoções essas que só liberei totalmente dentro de casa, de ficar com o nariz escorrendo e soluçando por falta de ar.

- Liz?

Ao ouvir a voz de Kiara e a porta se abrindo, passei as costas da mão no rosto em uma tentativa inútil de limpar as lágrimas. Depois me virei para ela, sorri e fuguei, na minha melhor expressão: eu sei que você sabe que estou chorando para caralho, mas vamos fingir que isso não está acontecendo.

Kiara olhou bem para mim e era obvio que ela percebeu que eu estava chorando, mas fingiu que não.

- Puta que pariu, quanta coisa! Que quarto é esse?

- São as coisas que eu recebo dos fãs. Bem, o que cabe aqui.

- Tem mais coisas? – assenti.

- Estão na casa do Ed, ele tinha um quarto sobrando e deixou por lá enquanto não arranjo outro espaço.

Kiara deu a volta pelo quarto tentando se localizar e localizar tudo.

- Olha, as prateleiras são os ursinhos de pelúcia como pode ver. As caixas são de cartas e estão organizadas por ano. As gavetas tem os presentes menores tipo colares...

- Você ganha colares? Desses caros? – perguntou genuinamente surpresa e eu ri.

- Não, geralmente são coisas mais artesanais. Mas claro, tem alguns fãs ricos que dão algo de maior valor. Eu já recebi uma pulseira de brilhantes, acredita?

- E o que você fez? Ela ta aqui?

- Não, eu devolvi. E agora tenho patrocínio de joias também! Vez ou outra ganho presentes de nova coleção.

18 [Suspenso]Onde histórias criam vida. Descubra agora