Capítulo 11

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Algumas músicas não servem inteiras para o nosso momento. Algumas você ignora a letra e segue a vibe da melodia. Outras você ouve a letra e pensa: "puta merda, essa música foi feita para mim". Às vezes só deixam uma frase específica na sua cabeça, muitas vezes essa frase faz parte do refrão ou é o refrão inteiro, o que importa é que ela não desgruda e você acaba incorporando só aquele trecho para o seu momento como se sua vida dependesse disso.

E para aquela reunião eu só tinha um verso que descrevia: Há uma garota má em toda boa garota.

Estava eu lá na minha gravadora que eu aprendi a odiar, depois de amá-la tanto por ter me trazido a essa vida de muita fama e glória. O problema que a essa altura do campeonato a glória já foi para puta que pariu, me deixando só essa miséria de fama.

Tal fama que eu adoro, não vou ser hipócrita.

Eu andava pelos corredores e algumas pessoas me cumprimentavam, outras estavam indiferentes a minha presença como se vissem famosos o tempo todo - o que de fato é verdade. A vantagem é que eu não sabia o nome de ninguém, sequer me lembrava deles, então sua indiferença a minha presença era completamente recíproca.

Isa estava do meu lado, nervosa. Ela não falara comigo desde a bronca e, além disso, seu rosto ainda estava meio avermelhado, um claro sinal que ela ainda está puta da vida comigo em dose extra, mas eu já disse que foi em pura defesa!

Ok, talvez eu tenha provocado um pouco, mas...

Ewan caminhava do meu outro lado e sua presença me deixava um pouco mais tranquila, porque ele me mantinha segura, não só pelo fato de ser meu segurança, mas também porque seu rosto era extremamente confortável e só de olhá-lo eu sentia que tudo ia ficar bem.

Virei à esquerda, em uma das várias salas de reuniões dentro do prédio empresarial da Knorst. Vicent já estava lá e me encarou quando entrei na sala, assim como Matt King, Ed e um carinha grisalho de terno que provavelmente era da Knorst - advogado ou executivo, não sei.

- Mas que raios aconteceu com você, Liz? Foi atropelada no caminho para cá ou você simplesmente resolveu inventar uma nova moda que é deixar o cabelo parecido com o ninho?

Arqueei a sobrancelha para Vince, que estava parado na extremidade da grande mesa de vidro postada no centro da sala, entre um notebook e um telão na parede. Em resposta só levantei o dedão fazendo joinha, e me sentei na outra extremidade da mesa, com Isa se sentando ao meu lado esquerdo.

- Quer saber? Eu gostei - Vince continuou falando do estado do meu cabelo. - Combina com seu estado de espírito.

- Obrigada, isso é encorajador. - respondi, depois me virei para Ewan, parado em pé ao meu lado direito. - Ewan, me traz um café? Mas da rua, porque eu quero um copo bem grande do expresso.

- Descafeinado - o carinha que eu não conhecia disse e eu simplesmente arqueei a sobrancelha para ele.

Quem ele pensa que é para tomar conta do meu café? Eu sequer o conheço!

- Por favor, Ewan, nada de descafeinado. Eu bebo café justamente pela cafeína.

- Você é nova, senhorita Elizabeth. A empresa não precisa de uma artista dependente de qualquer substância - eu estava tentando ser paciente e educada, mas tem gente que pede. Qual é! Estávamos falando de café!

- Vocês não precisam de alguém que não consigam controlar, isso sim. Estamos falando de café senhor... bem, não sei seu nome, mas quem vai tomar sou eu, então se eu estou dizendo que eu quero um expresso normal é porque eu vou tomar a porra de um expresso normal! Você não pode mandar em mim, ou no meu organismo.

18 [Suspenso]Onde histórias criam vida. Descubra agora