Josh voltou.
Sem nenhuma explicação ou justificativa, simplesmente voltou no dia seguinte com seu humor exclusivamente implicante como se nada tivesse acontecido. Johnny, Tom e eu nos entreolhamos confusos, havíamos tentado continuar sem ele e agora Hartley estava de volta e precisávamos dele, então demos de ombros e finalmente terminamos a música.
Ensaiamos exaustivamente, quase não vi minha família sair para ir ao aeroporto, nem mesmo consegui arrumar minha mala – tarefa que ficou para Isa com auxílio da Alexa. Pelo menos a canção estava ensaiada o melhor possível para quem teve praticamente um dia para isso, já que no sábado bem cedo já estávamos prontos para cerca de 6h de viagem de Nova York até Los Angeles.
Seis horas essas que passamos mais mortos do que vivos, foi uma semana intensa de loucura e ensaios afinal de contas. Quando pousamos, minhas malas foram enviadas para a minha casa na cidade. Queria muito ter parado lá também, quase sentia falta do jardim bem arborizado e das paredes de vidro. Dava uma sensação maravilhosa de natureza em meio ao cimento. E bom, eu vivo em Nova York, tudo o que via e ainda vejo é cinza e luzes. Um pouco de verde faria bem.
Como chegamos apenas duas horas antes do meu show, já fomos direto para a área que estava acontecendo o festival. Era uma correria louca, ainda precisava passar o som e arrumar tudo, inclusive a mim e ao palco. Duas horas são pouquíssimo tempo e Ed começou a reclamar com Isa dizendo que deveríamos ter saído na sexta à noite, mas Isa sabia do problema com a música enquanto Ed só o essencial – que precisávamos treinar bastante a música nova.
Enquanto meus instrumentos eram montados no palco, Miranda fazia exercícios de voz comigo. Minha preparadora vocal é uma mulher rígida e extremamente profissional, descendente de chineses e curiosamente criada na Chinatown de Nova York até ir para a faculdade de Música, influenciada pelo seu talento com piano. Miranda pretendia ser uma pianista de sucesso e com certeza tem toda a bagagem para isso, chegou até a tocar em alguns eventos e salões importantes, mas a vida nem sempre nos leva para o caminho que queremos. E de pianista famosa, Miranda se tornou preparadora vocal de uma artista teen – no caso, eu.
Vozes vinham de todos os lados do camarim que parecia um cubículo. Eu olhava a salada de frutas na mesa e queria muito comer, mas ainda estava fazendo os sons estranhos ordenados por Miranda, enquanto Isa e Alexa olhava o cabideiro com figurinos, escolhendo o melhor para ocasião, e Abby e Gil discutiam sobre cabelo, maquiagem e unhas entre eles e a equipe deles.
E no meio daquele caos, me chamaram para a passagem de som. Lá fui eu ainda sem comer. Várias pessoas gritaram quando entrei no palco, elas esperavam por mim. Dei um tchauzinho e um sorriso para a plateia que não havia se dispersado no intervalo, cantei uns trechos, conversei com os garotos e o resto da banda até tudo parecer tranquilo. Voltei e tive menos de 20 minutos para comer a famigerada salada de frutas, alguns frios e água, sempre em pouca quantidade para não haver nenhum problema durante o show.
Alexa me enfiou num macaquinho preto, curto, sem mangas e de renda na parte de cima que passava entre os seios e ia até o cinto dourado com spikes que marcava a cintura. As botas foram colocadas enquanto Abby aplicava um tom mais sutil de vermelho nos meus lábios e Gil terminava de prender as mechas do meu cabelo para trás. O delineador contornava meus olhos sutilmente e minha pele parecia perfeita. Meus cachos caiam em voltas e mais voltas, mas não foi possível vê-los na foto que Alexa tirou de mim, sentada, com um dos olhos fechados e fazendo bico de beijo para a câmera e "paz e amor" com os dedos.
E como sempre, a organização do evento veio me chamar; me arrastaram para fora do camarim; corremos pelos corredores até a escada que dava acesso ao palco; subi as escadas respirando fundo, com Miranda atrás de mim me dizendo para eu não esquecer de "respirar com o diafragma" como ela sempre dizia durante esses cinco anos; contei até cinco e assim que a nota certa veio, entrei no palco sendo recebida com gritos e aplausos.
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18 [Suspenso]
Fiksi RemajaEstar no foco da atenção da mídia, revistas, jornais e sites de fofocas pelo seu grande sucesso no auge de seus 18 anos parece melhor do que qualquer conto de fadas da Disney. Afinal, o show business é, de fato, um mundo tentador, mas também é cruel...