Capítulo 119 - Motel

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- O que vamos fazer agora? - Os olhos ligeiros de Harry procuraram os meus.

- Não sei.

Dei de ombros, tomando um último gole de meu café e colocando a caneca dentro da pia, movimento que Harry repetiu, antes de me abraçar pelas costas, me embalando conforme ele me apertava.

- Se me permite...

- Harry, eu tenho namorado e você sabe disso! - Eu ri, fazendo piada.

- Só se isso entre a gente fosse um incesto, né garota? - Ele riu junto - Achei que a gente já tivesse deixado isso claro, nenhum de nós vai baixar a guarda com Ed no jogo, acho que nós dois amamos ele demais pra isso.

- Pode continuar abraçando, então - Distraída, espirrei um pouco de água de minhas mãos no rosto dele enquanto lavava as canecas sujas.

- Ah ow! - Senti seu nariz em minhas costas, como um cachorrinho secando o rosto - Como disse, se me permite...

- Eu não frequento motéis, Harry, desculpa.

- Thamara! - Harry bateu o pé e nós gargalhamos juntos - Que coisa!

- Fala, eu parei, juro!

- Quero te levar conhecer a cidade - Ele falou da forma mais rápida que pôde, na tentativa de eu não o interromper.

- Contanto que a gente volte até as... Sei lá, sete, oito horas? - Hesitei se deveria explicar o motivo.

- O que tem nesse horário? - Harry se afastou, se encostando na bancada ao lado da pia para me observar melhor.

- Só queria te levar pra jantar - Tomei o cuidado de não olhar para os lados conforme explicava, me dedicando apenas à louça na pia.

- Onde exatamente? - Percebi que ele tentava extrair mais informações como se tivesse desconfiado.

- Não em um motel! - Sorri, abstraindo a situação - Vamos, confia em mim, você vai gostar!

- Eu poderia dar uma de Ed...

- Ah não poderia não - Mostrei a língua, sem perder a piada.

- Thamara! - Harry me censurou, sorrindo.

- Parei, juro mesmo! Não sei o que tá acontecendo comigo hoje!

- Bebeu chá de Tomlinson, só pode! - Ele parou por um tempo, tentando formar a palavra correta - Twilinson... Twinings e Tomlinson!

- Ou Jenny... Jetleys... - Tentei fazer a mesma piada com o nome mais a marca do chá britânico, mas falhei.

- Você não sabe brincar!

Harry me encarou com um ar de sabido que muitas vezes eu via em Louis. Eu fiz apenas mostrar o dedo do meio.

- Tá bom, vai - Ele continuou - Confio em você nesse jantar... Algo me diz que eu não deveria, mas eu confio.

- Que ousadia, não confiar em mim!

- É só um feeling, cara!

- Olha que a Jenny já ficou um dia todo sem falar comigo por muito menos!

- Deixa a Jenny com o Louis que ele sabe cuidar direito dela!

- Ou não, né? Depois da última...

- Por falar nisso...

- Sim! - Entendi instantaneamente sobre o que Harry estava falando.

- O treco! - Dissemos quase que juntos.

Corri para meu quarto procurar onde havia deixado a tal embalagem que Louis havia deixado sob meus cuidados. Por sorte, havia tirado do bolso e colocado sob a grande cômoda que antes pertencia a Harry. Estava lá, quase imperceptível em meio aos meus produtos, um tubinho, um plástico curto e cilíndrico preto que mais parecia uma daquelas antigas embalagens de filme para máquina fotográfica. Voltei para a cozinha apertando o potinho na mão.

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