Cap. 5 - Ruivos

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– Então, me explica essa história? Como vocês se conheceram? – Harry abriu uma das geladeiras e tirou várias longnecks. Eu já havia reparado que suas mãos eram grandes, mas pessoalmente pareciam ainda maiores, carregando todas aquelas garrafas pelo pescoço.

– Basicamente, eu estava na Starbucks contando pra uma amiga como Londres é bonita e de repente esse cidadão entrou.

– Ele queria um scone? – Harry me entregou uma das garrafas e se virou para Niall – Você ainda tava atrás daquele scone? Niall, você tem que se tratar, sabia? Isso tá virando vício e...

– Mas ele é tão bom! E só tinha um, a Tami pediu antes e... e...

– E você tentou comer sem que eu percebesse. Na verdade, você comeu metade.

– Sim... – Niall ergueu as mãos como quem se dá por vencido – E foi assim que a gente começou a conversar.

– Ou discutir. Uma boa maneira de começar uma amizade – Pisquei para o loirinho e levantei minha garrafa para brindar, bebendo um gole em seguida.

– Mas daí pra descobrir que você, Tami? Posso te chamar assim também, né? Até o Niall descobrir que você cozinhava bem... O que rolou?

– Ahmmm... Nada demais.

– Sério, cara. Ela não deu em cima de mim. Será que é essa cor de cabelo? Tá na hora de ficar moreno, será? Ou será que meu charme realmente vinha dos meus dentes antes de colocar aparelho? Ai meu Deus...

Niall fingia estar preocupado e Louis logo entrou na brincadeira com o amigo, fazendo cara de pânico e levando as mãos ao rosto.

– Realmente! Não fala uma coisa dessas não, ela nem perguntou se eu ainda tava com a Eleanor, não elogiou minha bunda... Será que eu tô com rugas? Ai senhor!

Eu não aguentei. Quase me afoguei com a cerveja gelada, fazendo com que todos no ambiente começassem a rir, inclusive Sheeran, o mais calado até então.

– Não tem nada errado com vocês, sério. Mas é que eu... Prefiro... Ruivos. – Respondi como quem não quer nada, despretensiosamente olhando para minha garrafa.

Rá! Foi a vez de Ed se afogar. Cinquenta tons de vermelho, combinando perfeitamente com a cor de seu cabelo.

– Oh wait! Olha isso, minha gente! – Louis deu um grito e logo começou a cantar – Tami e Ed sentados embaixo da árvore se beijando... Lalala ♪

– Menos, Lou. Menos! – Eu não sabia se ria, se enfiava minha cabeça num buraco ou se olhava para Ed. Decidi respirar fundo, tomar coragem e ir pela última opção.

– Ed, desculpa. Eu faço piadas idiotas quando tô nervosa... Não que eu esteja nervosa... É que... Isso tudo é muito novo pra mim, gente. Londres, vocês, parece um sonho. Sou fã de todos, inclusive de você – apontei para ele – e... AHHHHHH viram? Eu disparo falar sem parar quando tô num nível de nervosismo que até eu me estresso comigo mesma e...

– A gente entendeu, Tami – Liam, como sempre, veio para perto de mim e me abraçou por trás, me balançando de um lado para o outro – Agora chega antes que a gente troque teu posto de fã-legal-barra-amiga pra caramba-que-menina-louca-vamos-botar-ela-pra-fora – Ele riu, mas logo ficou sério – Não que a gente tenha feito isso com alguém.

– Tudo bem! – Ed sorriu timidamente – É que é realmente difícil encontrar meninas que não se assustem comigo. Não sei se isso é bom ou ruim, provavelmente ruim. Mas parece que a fama deixa as pessoas a sua volta meio afetadas. Não dá pra conversar direito, muita gente fica com medo ou receio de fazer alguma coisa errada.

– Isso é porque você tem fãs fofinhas – Louis cutucou a barriga de Ed, que riu e recuou – Não tem ninguém ameaçando sua noiv...é, namorada. Não é, Zayn?

– Nem me fale. – Zayn suspirou, abrindo sua segunda garrafa.

O céu lá fora passava rapidamente de um cinza para um azul escuro profundo enquanto conversávamos sobre a vida de cada um, inclusive a minha.

Após minha piada sem graça, Ed pareceu mais solto comigo, conversando da mesma maneira que conversava com os garotos. Mas havia algo oculto nele. Era mais reservado que os demais. Me fazia lembrar da minha personalidade quando estava no Brasil.

Depois de algumas horas na cozinha e muitas carinhas surpresas por minha desenvoltura, a comida ficou pronta. Tacos caseiros de trigo e milho feitos na frigideira, fajitas de carne e peixe, molho apimentado feito na hora, além de Tabasco, para quem gostasse de um “kick” a mais. Saladinhas e vários acompanhamentos para a noite mexicana.

As bebidas permaneciam intactas desde que havíamos chegado. Os garotos já haviam colocado algumas tequilas no freezer e só enquanto colocávamos à mesa, Zayn se lembrou das garrafas. Havíamos bebido tanta cerveja que esquecemos do tesouro comprado mais cedo naquele dia.

– TEQUILA, TEQUILA! – Encontrei com um Zayn sorridente voltando à cozinha enquanto eu buscava a última travessa. Os outros garotos estavam conversando distraidamente lá fora.

– Caraca, é mesmo! Mas eles já beberam tanta cerveja que... Ah, esquece. Ninguém nega fogo pra tequila. – Eu ri enquanto ele me ajudava com a travessa quente.

Harry decidiu que iríamos jantar na mesa do deck próximo da piscina e do jardim. Estávamos quase no inverno, mas uma pequena área coberta nos protegia do frio e das intempéries.

Após colocar a travessa e os últimos talheres, vi Zayn fazer sinal para que eu o acompanhasse mais uma vez até a cozinha.

– Harry tem essa fixação por culinária mexicana. Você já deve ter percebido...

– Sim! Ele parece bem empolgado! – Ouvi tantas perguntas sobre tudo que estava cozinhando que era impossível não notar o interesse do garoto. Parecia eu, quando aprendi a fazer comida japonesa com uma amiga de minha mãe.

– Então... Deixa eu ver em qual gaveta ele guardou... Ou tá no armário, pera. Ah! Lá em cima! – Zayn abria e fechava as portas dos armários, uma após a outra – Aqui! – Ele tirou uma tira de couro longa de uma das gavetas, seguida por vários copinhos de um armário mais alto.

– Say what? Não acredito! – Eu comecei a rir. Não era possível – Jamais imaginei encontrar um kit de tequileiro numa casa londrina.

– Então nem queira saber o que ele guarda nas gavetas do quarto! – Zayn riu também e me entregou a faixa, encaixando os copinhos em cada espaço disponível. – Quer fazer as honras?

– Claro! Mas... Vocês usam copos? Awkward.

– Ué! Como você serve, então? – Zayn parecia confuso.

– Tsc, tsc. Vem comigo! – Abri o freezer e peguei uma das garrafas – Vem que eu te mostro.

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