– Edward! – Fiquei chocada com todo o teatrinho – Você tava me enganando? Seu idiota! – Comecei a dar soquinhos leves em seus ombros, como se tentasse me livrar dele.
– Que foi? – Ele ria, deitado sob mim, o rosto tão próximo do meu que uma mecha de seu cabelo ruivo fazia cócegas em meu rosto.
– Você tava dormindo até agora pouco, garoto? O que aconteceu? – Eu tentava parecer séria, mas era impossível não rir da situação.
– Você aconteceu. – A voz dele ficou um pouco mais séria e rouca. Sim, ele estava mesmo com sono a julgar pelo tom, mas havia algo escondido ali, ou quem sabe não tão escondido. Um sentimento, uma vontade?
– Seu bobo – Deslizei meus dedos pelas costas dele ainda cobertas pela camisa – Você viaja cedo amanhã e precisa dormir. Por mais que eu queira ficar aqui acordada a noite toda com você...
– Ah você quer? – Ele com toda a certeza do mundo parecia um adolescente, os olhos azuis que naquele momento pareciam feitos de fogo, pois eu jurava poder ver faíscas saindo deles – Ficar acordada... Comigo, a noite toda?
– Mas é claro! – Eu sabia onde ele queria chegar, ah como sabia... Mas ainda não era momento. Não que eu nunca tivesse passado por isso antes, pelo contrário. Mesmo sabendo que Ed era um gentleman em todos os sentidos, ainda haviam memórias a serem esquecidas. Eu estava pronta para ele, mas não estava pronta para esquecer tudo que me havia acontecido. Senti meu corpo tremer com as lembranças e tentei buscar uma saída rapidamente antes que ele notasse a tensão em mim. – Claro! Ficar acordada jogando dominó. Certeza que Zayn tem um kit por aí, vê nessas gavetas, ai, pera... deixa eu procurar – Estiquei o braço pra fora da cama, tentando alcançar uma das gavetas do criado-mudo ao meu lado.
– Thamara... – Ed ficou confuso por alguns segundos, mas logo começou a rir – Cê é louca, garota? Vai acordar todo mundo. Shh! – Ele colou seus lábios nos meus, ainda risonho.
– Garanto que a gente ia fazer muito mais barulho se...
Ambos gargalhamos, logo tentando abafar o som de nosso riso em um beijo caloroso.
– Tá certo. – Ed rolou para o lado vazio da cama, olhando para o teto. – Acho que é melhor assim. Se eu provar de você agora e viajar logo amanhã... Eu vou pirar, longe.
– E eu? – Procurei a mão dele, entrelaçando nossos dedos, também olhando para o teto. Algumas coisas eram mais fáceis de serem faladas sem contato visual – Não quero que você pense que eu tô com medo ou que não confio em você...
– Eu não penso isso. – Ed se apressou em responder.
– Ed? – Suspirei e percebi ele assentir com a cabeça, me incentivando a continuar – Eu quero você, quero muito, mas não quero ser injusta com nenhum de nós dois.
– Sabe o que isso tá parecendo? Toda essa situação? – Pelo tom de voz, ele estava sorrindo – Parece que eu sou a garota ansiosa pela primeira vez e você o namorado cuidadoso que fica preocupado em não magoar a menina.
– É mais ou menos por aí, tirando a parte da primeira vez – Não pude evitar senão rir também.
– A gente devia descansar. – Ed se virou tempo suficiente apenas para pegar o controle remoto do ar condicionado sob o criado mudo do seu lado – Se importa se eu esquentar um pouco?
Eu não gostava de calor. Nunca gostei, ainda mais para dormir. Acho abominável. Mas estava tão frio naquela noite que aceitei o reajuste. Assenti com a cabeça enquanto ele mexia no controle, deixando o quarto na faixa dos 18° (absurdamente quente para o frio que estava fazendo em Londres). Antes que eu pudesse perceber, ele havia se colocado de pé e estava tirando a camisa e também a camiseta preta que usava por baixo.
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Evergreen
Fanfiction"Era uma vez uma cidade cheia de cor, um ano cheio de promessas e uma garota com uma mochila cheia de sonhos. A cidade? Londres. O ano? 2014. E a garota? Sou eu. Para mim, uma garota brasileira, viver no Reino Unido é como morar em um lugar onde as...