Chegamos no restaurante em cima da hora. Liam desceu do carro para se despedir, me dando um beijo na testa e tirando meu celular de meu bolso para rapidamente trocar o chip.
– Não é que eu não confie em você. É que esse chip tem todos os contatos que você pode precisar. Meu nome é o primeiro da lista. Agora vai se divertir! Não esquece da nossa conversa – Ele falou tudo muito rápido e baixo para que Ed, já na porta conversando com a hostess, não ouvisse. Eu agradeci e o abracei. Liam realmente estava sendo um grande amigo. Era difícil não ver nele um irmãozão. E era bom que eu visse assim mesmo, pois com aquele corpo, aiaiai...
Entramos no restaurante, que parecia muito mais japonês do que eu esperava. Sim, eu estava acostumada com esse tipo de culinária no Brasil, mas nunca havia ido em um desses lugares onde se senta no chão sob almofadinhas enfeitadas. Achei estranho e aparentemente Ed também, pois fez uma careta ao se sentar.
O garçom, muito simpático, nos sugeriu o combinado que Zayn e Perrie sempre comiam. Nós aceitamos e aproveitamos para pedir nossas bebidas. Só um pouco de saquê para cada um, além de Coca-cola. Não era dia para encher a cara. Assim que ele nos deixou a sós, Ed me olhou por alguns segundos antes de tomar coragem para falar.
– Então... – Ele parecia segurar o riso.
– Isso é estranho – Não pude evitar de comentar.
– Ainda bem, achei que só eu tava achando isso... Diferente? – Ele pareceu escolher bem as palavras.
– Acho que agora é a hora em que começamos a falar sobre nossas vidas? – Eu ri, nervosa, arrastando o potinho vazio para o shoyu de um lado para o outro da mesa.
– Acho que é um bom começo – Ele repetiu o mesmo que havia feito no carro, segurando minha mão assim que tentei arrastar o potinho novamente. Virou minha palma para cima e delicadamente repousou a sua na minha – Eu quero saber tudo sobre você.
Eu emudeci, perdida naqueles olhos azuis e naquele toque quente que combinava perfeitamente com seu cabelo ruivo bagunçado.
– Eu... – Reage, Thamara! Fala alguma coisa! – Eu...
– Tá, isso é muito estranho. – Ed riu, balançando a cabeça, a mão ainda junto da minha – Posso te contar um segredo? – Ele aproximou o rosto do meu, quase que se debruçando sob a mesa. Senti meu coração falhar uma batida.
– Pode? – Eu realmente não sabia o que esperar, apenas sorri, nervosa.
– Eu nem gosto de comida japonesa.
– Ufa! – Na minha cabeça já havia espaço para tanta coisa ruim que saber que o problema era com a comida foi um alivio. – Quer saber? Não gosto de primeiros encontros em lugares chiques assim. Me sinto... Estranha.
– Tá vendo! – Ed riu mais ainda – O que a gente vai fazer?
– Hm... – Pensei por alguns segundos enquanto levantava a mão dele na frente da minha, fazendo carinho nela com a ponta de meus dedos, quase como se tentasse medir qual era a maior, obviamente, a dele – Já que estamos falando de segredos... A gente poderia guardar um dos meninos. E ir lá pra casa. Assistir filme e... comer fajitas?
Os olhos de Ed se iluminaram. Eu torci para não parecer abusada com aquele convite, pois realmente, não haviam segundas intenções ali. Com ele, eu queria que as coisas acontecessem devagar, diferente de Harry. Os dois mexiam comigo, mas cada um a seu modo, como fogo e gelo.
– Fajitas, filmes, sofá? – Ele parecia tentar assimilar tudo que eu havia dito, quase como se não acreditasse. Levantou a mão que eu não estava segurando para chamar o garçom e se desculpar por cancelar nosso pedido e reserva.
– Talvez aquelas cervejas que você deixou lá mais cedo? – Sugeri, ainda que estivesse muito frio para beber qualquer coisa gelada daquela forma.
– E onesies? – Ed apertou a mão firmemente na minha.
– Aqueles macacões? – Eu estava empolgada por vestir macacões? Eu estava empolgada. Longe de ser a coisa mais sexy para um primeiro encontro, sempre gostei de roupas confortáveis.
– Sim! Harry tem uma coleção deles, todos novinhos, aqueles modelos que One Direction lançou ano passado. Ele ficou louco e comprou vários!
Foi minha vez de balançar a cabeça, quase sem acreditar naquele momento. Só eu e Ed, em toda a face da terra, dispensaríamos um encontro cinco estrelas daquele para comer junk food com cerveja em roupas de bebê.
– Vamos então? – Ed se levantou e gentilmente me puxou, a mão ainda bem junto da minha, para que eu levantasse também.
No impulso, levei meu corpo para bem junto do dele, nossos lábios quase se tocando. Resisti à vontade de beijá-lo ali mesmo e tive o cuidado de me afastar o suficiente para não cair na tentação outra vez. Permanecemos de mãos dadas, era verdade, mas com uma distância segura entre ambos.
Na porta, fez sinal para um dos táxis que estava passando pela rua naquele momento. O carrinho preto típico logo parou e pudemos entrar.
Ed passou o endereço do Flat e perguntou se eu estava com as chaves. Por sorte, havia lembrado de coloca-las no bolso da jaqueta assim que saí da casa de Harry. Lembrei do chip que Liam havia emprestado e tirei o celular do bolso para desliga-lo. Não queria interrupções naquela noite.
Passamos em um drive-thru de comida mexicana, onde compramos fajitas e outras gordices, mas chegamos relativamente rápido em casa. Aparentemente, o restaurante japonês ficava mais perto de meu novo apê do que de onde estávamos antes, com os garotos.
Subimos no elevador em silêncio, apenas trocando olhares. Era como se conversássemos assim. Estranho, mas eficiente. Com Harry, havia tensão, mas com Ed, havia paz, uma tranquilidade que eu jamais havia sentido antes. Sim, eu sentia meu coração acelerado quando estava com ele, mas era quase como se algo me envolvesse e me afastasse de todos os pensamentos ruins, de todas as memórias que havia deixado no Brasil. Até mesmo àquela promessa que havia feito entre tantas. De apenas curtir e não amar. De não me deixar envolver. Porque em aparentemente dois dias, eu já estava apaixonada e a cada segundo tornava mais difícil negar, até mesmo para mim mesma.
Entramos no apartamento e Ed foi logo para o quarto menor, revirar o guarda-roupa. Enquanto isso, aproveitei para ligar o sistema de aquecimento. Tirei minha jaqueta e a deixei sob minha cama, já que logo a temperatura subiria, e novamente, não me entendam mal, eu realmente estou falando do aquecedor.
Do quarto fui para a cozinha ligar o forno para aquecer nossa comida, mas antes aproveitei para conferir o que havia na geladeira e nos armários: água e doces, muitos doces. Harry era uma verdadeira formiga. Separei dois pacotes de Maltesers, pois não estava com fome depois daquele almoço colossal e tantos cupcakes. Poderíamos deixar a comida mexicana para o outro dia, assim que guardei as caixas na geladeira.
Quando estava pensando em escolher o filme, ouvi Ed me chamando do quarto. Assim que cheguei, vi ele com dois macacões idênticos, cinza com muitas mãos coloridas estampadas.
– Falei! – Ele sorriu – Harry endoidou com tudo isso, tá até com a etiqueta! – Ele me entregou um – P pra você, G pra mim.
Assim que estendi o braço para pegar o macacão, vi que os olhos de Ed recaíram sob meu antebraço direito. Ele ainda não havia me visto sem jaqueta ou moletom, então as tatuagens que haviam ali eram novidade. Senti ele observar a âncora e a bússola que cobriam a parte interna do pulso quase até o cotovelo, junto de meu poema favorito de E.E. Cummings, até que ele fixou seu olhar um pouco mais acima da última palavra, onde havia a patinha que eu havia tatuado em sua homenagem. Igual a dele, no mesmo lugar, apenas no braço oposto. Seu sorriso que já era grande, se iluminou mais ainda.
– Oh! – Ele parecia não saber o que falar, todo bobo.
– Sheerio? – Foi minha vez de rir – Sim. Sou directioner, mas boa parte do meu amor por música devo à você – Sorri em resposta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Evergreen
Fanfiction"Era uma vez uma cidade cheia de cor, um ano cheio de promessas e uma garota com uma mochila cheia de sonhos. A cidade? Londres. O ano? 2014. E a garota? Sou eu. Para mim, uma garota brasileira, viver no Reino Unido é como morar em um lugar onde as...