Cap. 1 - Scones

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Ah, Londres!

Era difícil de acreditar que eu enfim havia chegado naquela cidade tão mágica e cheia de mistérios. O céu estava cinza claro e as nuvens sobre mim anunciavam que poderia chover a qualquer momento. Eu não me importava. O friozinho típico brindava minha chegada e eu estava mais grata do que nunca. Enfim me sentia em casa.

Após deixar minhas malas em meu quarto – o aluguel não era dos mais baratos, mas ainda assim compensava. Nunca gostei de hotéis – chequei o endereço de minha nova morada no iPhone que havia ganhado de minha mãe como presente de viagem. Perdida que sou, era melhor garantir que tudo estava certo. Com o GPS ativado e algumas horas do dia para aproveitar, saí em busca de aventura. Bem, na verdade, só queria um scone quentinho e um pouco de café.

Rodei por algumas ruas observando cada rosto, cada detalhe. As pessoas não pareciam tão sisudas quanto eu havia imaginado, mas também não se derretiam em sorrisos. Ocasionalmente um ou outro pedestre acenava para mim. Talvez fosse o fato de eu estar com um lenço estampado com a bandeira do Brasil amarrada na mochila. Não sou muito patriota, mas é bom lembrar as nossas origens.

Encontrei uma Starbucks quase escondida em meio a outras lojas. Digo quase, pois a fachada toda pintada de verde não a deixava passar despercebida. Não pensei duas vezes e entrei. As cadeiras pareciam relativamente confortáveis e eles dispunham de wi-fi grátis. Em outras palavras, era o lugar perfeito para manter minha família e amigos informados do que eu estava fazendo.

Pedi um café e me conectei ao Skype. Embora eu estivesse com fome, senti a necessidade de provar o tal café Starbucks sozinho, para descobrir porque as pessoas são tão apaixonadas por esse copinho branco.

Encontrei Jennifer online. Com certeza ela estava esperando notícias. Iria embarcar dali duas semanas para me encontrar e por isso estava tão ansiosa quanto eu.

Good evening miss! – Digitei.

AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHH WEBCAM, WEBCAM! – Foi a resposta.

Calm ur tits ok. Tô na Starbucks, vou ligar! – Envergonhada, abri a webcam.

Sim, envergonhada. Nunca entendi esse meu problema. Não tenho vergonha de câmeras ou pessoas reais. Meu problema é com webcam mesmo. Me sinto muito retardada falando para o notebook, mesmo sabendo que outra pessoa está me vendo do outro lado. Enfim.

– AI MEU DEUS QUE LUGAR LIIIIIIIIIIIIIIIIINDO! – Era apenas uma cafeteria padronizada como qualquer outra ao redor do mundo, mas ainda assim, Jennifer estava maravilhada. Ou isso, ou estava falando das fotos que eu havia enviado quando cheguei no aeroporto.

– Né? Eu me segurei pra não visitar a London Eye, juro! Dizem que ela fica mais bonita à noite, mas quero te esperar! Vamos juntas pra se possível, derrubar Niall e aquele outro lá de cima. Promessa!

– Cara, olha o tamanho de Londres, Thamara! Mesmo que eles estejam por aí, sabe quais as chances da gente cruzar com eles na rua? Isso se as fãs deixarem.

– Siim, mas me deixa sonhar poxa. Vivo de sonhos, fazer o quê! Por falar em sonhos... Cara eles tem um scone aqui no cardápio, framboesas no meio, blueberries também... hmmm... todo mundo recomenda. Acho que vou comer.

– Não vai me esperar pra experimentar? Nossa, deixa você.

– Claaaro, vou fazer greve de fome por duas semanas pra esperar minha amiga linda. Ah tá. London Eye, ok. Scone, no way. Vou lá pedir, não desliga! – Fiz sinal para ela ficar quieta e deixei minha cadeira para poder pedir meu lanche.

O balcão de vidro deixava à mostra inúmeros docinhos, cupcakes, bolos e salgados, todos muito bem enfileirados e divididos por tipo, sabores e preço. Vi um único scone no canto direito do expositor térmico. Era meu. Fiz sinal para um dos atendentes e mais com gestos do que palavras, consegui explicar meu pedido. O rapaz sorriu e disse algo como "vou providenciar".

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