Cap. 36 - Let Her Go

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As pizzas chegaram rápido, de forma que jantamos um pouco antes das oito da noite. As garotas pareciam realmente sonolentas da viagem. Glasgow ficava relativamente perto de Londres, mas a agenda corrida cobrava muita energia. Jade, Jesy e Leigh-Anne pediram desculpas e disseram que iriam para as suas casas mais cedo, pois tinham muito que arrumar antes de finalmente poder descansar. Perrie, como imaginei, disse que ia ficar por ali mesmo. Os garotos no entanto, não demonstraram nenhuma vontade de ir embora. Horan continuou beliscando o que sobrou das pizzas enquanto jogava mais uma partida de sinuca com Harry, Louis e Liam. Zayn, num dos sofás, paparicava a noiva. Sheeran... Sheeran estava mais uma vez perdido em pensamentos, naqueles silêncios estranhos que muito haviam me incomodado alguns dias atrás. Parecia haver preocupação em seus olhos. Dessa vez, não aguentei e resolvi perguntar o que estava o incomodando.

– Babe, você tá bem? – Me ajoelhei em frente à ele, que estava sentado num dos sofás vazios, o olhar perdido; as mãos cobertas pelas mangas do moletom.

– Eu... Preciso falar com você. – Ed disse com a voz um tanto embargada, fixando seu olhar no meu assim que ouviu minha voz.

– Eu tô aqui. – Dei um sorriso amarelo, preocupada. Puxei uma das mãos deles e a aninhei entre as minhas.

– Não aqui. Vamos dar uma volta lá embaixo? – Ele sorriu, mas não parecia nem um pouco convincente.

AI MEU DEUS, THAMARA, QUE PORRA VOCÊ FEZ? Foi a única coisa que consegui pensar. No entanto, respirei fundo e me levantei, soltando minha mão da dele.

– Vamos? – Respondi em tom de quem pergunta enquanto ele também se levantava.

Ed provavelmente percebeu a tensão em minha voz, pois sorriu novamente, dessa vez de forma mais aberta, tranquila, talvez. Talvez.

– Shh. Não fica preocupada. Não é nada demais – Ele prontamente puxou minha mão e entrelaçou seus dedos nos meus novamente. Fez sinal para Harry avisando que iríamos descer um pouco e no caminho para as escadas, parou no bar para pegar uma garrafa de Jack Daniels que já estava pela metade, além do violão de Niall encostado ao lado da porta.

Descemos em silêncio, mãos dadas, ouvindo apenas a respiração um do outro e o conteúdo da garrafa se agitando conforme andávamos. Na bancada da cozinha, ele pegou as chaves do portão. Eu achei estranho, pois pensei que nosso passeio fosse se resumir aos jardins de Zayn.

– Queria fugir daquela muvuca. – Ele me puxou para bem perto assim que chegamos ao portão, no ponto onde havíamos nos beijado pela primeira vez naquele mesmo dia.

– Fiquei preocupada! – Fiz bico, como se estivesse me sentindo ofendida com todo aquele teatro para descer.

– Não fique – Ed beijou meus lábios suavemente, a barba de poucos dias roçando em meu rosto. Ele abriu o portão e me deu passagem, o trancando assim que passamos e guardando a chave no bolso.

– Posso saber onde você vai me levar? –  Perguntei enquanto ele me conduzia por um caminho estreito fechado por muros altos logo à esquerda onde terminava o muro de Zayn, quase como uma passagem secreta para a outra quadra. Eu jurava que aquela rua não tinha saída.

– Você vai ver – Estava escuro, mas eu podia perceber que ele estava se divertindo apenas pelo tom de riso em sua voz.

Quando estávamos quase chegando do outro lado da passagem, ele parou, me encostando em uma das paredes, a garrafa tilintando quando a colocou no chão, assim como o violão. Ed levou ambas as mãos às laterais de meu rosto, colocando meu cabelo atrás das orelhas. Mesmo no breu em que estávamos, era possível ver o brilho de seus olhos muito azuis.

– Desculpa – Ele murmurou, me deixando novamente confusa.

– Pelo quê? – Respondi quase em um sussurro, balançando a cabeça sem entender.

– Tudo isso é novo pra mim. Eu não queria te deixar tão cedo.

AI PORRA, ELE VAI TERMINAR COMIGO SEM A GENTE NEM TER COMEÇADO NADA? Senti lágrimas querendo brotar pelos meus olhos, mas respirei fundo, evitando-as ao máximo.

– Ed... – Parecia haver um nó gigante em minha garganta.

– Shh! – Ao invés de levar um dedo até minha boca, ele me silenciou com seus lábios, encostando nos meus e permanecendo assim por segundos que pareceram uma eternidade. A sensação era boa, mas a espera por uma resposta parecia tornar tudo aquilo num prazer muito doloroso.

Foi a minha vez de levar minhas mãos até o rosto dele, acariciando levemente de sua têmpora até seu queixo, demorando por sua barba macia.

– Eu não quero te deixar ir – ele confessou num sussurro, olhos fechados.

– Então não deixa. – Minha voz saiu num tom mais alto do que eu esperava, quase numa voz de choro, choro que eu custava em guardar.

– Não é fácil assim. – Ed mordeu o lábio e suspirou profundamente.

– Só é difícil se a gente quiser que seja. – Respondi com urgência, levando uma das mãos para a nuca dele.

– Eu não quero ser um peso pra você – Ele sussurrou, quase como se houvesse vergonha e medo em sua voz.

– O quê? – Apesar de nervosa, não pude evitar de rir com o que havia acabado de ouvir. Então era essa a preocupação dele? – Edward!

– Não, me escuta; eu te disse, não é fácil como parece... – Ele tentou explicar, mas eu não deixei.

– Shh! Minha vez de falar. – Mordisquei o lábio inferior dele – Desde o momento que eu te conheci, que isso tudo começou... Eu sabia que não ia ser fácil. Nunca é fácil. Mas eu quero você com todos os problemas que possam surgir no caminho. Eu quero tentar.

– Eu não quero tentar – Ele me interrompeu e eu me calei, assustada.

Ah ótimo, então era realmente um fim de algo que nem mesmo havia começado direito? Ótimo Thamara. A história se repete outra vez. Qual o problema com você? Porque as pessoas se aproximam e logo se afastam? O que existe de tão podre na tua personalidade, no teu coração, que impede que alguém fique com você por mais de alguns dias? Que alguém te ame de verdade?

Era tarde demais para esconder as lágrimas, elas já estavam rolando pelo meu rosto, lavando qualquer vestígio de dignidade. Aquele tipo de choro silencioso, o pior de todos. Prontamente soltei minha mão da nuca de Ed e levei minhas mãos até seu peito, fazendo com que ele se afastasse. Tudo era recente, mas doía como se nos conhecêssemos a anos.

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