Cap. 105 - Bad Blood

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Já havia passado mais de cinco minutos dentro do provador e eu ainda não havia provado nenhuma roupa. Fazia apenas fitar a mim mesma com olhos carregados de quem sabe que fez algo errado. Ed havia dito ainda naquela manhã que me valorizava por gostar dos amigos dele e ali estava eu, explodindo com a melhor amiga de meu namorado. Não que tivesse sido de graça, mas ainda assim. Respirei fundo e me levantei, deixando as roupas em meu colo caírem pelo chão e finalmente, com muita preguiça, provando as peças que Taylor havia separado.

Ela não deveria ser tão má assim, ou não estaria ali fazendo compras comigo, certo?
Ou seria isso um joguinho de manipulação para me fazer gostar dela e depois dar o bote? Eu estava confusa, ofendida e culpada ao mesmo tempo.

Olhei para minha imagem no espelho usando o vestido creme que Swift havia escolhido. No cabide não tinha nada a ver comigo, mas em meu corpo ele se transformava. Eu adorei, por mais que odeie admitir. Os olhos ligeiros de Taylor provavelmente haviam percorrido toda a loja antes de escolher aquele modelo específico. Eu deveria interpretar isso como um sinal de que ela realmente estava se importando comigo ou não? Decidi dar uma chance e me redimir, ainda que sem saber como fazer.

Coloquei minhas roupas de volta e respirando três vezes profundamente, abri a porta do provador esperando encontrar uma loira lívida do lado de fora pronta para me atacar. No entanto, Taylor estava sentada em um banquinho próximo às cabines, cabeça baixa. Em um primeiro momento achei que estava mexendo no celular, mas logo vi que suas mãos estavam repousadas uma sobre a outra.

― Ahn ― Pigarreei, sem saber como abordá-la ― Acho que eu te devo desculpas.

Ouvi um riso anasalado vindo dela ao que seus olhos me encararam tímidos, diferentes do habitual.

― Tudo bem ― Ela apertou os lábios e eu vi que suas bochechas estavam mais rosadas. Não aquele rosa sem graça mas o rosa de quando choramos, de quando fica vermelho e começa a desbotar ― Eu também deveria ter falado a verdade desde o começo.

― Digamos que me chamar de puta não foi um bom começo ― Ri sem disfarçar o deboche, mas logo tentei me controlar ― Quero dizer, você não precisava ter falado o que falou, sem me conhecer, tipo, não cara!

― Eu errei.

O tom de Taylor era tão baixo que eu tive que me abaixar e me sentar ao lado dela para escutar, dobrando as roupas que havia provado.

― Disso eu já sei, Sherlock. ― Dei de ombros ― A questão é... Porque?

― Não vamos falar disso aqui ― Ela sorriu e se levantou, tirando as roupas das minhas mãos ― Esse aqui serviu direitinho né? Eu sabia! E esse? Garanto que você nem provou, mas ainda assim, vamos levar!

Antes que eu pudesse dizer que não, fui arrastada para o caixa com Taylor, que pagou pelas roupas e aguardou pacientemente que colocassem em sacolas antes de me puxar para fora da loja.

― Se importa se formos pra minha casa? ― Ela perguntou.

― Nah, meu soro acabou.

― Que soro? ― Taylor parecia confusa.

― Antiofídico. Dizem que é bom ter quando se visita um ninho de cobra ― Sorri de canto, honestamente sem perceber se havia soado irônica.

― Thamara, olha aqui, eu tô tentando ― Ela bateu com as mãos nos quadris, irritada ― Mas se você quiser ser mais uma sangue ruim, tudo b...

― Eu sei ― A interrompi ― Desculpa, eu me... Ah olha, eu faço piadas ruins, então vai se acostumando.

― Eu preciso que você seja honesta ― Ela me puxou para o lado dela, fazendo caminhar ao seu lado enquanto conversávamos quase sem mexer os lábios para não despertar atenção de ninguém.

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