Cap. 8 - Brinde

2.2K 124 11
                                    

Após conversar com Jenny, todos sentamos no chão, deixando o sofá imenso todo para Graham, que havia novamente se transformado numa bolinha e ronronava tranquilamente, perdido em seus sonhos de gatinho.

Liam achou brilhante minha idéia de usar espátulas como colheres. Ele me contou que durante toda sua vida, sofreu com esse medo estranho e que durante o período que frequentou a escola, era muito pior. Os alunos zombavam dele, inclusive as meninas.

Todos pegamos um pouco de brigadeiro e um shot de whisky cada, enquanto ouvíamos Liam contar sobre sua vida. Aparentemente, ele teve também muitos problemas de saúde devido a um rim que vivia falhando, algo em comum comigo. Tanto é que ele só pôde começar a beber álcool de alguns anos para cá. Antes, ia em festas em bares e boates e ficava só no refrigerante. Por sorte, meus problemas eram mais leves.

– E teve também uma menina... – Payne continuou.

– Ih, se vamos falar de desamores, deixa eu pegar mais um shot. – Ed puxou a garrafa para perto dele. Ele estava sentado bem à minha frente e se surpreendeu quando eu arrastei meu copinho vazio em sua direção.

– Outro para mim, por favor – Sorri enquanto ele me servia com cara de espanto. Aparentemente, não acreditava que eu pudesse aguentar mais bebida.

– Então, Liam? Qual a história? – Ed se voltou para ele após beber o conteúdo âmbar de seu copo em um gole só. Eu fiz o mesmo.

– Teve essa menina, ela me rejeitou, sei lá... Vinte e duas vezes? Mas não é uma história triste. Não mais. Antes eu me pegava pensando nela e no que eu fiz errado. Mas quer saber? Ela que perdeu. Não lamento mais. Louis me ensinou a superar.

Louis sorriu, iluminando todo o ambiente com sua aura mágica. Eu não pude evitar de fazer uma piada.

– Você sabe que isso soou muito estranho, né? Porque no Brasil pelo menos, se diz que só um novo amor para curar uma dor antiga, e se o Lou te ajudou...

– VOCÊ! Não ouse! – Louis apontou o dedo para mim – Todo mundo sabe que no meu coração só existe espaço pro Harry, digo, pra Eleanor.

Todos caíram no riso, e ele continuou:

– Não, mas sério mesmo! Você não é uma daquelas loucas que shippam Larry, né? Em teoria e no início, era tudo muito legal, de verdade. Nossa amizade é algo que não existe igual, posso te garantir. Justamente por nossa amizade ser assim, tão forte, aqueles boatos ridículos de que a gente tinha um caso, não nos afetou. Mas não posso negar que a Eleanor ficou incomodada no início. Por isso paramos até de brincar em público.

– Algumas pessoas não têm limites, Louis – Dei um sorriso sem graça para Tomlinson, como se tentasse me desculpar por toda essa loucura causada por terceiros – Desculpa se tô sendo radical, mas esse tipo de gente não deve ser chamado de fã. São loucos. Tipo aqueles que param famosos só pra tirar uma foto e colocar no Facebook. Não sou assim, sabe? Não entendo pessoas assim. Se eu encontrar alguma celebridade que eu admire, vou querer passar pelo menos alguns minutos conversando com ela. Se sobrar tempo pra foto, tudo bem, se não, prefiro guardar a recordação de uma boa conversa do que apenas uma imagem para mostrar pros outros, provavelmente com uma história inventada por trás – Desabafei.

Todos ficaram em silêncio me olhando com expressões quase chocadas por alguns segundos. Então Harry quebrou o gelo, pegando a garrafa e servindo mais uma dose para cada um e erguendo seu copo.

– Depois dessa, a gente te deve um brinde – Harry piscou para mim. Aquelas covinhas me hipnotizando – Você não tem idéia de como é bom ouvir isso e o quanto é difícil encontrar pessoas como você.

– Um brinde pra Tami! – Zayn que estava em silêncio desde então, resolveu falar.

– Que provavelmente vai ser adorada pela Eleanor e pela Perrie – Louis completou.

– TAMI! TAMI! – Niall e Liam pareciam uma só voz.

Eu fiquei muito, muito sem graça, então Ed bateu seu copinho no meu, movimento seguido por todos os outros.

Bebemos, comemos brigadeiro e conversamos bastante, até que Niall, impaciente, puxou seu violão para perto, desfazendo a roda que havíamos formado. Já eram quase duas da manhã mas ninguém parecia se importar. E eu? Por um milagre, o jet lag ainda não havia me atingido. Eu estava bem como nunca estive antes.

Horan começou tocando uma de suas músicas favoritas, Stereo Hearts. Confesso que quando ouvi One Direction pela primeira vez, achei a voz de Niall mais fraca que a dos demais, mas eu não podia negar que ele havia melhorado (e muito) ao longo dos últimos anos.

Ed logo puxou seu violão e emendou a música de Niall com seu cover de We Found Love, da Rihanna – It's the way I'm feeling I just can't deny, but I've gotta let it go ♪

Eu me sentia em uma cena de um filme de Hollywood. Ou melhor. Eu me sentia num sonho perfeito. Cercada por garotos incríveis que gostavam da minha companhia tanto quanto eu gostava a deles e que por ventura, eram ninguém mais ninguém menos que meus maiores ídolos da atualidade “Talvez eu tenha morrido e isso seja uma alucinação. Talvez o avião tenha caído enquanto eu voava para Londres. Ou eu nem saí do Brasil e esteja sonhando...” Mil idéias mirabolantes passavam por minha cabeça, até que ouvi a voz de Harry ao meu lado:

– Essa cara de boba significa o quê?

A rouquidão após vários shots de tequila e whisky havia se acentuado, deixando-o mais sexy do que nunca. Uma mecha de cabelo caía sob seu rosto, quase como um cacho desfeito que havia escapado do chapéu que ele havia encontrado na sala e estava usando. Deixei meus olhos percorrerem todo seu rosto, descendo por seu pescoço e seguindo pelo cordão que usava, até chegar no pingente, que coincidentemente, terminava em sua camisa xadrez, bem no ponto onde ele havia deixado de fechar dois botões, revelando uma parte de sua tatuagem de pardais.

Eu suspirei, voltando a olhar em seus olhos e distraidamente ajeitando a mecha de cabelo fujona. Ele mordeu os lábios, enquanto ouvíamos Ed cantar Drunk in Love, outro cover, dessa vez de Beyoncé.

Harry me hipnotizava com aqueles olhos verdes, sorriso perfeito e covinhas que faziam algo em meu interior se agitar. O whisky não havia me deixado tonta, no entanto, a proximidade de Harry, sim.

Quase sem perceber, fomos aproximando nossos rostos, até sentirmos a respiração um do outro. Seu hálito era alcoólico e quente, assim como o meu. Quando estávamos prestes a consumar um beijo, ouvi a voz de Zayn cantando Slow Dancing in a Burning Room, acappella, e me assustei, travando no lugar.

Eu sabia que Zayn era fã de John Mayer como eu, mas eu não estava esperando por aquela música. SDIABR me trazia muitas lembranças. Lembranças essas que eram ao mesmo tempo boas e ruins.

Harry percebeu que algo havia acontecido, pois ao invés de encostar seus lábios nos meus, gentilmente levou ambas as mãos ao meu rosto, me segurando pelas bochechas e me beijando na testa. Eu pedi desculpas.

– Nós ainda temos muito tempo pra isso – Ele respondeu com um sorriso.

Aparentemente ninguém na sala havia percebido o que quase aconteceu, ou se repararam, não fizeram comentários a respeito. Zayn, que não sabia tocar violão, continuou apenas cantando, trocando de música rapidamente, para meu alívio.

EvergreenOnde histórias criam vida. Descubra agora