Evergreen

Cap. 112 - Primeira e única

Stuart chegou logo depois que terminamos de escutar o álbum de Ed e nos convidou para ir até os fundos do sobrado, uma área com grama e fechada com cercas vivas. Lembrando que eu era brasileira, ele havia decidido preparar um churrasco, estilo britânico, é claro.

― Aqui é como uma casa pra você, né? ― Perguntei à Ed enquanto agradeci a cerveja que Liberty alcançou para mim.

― Praticamente ― Ele confirmou com um aceno ― Acho que quando não estou em tour, passo mais tempo aqui do que com minha mãe ou meu pai. Mas eles tem meu irmão, acho que uma coisa compensa a outra.

― Ed odeia admitir que eu sou uma mãe pra ele ― Liberty riu ― Mas é assim que me sinto, como se tivesse criado esse ruivinho aí eu mesma.

― Não nego que você tenta me controlar às vezes ― Ed estreitou os olhos, olhando para Liberty ― Nem o Stuart faz isso!

― Você paga minhas contas, então tenho que fingir que não exerço tanta influência na tua vida ― Stuart apontou um garfo comprido enquanto mexia nos botões da churrasqueira elétrica.

― Ah! Quem vê pensa! ― Ed riu, puxando dois banquinhos para nós e me chamando ― Me sinto em casa aqui, sinto falta da minha casa, mas não canso de viajar. O dia em que isso acontecer, aí sim algo vai estar errado.

― Ele é praticamente um cigano, Thamara! ― Liberty se esticou em uma espreguiçadeira de plástico.

― Pode me chamar de Tami ― Sorri ― E acho legal isso, de ter o espírito livre. Minha mãe de uns anos pra cá começou a me chamar de cigana também, sempre inquieta, querendo viajar, mas com o destino final sempre em mente...

― Onde? ― Ed perguntou enquanto distraidamente brincava com as pulseirinhas de couro que eu usava no braço esquerdo.

― Reino Unido ― Pisquei ― Engraçado, sabe? Antes de vir pra cá eu sempre dizia "Inglaterra" ou "Londres" mas sinto que ainda tenho muito que conhecer aqui...

― Suffolk ― Ed me olhou de canto enquanto tirava a garrafa da minha mão para beber um gole ― Precisa conhecer.

― Tô aguardando um convite pra me levarem ― Brinquei.

― Ih no que depender desse aí, pode esperar ― Stuart nos interrompeu ― Faz quanto tempo que você não vai pra lá, Ed?

― Um ano? Quase, é... A última vez em que vi meu irmão foi em... Dublin e depois quando ele me visitou nos Estados Unidos.

― Quem sabe na próxima então, vamos juntos ― Apertei a bochecha de Ed, pegando minha cerveja de volta.

― Quem sabe assim, dá certo ― Liberty concordou ― Ed por acaso o Harry não vem hoje aqui, não? Ou os amigos dele? Faz tempo que você não convida ninguém.

― Não! ― Eu e Ed respondemos juntos, rindo.

― Não, a gente resolveu tirar um tempo... Só pra nós ― Ele continuou.

― Harry é incrível, mas acho que a gente precisa de um tempo sozinhos ― Concordei.

― Ed disse que você tá trabalhando pra One Direction? ― Stuart fez careta, puxando o ar por entre os dentes ― Boa sorte.

― Sou eu ou tá rolando uma vibe negativa? ― Me debrucei sob Ed para escutar melhor o que Stu tinha à dizer.

― Não é isso ― Ele deu de ombros ― Os garotos parecem muito legais e pés no chão, é só que... É um grupo de fãs completamente diferente do que eu estou acostumado a lidar.

― Vá pro Brasil e você vai ver o que é loucura ― Suspirei, erguendo a garrafa como se fizesse um brinde ― Essa é uma das razões pela qual eu não via a hora de sair daquele país ― Bebi um pouco e fiz uma pausa, antes de continuar ― Tem gente incrível, mas o que já vi de casos de gente invadindo hotéis, banheiros... Roubando roupas.