Evergreen

Cap. 13 - Westminster

A manhã transcorreu normalmente, se é que passar horas com seus maiores ídolos pode contar como algo normal de se acontecer. Ficamos conversando na sala do primeiro andar enquanto os garotos checavam suas rede sociais e no caso de Louis e Zayn, davam um alô para suas namoradas.

Era quase meio dia quando o telefone de Harry tocou e pudemos ouvir Paul no viva-voz:

– E aí, garotos? Como foi a noite? Posso buscar a Thamara?

– NÃAAAAAO! Ouvi um coro de seis vozes responderem à minha volta.

– É sexta, Paul. – Harry segurava o celular de modo que todos pudessem ouvir e falar – Deixa ela ficar mais um pouco.

– É Paul. E a gente tá de férias! Não precisamos nem ensaiar – Niall resmungou.

– Mas gente, isso é cárcere privado! – Paul riu do outro lado da linha.

– Estamos bem, sério cara. A não ser que ela queira ir embora... Você quer ir, Tami? – Harry me olhava com aquele ar maroto de sempre. Que pergunta mais idiota de se fazer!

– Ahn, eu acho que posso ficar mais um pouco – Sorri em resposta.

– Viu? Ela tá bem. Estamos todos bem. Além do mais, tô louco pra provar o cupcake que ela faz. Qualquer coisa a gente te liga, relaxa cara. See ya!

Antes que Paul pudesse responde, Harry encerrou a ligação.

– Então! – Ele voltou para mim – Quer mesmo ficar?

– Querer eu quero... – tentei encontrar as palavras certas para descrever de forma delicada minhas necessidades de garota – mas eu realmente precisava dar uma passada no meu quarto. Sabe, tô com essa roupa desde ontem, preciso de um banho, falar com o pessoal lá do Brasil... E tem certeza que eu não tô incomodando vocês?

– Ah, parou! É óbvio que você não tá incomodando – Foi a vez de Liam falar – A gente pode te levar até tua casa e depois voltar pra cá. Você marcou alguma coisa pra hoje a noite?

Eu comecei a rir. Óbvio que eu não tinha nada marcado. Eu havia chegado em Londres a pouco mais de 24 horas e além deles, não conhecia ninguém na cidade. A não ser que eu pudesse contar com o cara da Starbucks, mas acho que não.

– Não tenho nada pra fazer. Na verdade, não tenho nada por vários dias. Esqueceu que eu cheguei ontem? Meus planos começam só na terça, e ainda assim, é só um encontro à tarde na faculdade que eu pretendo me matricular.

– Então é isso! – Zayn batucou na mesa e se levantou – A gente podia chamar as meninas pra jantar aqui hoje, mas a Perrie tem show. Eleanor, Lou?

– Tá viajando com os avós – Percebi uma leve tristeza passar pelo rosto de Louis, algo raro de se ver. Ele realmente sentia saudades da namorada.

– Então vai ser como ontem – Zayn sorriu para mim – Mas com menos bebida, por favor. Ainda não metabolizei todo aquele whisky.

– Tudo bem – Eu ri – Também prefiro algo mais leve. Um chazinho ia cair bem...

– O quê? Mas é claro que você vai beber. Fica mais fácil de te seduzir assim – Harry ameaçou vir pra cima de mim, rindo. Eu não pude evitar se não ficar vermelha e rir mais ainda – Ed? Hey Ed! Ed, você fica? – ele olhou para Edward, que estava novamente absorto em pensamentos.

– Ahn? Ah cara, não sei. Stuart vive marcando coisas pra mim. Mas posso ver. Só tenho que passar deixar o Graham com ele.

Assim que terminou de falar, Sheeran se levantou, buscou o gatinho no andar de cima, pegou sua jaqueta sob a bancada da cozinha e saiu pela porta. Ouvimos o barulho do seu carro e do portão abrindo e fechando. Ele havia ido embora. O que estava acontecendo com ele?

– Vixe! – Louis rompeu o silêncio de alguns minutos que se seguiu à esse momento estranho – Alguém não gostou de alguma coisa aqui. Eta!

Não entendi o que Louis quis dizer, mas me senti muito deslocada. Será que ele havia ido embora pois estava cansado da minha presença? Justo Ed? Eu não queria perder sua amizade tão rápido quando a havia conquistado.

– Eu falei algo errado? Gente?

– Não! – Harry se apressou em responder – Ed é assim, tem momentos. Se bem que só vi ele desse jeito algumas vezes e... Ah, deixa pra lá. Até de noite ele melhora, confia em mim.

Niall, que estava absorto em seu celular desde que havíamos desligado a ligação com Paul, ergueu a cabeça para dizer algo como “Ela é linda”. Ninguém entendeu e ele voltou para seu whatsapp. Aparentemente, estava conversando com uma garota. Esse loirinho era muito mais ligeiro do que aparentava.

– Bom, acho melhor eu ir logo, né? – Me espreguicei e encostei a cabeça no ombro de Zayn – Alguém me explica como eu faço pra chegar em Westminster?

– Garota! Que parte do “vamos te levar e te esperar” você não entendeu? – Harry parecia tentar explicar algo para uma criança de cinco anos – Mas, espera... Onde você disse que tá morando?

– Hmmm, Westminster? – Não entendi o porque do choque.

– Pirou, foi? Quem te indicou esse quarto? – Harry parecia preocupado, assim como os outros que me encaravam esperando uma resposta.

– Peguei na internet. Gente... O que tá acontecendo? – Thamara, assustada.

– Digamos que você só tem segurança pra aqueles lados se morar dentro do Palácio. Fora dele, melhor nem pensar – Liam comentou.

– Daria certo se você fosse uma assaltante ou viciada ou prostituta – Louis continuou – Você não é nada disso, né?

– Peguem mais leve, vai. – Zayn seguiu me explicando – O lugar não é TÃO ruim assim, mas definitivamente não é seguro pra alguém que vem de fora e não conhece nada da cidade. Algumas ruas por ali são muito, muito perigosas.

Se isso era uma brincadeira e eles estavam tentando me apavorar, haviam conseguido.

– E que lugar é bom? – Eu estava alarmada.

– Depende... – Harry colocou a mão no queixo, pensativo – Já ouviu falar em Islington? É bom e não é tão caro. Tem de tudo por lá, é uma mão na roda.

Então eu me lembrei do depósito antecipado que havia feito para a senhora que cuidava dos quartos. Sem condições de mudar naquela semana ou pelos próximos meses. Eu estava dura. Disfarcei minha preocupação.

– Ah, quer saber? Não dá nada. Quem é que vai mexer comigo? Sou valente, por favor. Não tem problema ficar mais um tempo por lá.

– Thamara, Thamara... – Liam balançou a cabeça – Confia na gente – Podemos não ser de Londres, mas estamos aqui a tempo suficiente pra conhecer o que é bom e ruim.

– Mas gente?!

– Sem mais. – Harry pegou as chaves do seu carro que estavam sob a mesinha de centro – Vamos lá pegar o que você precisa e depois damos um jeito na tua mudança.