Cap. 48 - Portunhol

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O saguão do aeroporto havia se enchido com vozes dos passageiros que desembarcavam. Jennifer, ainda abraçada em mim, parecia em choque. Talvez ela não tivesse nem mesmo percebido os garotos comigo, porque ainda não havia falado nada e isso estava começando a me preocupar. Quase três minutos por perto e ela ainda não tinha me xingado? Tinha algo muito errado aí.

– E aí, garota? Como foi a viagem? – Puxei papo, apertando o abraço e a embalando de um lado para o outro como eu costumava fazer sempre que abraçava alguém que não via a tempo ou estava com saudades.

– Tô chorosa – Foi a única resposta que obtive e sim, a voz dela realmente estava embargada.

– Você falou com ele? – Dei tapinhas nas costas dela tentando confortá-la enquanto olhava para os garotos fazendo careta como quem se desculpa pela situação e toda a conversa em um idioma que eles não entendiam.

Harry, Zayn e Louis responderam com a mesma careta. Liam, doce como sempre, apenas sorriu. Niall... Ah, Niall ainda estava sentado no chão olhando feito bobo para minha amiga. Talvez ele também estivesse em choque.

– Não, cê tá louca? – Jenny demorou, mas me respondeu depois de fungar alto – Vim de econômica. Cê acha que Messi viaja de econômica?

Quando fui para responder, ouvi os torcedores animados começarem a gritar algo que não pude entender muito bem. Jenny suspirou novamente e eu entendi. Ela podia ver, mas eu, virada, ainda não. Messi estava passando pelos portões.

– Okay, deixa comigo – Tive uma idéia e soltei minha amiga do abraço, criando toda a coragem do mundo. Puxei ela e Louis pelas mãos, o que mais gostava e entendia de futebol ali.

– O quê? – Louis perguntou rapidamente, mas já parecia entender a situação.

– Você é famoso – cochichei rápido em inglês, puxando-os na direção onde terminava o cordão de contenção e que Messi teria que passar – Chama a atenção do cara, conversa um pouco e eu vou tentar apresentar ela pra ele.

– Quê...Quê? – Jenny, tremelicando, me perguntou em português, confusa com todo o barulho, já que eu estava conversando extremamente baixo com Tomlinson e ela mal podia entender as palavras rápidas.

– Nada não! E respira, mulher! – Sorri e apertei a mão dela, tentando passar confiança.

Louis se desvencilhou de nós duas e foi chamar Messi, que prontamente se virou. É óbvio que ele reconheceu Tomlinson. Mesmo que não fosse fã da banda, era impossível não reconhecer aquele rosto.

Eu continuava a puxar Jenny até onde estavam Leo e Louis, quando senti uma mão bater de leve em meu ombro. Virei a cabeça e vi Niall fazendo sinal para que eu ficasse quieta e apontando para a mão de Jenny. Entendi na hora e soltei a minha momento certo para que ele pudesse segurar a mão dela. O choque da garota ainda era tão grande que ela não percebera nada. Apenas continuava caminhando para a frente, olhando para Messi.

Harry, Liam e Zayn logo nos alcançaram, carregando as malas que Jennifer havia deixado mais atrás.

Então finalmente o momento chegou. Apressei o passo para fazer as honras e aproveitei a deixa de Louis para me apresentar à Leo. Ele, muito simpático, me estendeu a mão e sorriu. Em espanhol, lhe expliquei que eu estava trabalhando com os garotos e que minha amiga havia recém chegado do Brasil no mesmo vôo que ele e que gostaria muito de lhe dar um abraço. “Por supuesto!” foi a resposta, ou seja, é claro.

Eu não sei em quantos tons diferentes uma pessoa pode chegar, mas Jennifer passou do bronzeado característico para o vermelho pimentão em uma questão de segundos. Ela trocou algumas palavras com Messi em espanhol e praticamente se jogou nele quando Leo abriu os braços para recebe-la. Sabe criança, quando gosta muito de alguém e se agarra para abraçar? Ela estava assim. Jenny era o coala e Messi o pé de eucalipto.

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