Eu bem que queria ter ficado acordada durante o vôo, afinal de contas, estava com Ed e com saudade, mas o cansaço bateu forte e talvez fosse a altitude, eu não resisti e acabei cochilando encostada no ombro do ruivo assim que o avião decolou. Aparentemente, ele também dormiu, pois sua voz parecia bastante sonolenta quando o ouvi me chamar um pouco antes de aterrissarmos.
– Tami? Meu Deus, isso tudo é sono é? – Ele riu, afagando minha cabeça – Vem, chegamos!
– Odeio fusos diferentes... – Resmunguei, coçando meus olhos assim que me ajeitei na poltrona e olhei pela janelinha no exato momento em que o trem de pouso tocou a pista, molhada – Oh, tá chovendo!
– Fuso horário? – Ed parecia se divertir muito com tudo que eu falava e eu muitas vezes não entendia porque – Cara... Ah, deixa pra lá! – Ele se levantou e tirou nossas duas mochilas do bagageiro – Ainda não se acostumou com a chuva?
– Com a garoa, sim, com o mundo caindo desse jeito, não! – Arregalei os olhos e balancei a cabeça, sorrindo enquanto ele me alcançava minha mochila e se apressava em me puxar pela mão para sair pelo corredor cheio de passageiros.
Eu não estava exagerando. De fato, quando pegamos outro táxi em Heathrow rumo à meu apartamento, os pingos não estavam tão fortes assim, mas assim que chegamos em Islington, a chuva havia engrossado de tal modo que o céu parecia prestes a despencar sobre nós, cinza escuro, carrancudo.
Foi o tempo de entrar no prédio e começar a ouvir os trovões anunciando a tempestade que a noite trazia. O porteiro, sempre simpático, parecia um tanto quanto triste e sorriu de forma amarela quando nos cumprimentou e percebeu que estávamos chamando um dos elevadores.
– Se eu fosse vocês, eu ia de escada! – Ele comentou.
– Porque? – Olhei para ele, apavorada. Tenho dois medos na vida: Palhaços e ficar presa em elevadores. Tudo bem que nessa noite, ficar presa com Ed... É, não seria tão mal, mas ainda assim, melhor evitar.
– A gente faz manutenção, a gente faz sim! – Ele balançou a cabeça afirmativamente – O senhor Styles sabe que a gente faz! Mas com esse tempo, melhor não arriscar, sabe? São só quatro andares...
– Ah não! – Ed resmungou, preguiçoso, ainda apertando o botão à espera do elevador.
– Ah, vocês são jovens, cheios de energia, vão por mim, melhor irem de escada antes qu...
Um raio e um trovão. Ou seria um trovão e um raio? Não sei dizer, tudo pareceu muito rápido, ao mesmo tempo, assim como o escuro. O porteiro estava certo. Haviam sim geradores, mas apenas no hall de entrada e nas escadas.
– Eu falei! – Agora o porteiro parecia se divertir com nossa expressão de choque – Mas vão lá, como disse, vocês são jovens! E garanto que tem algum jogo lá em cima para passarem o tempo até reestabelecerem a energia, né? Quem sabe Jenga?
– É... Acho que é melhor ir de escada – Confirmei com um aceno, tentando entender o que havia acontecido naquele curto espaço de tempo e rindo da situação – Jenga, isso, Jenga é uma boa.
– Tenho certeza que temos um jogo de Jenga em algum canto lá em cima – Ed riu como quem esconde um segredo, me empurrando em direção à uma porta que parecia iluminada, caminho para as escadas.
– Quatro andares. WHY GOD WHY? – Sim, eu já estava resmungando nos primeiros degraus – Porque eu fugi das aulas de step da academia?
– Sobe, sobe, sobe! – Ed vinha logo atrás de mim, me empurrando pelas costas e rindo.
– Porque eu fugi da academia? – Eu parecia ignorar ele completamente, absorta em meus pensamentos e em minha revolta sobre fazer exercícios desnecessários.
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Evergreen
Fanfiction"Era uma vez uma cidade cheia de cor, um ano cheio de promessas e uma garota com uma mochila cheia de sonhos. A cidade? Londres. O ano? 2014. E a garota? Sou eu. Para mim, uma garota brasileira, viver no Reino Unido é como morar em um lugar onde as...