Confesso que levei algum tempo para digerir toda a informação que estava à minha frente.
Eu havia chegado em Londres? Sim, como esperado. Havia conhecido meus maiores ídolos? Sim, como num sonho... Mas imaginar que eu iria morar na casa de um deles e ainda... Ai não, Thamara. Não começa a lembrar do que aconteceu mais cedo. Não é certo!
Harry mexia comigo e sabia disso. Eu queria me entregar à ele, era verdade, mas ao mesmo tempo, algo em meu interior, me levava até outro garoto, um de cabelos ruivos que parecia bem nervoso naquela manhã.
Os garotos me levaram em um tour por todo o flat. Ele era bem aberto, então não tinha muita coisa especial para se ver. Haviam dois quartos; Niall e Liam deixaram minhas malas na suíte e disseram que eu poderia transformar o outro quarto, menor, numa espécie de escritório ou sala de estudos. Gostei da idéia, mas aí lembrei que minha amiga Jennifer estava chegando dali a poucos dias e que não teria onde morar. É claro que eu ia dividir com ela, da mesma forma como faríamos na miss Geraldine, ou melhor ainda, já que teríamos cada uma nosso quarto. E era bom cada uma ter seu canto mesmo, ia ser estranho dormir no chão enquanto ela e Niall... Hm, deixa pra lá.
– Quando a Jenny chega mesmo, Niall? – Era estranho perguntar sobre MINHA amiga para ele. Mas eu estava sem bateria e Horan não desgrudava do Whatsapp falando com ela.
– Não lembro. Ela disse que mandou tudo pro teu email. Vê lá na casa do Harry qualquer coisa. Você não trouxe laptop?
– Trouxe, tá naquela mala menor. Mas como vou conectar? Com o dedo? Esqueceu que cheguei anteontem e ainda não tenho telefone fixo nem nada do tipo?
– Mas é uma retardada mesmo – Louis ouvia nossa conversa e não deixou de participar – Olha a tua volta. Olha pra esse apartamento. Pode não ter muitos móveis, mas internet tem. Harry é um geekzinho disfarçado – Louis apontou para o Nintendo Wii U brilhando de tão novo, embaixo da tv – Ele comprou três desses. Um pra cá, um pra casa dele e um pra Gemma. Fora o Xbox e o Playstation que ficam lá na sala do último andar que você viu ontem. Ridículo.
– Que foi, Tommo? Tá com ciúme dos meus games? – Harry colocou um braço no ombro de Louis e outro no meu, abraçando os dois – Tá com fome, babe?
– Ah eu tô com um pouc...
– Não você, Louis – Harry riu e me deu um selinho – A Tami aqui.
– Mas que descaramento é esse? Filhadaputagem isso, Harold! Mas... Não quero nem saber, vai ter que compensar isso! Eu... eu...
Pensei que Louis ia atacar Harry, por isso fiquei parada no lugar, mas aparentemente EU era a vítima. Quando vi, estava sendo agarrada por Louis que, escondendo nossos rostos, fingia me beijar enquanto eu me debatia em seus braços.
– Louis, que porr... – Voltei, descabelada.
– Shh! – Tomlinson me interrompeu, levando o indicador até meus lábios em sinal de silêncio – Nós continuamos mais tarde. Aquela cama, do quarto maior, aquela sim... Vou te mostrar como é macia!
Eu ri. Mas eu ri tanto que senti meu rosto inteiro ficar vermelho. Me joguei no grande sofá branco em L que fazia as vezes de separador, criando dois ambientes e deixando um espaço para a mesa de jantar próximo da cozinha.
– Ar, cadê gente? – Eu ainda não havia parado de rir.
– Tá sem ar, delícia? Pera que eu vou fazer respiração boca a boca – Tomlinson, atacado.
– Cê tá louco! – Levantei do sofá quando vi ele se aproximando e comecei a correr pelo apartamento, tentando me desviar dele.
– Vem cá, vem, vem com o Tommo!
– Nãããão! – Eu continuava correndo, até que tive a brilhante idéia de sair do apartamento. Abri a porta e na correria, não vi que havia alguém ali. Cai nos braços de Ed Sheeran.
– Ohh! Easy, tiger! – Óbvio que Ed não entendeu o que estava acontecendo, mas me segurou para que eu não caísse. Os braços fortes apertados à minha volta. Aparentemente, ele estava prestes a tocar a campainha quando eu abri a porta.
– Hey! Ei Ed, desculpa – Sorri, sem graça; mais descabelada, vermelha e sem fôlego que nunca. Porque ele só me encontrava nessas situações?
– Tudo bem – Ele sorriu – Niall me mandou mensagem, disse que vocês estavam aqui, aproveitei pra pegar uma carona. Acho que quase me viram dirigindo de manhã... Tenho que evitar isso.
Ed ainda estava me segurando e parece que nenhum de nós dois havia percebido como isso parecia estranho. Eis que Louis, o tempo todo parado atrás de nós, resolveu intervir.
– Ahem – Ele pigarreou – O Hobbit aí vai entrar ou vai levar a Branca de Neve pro jantar? Porque nós oferecemos embalagem pra viagem...
Nos soltamos ao mesmo tempo, percebendo a situação, ambos sem graça.
– Opa! Pega aqui, Peter Pan! – Ed levantou uma das duas caixas de cerveja que estavam no chão ao seu lado – Bota na geladeira, por favor.
Eu entrei e ele me acompanhou, levando a outra caixa.
– E o Graham? – Perguntei, tentando puxar assunto e esquecer daquela situação embaraçosa.
– Ficou com Stuart. Não gosto de trazer ele quando tem muita coisa acontecendo – Ele abriu a geladeira para guardar a caixa e se virou para onde eu estava, encostada na bancada da cozinha.
– Eu não te dei oi, né? OOOOI – Ele riu e me deu um beijo na bochecha, a barba por fazer roçando em meu rosto. Seu cheiro era bom, não havia percebido isso antes. Um perfume diferente.
Correspondi o oi e ouvi um “hmmm” baixinho vindo da mesa de jantar. Liam e Zayn estavam de braços cruzados, olhando para nós dois, aqueles sorrisos indecifráveis novamente em seus rostos. O que acontecia com aqueles dois e porque aquelas caras? Era bizarro.
Harry e Niall vieram cumprimentar Ed, que apontou para a geladeira e mencionou as cervejas.
– Niall me disse que essa vai ser a nova casa da Tami, verdade? Awesome! Trouxe pra gente comemorar. Não que precise de um motivo pra beber, né?
– Tá corretíssimo – Eu brinquei – existem três coisas na vida que nunca são demais: bebida, boa companhia e... Enfim, são duas.
– Qual a terceira, Thamara? – Harry me olhava desconfiado.
– Não tem terceira, ou... tá, é música, vai.
– Tenho certeza que sim, mas não era isso que você ia dizer – Styles estava cético.
Despretensiosamente saí de perto deles e voltei para o sofá, me largando no canto do L, metade do corpo para fora, apoiando os pés no chão.
– E sexo, pronto – Pra que mentir? Achei melhor falar de uma vez.
Ouvi Ed rir de uma forma que jamais havia ouvido antes. Ou havia? Parecia surpreso e animado ao mesmo tempo, uma risada gostosa. Todos riram com ele, inclusive eu. Era o tipo de riso que contagiava qualquer um.

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Evergreen
Hayran Kurgu"Era uma vez uma cidade cheia de cor, um ano cheio de promessas e uma garota com uma mochila cheia de sonhos. A cidade? Londres. O ano? 2014. E a garota? Sou eu. Para mim, uma garota brasileira, viver no Reino Unido é como morar em um lugar onde as...