Cap. 123 - Amnésia

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Tomei o cuidado de não olhar para trás enquanto caminhava pela propriedade de Taylor, ainda que pudesse escutar ela me chamando da porta. Parecia estar me seguindo. Fiz apenas dar um breve aceno quando saí pelos portões, só então me dando conta de que estava sozinha em um bairro relativamente desconhecido.

Eu sabia que estava na região norte de Londres e sabia que a casa de Harry não ficava muito longe dali, mas apé tudo parecia diferente e absurdamente mais escuro.

Tirei o celular do bolso, considerando ligar para alguém, mas sabia que todos estavam ocupados, cada um com seu compromisso. Jenny, Louis e Niall em Barcelona, só voltariam dali alguns dias. Harry estava aproveitando a noite com sua irmã. Ed fazia divulgação de seu novo álbum sabe se lá aonde e Liam provavelmente estava com Zayn. Isso se Malik não estivesse com Perrie. Quanto às meninas da Little Mix, eu só havia visto elas uma vez, não sabia nem qual número chamar caso quisesse conversar. Eu estava sozinha.

Saí sem rumo, sabendo que cedo ou tarde eu me encontraria ou, pelo menos, o tempo ia passar para que eu finalmente tivesse coragem de pedir ajuda, atrapalhando a noite de alguém. Fugindo das mansões da região, cheguei em uma área mais aberta e comercial, que parecia ser o centro de Hampstead, o que confirmei ao ver escrito em uma placa. Eu conhecia aquele lugar. Já havia passado por ali em algum momento. Vi outra placa, mostrando que na quadra seguinte havia um mercado 24h da rede Tesco e decidi passar por lá.

Lembro de ter prometido para mim mesma não beber tanto e deixar o álcool para situações especiais. Não que sair correndo da casa de Taylor Swift fosse algo a ser comemorado, mas era definitivamente uma situação emergencial. No mercado, escolhi uma garrafa de um bom whisky e também uma barra de chocolate. Se funcionava para Harry Potter afastar a sensação ruim causada pelos dementadores em seus livros, deveria funcionar pra me deixar mais feliz, certo? Paguei tudo com o cartão que a Modest havia me entregue quando fui contratada e outra vez saí pelas ruas, tentando me encontrar à qualquer custo.

Foi então que percebi uma avenida estreita e cercada por árvores, com um espaço destinado à pedestres. Parecia longa e muito similar à aquela que levava para a casa de Harry. Decidi arriscar.

Por mais que a cidade fosse segura, principalmente o bairro onde eu estava, não me sentia completamente confortável ao caminhar por aquela passarela estreita ao lado da pista onde vez ou outra um carro surgia. As árvores tornavam a atmosfera obscura e tudo parecia meio sinistro conforme o tempo passava e a temperatura caía. Cobri a cabeça com o capuz do moletom e apressei o passo, ouvindo a garrafa tilintar dentro da sacola de papel.

Vinte minutos depois, que mais pareceram durar uma hora, me dei conta de que estava a poucos metros da casa de Harry. De fato, bastou eu caminhar alguns passos para ver a janela da sala do último andar com as luzes acesas. Considerei bater, mas logo vi uma garota um pouco mais loira do que eu se aproximar da janela, cambaleante. Parecia dançar. Sem dúvida alguma era Gemma. Não, eu não ia atrapalhar.

Lembrei do jardim onde eu e Ed havíamos nos escondido alguns dias antes e me enfiei na trilha estreita que dava para os fundos do terreno de Styles.

Como esperado, o local estava vazio. Me acomodei debaixo da mesma árvore onde havia me sentado com Ed e bebi.

Eu me sentia culpada por ter discutido com Taylor. Eu sentia que isso ia atrapalhar mais ainda minha relação com Edward. Cheguei a acreditar que Swift estava certa e eu exagerando. Bebi ainda mais para lavar essa idéia de meus pensamentos.

Não sei quantas horas fiquei ali, só sei que a garrafa foi se esvaziando assim como a barra de chocolate foi desaparecendo, até eu ficar tonta demais para me levantar. Eu sabia que não era uma cena bonita, mas ninguém me estava vendo e de alguma forma, o álcool parecia aquecer meu interior mais do que toda aquela roupa.

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