Cap. 2 - Tequila

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Havia uma van estacionada na esquina mais próxima da cafeteria, em frente a uma loja de relógios suíços. Dentro do carro, encontrei Liam e Louis absortos em uma conversa sobre futebol e um Zayn muito preguiçoso cochilando, as pernas tão longas que quase não cabiam nos bancos. Niall me apresentou a eles e contou nossa história meio por cima, fazendo com que Zayn abrisse espaço para mim. Todos pareciam muito curiosos, mas um tanto quanto reservados. Só Louis que insistiu em me fazer repetir “Brasil” umas dez vezes para que ele finalmente aprendesse a pronúncia correta. (– Isso, Bra-Sil! Não, não como “basil”, lembra de “brassiere”... Isso, agora sim!)

Paul nos levou até um Tesco mais afastado do centro da cidade. Segundo ele, era mais difícil de esbarrar com fãs nesses locais. Difícil, mas não impossível. De forma que eu e Niall tivemos que vestir nossos capuzes ao descer do carro.

– Mas eu também? Gente, ninguém me conhece! – Reclamei enquanto ajeitava o moletom por baixo da jaqueta.

– Sinto muito, – Paul deu de ombros – a segurança dos garotos é muito importante e a sua também. Se identificarem nosso carro, é possível que venham para cima de você ao invés de Niall. Seria o novo alvo.

Fiz uma careta de desaprovação, mas cobri a cabeça com o capuz de meu moletom enquanto Niall me esperava do lado de fora.

– Okay, o que precisamos? – Niall puxou um carrinho grande enquanto eu procurava por cestinhas.

– Epa! Não precisa pegar um grandão desse não. Eu levo uma cesta e você outra. São só tacos!

– Você realmente nunca cozinhou para cinco garotos da nossa idade, né? Não são só os tacos. Tem o lanche antes, o lanche depois... Quem sabe uma pizza. A gente come demais!

Ele parecia orgulhoso da quantidade de comida que conseguia ingerir. Ostentação gastronômica. Ri imaginando o funk escroto que essa observação poderia render.

– Alright then, sir. Onde fica a farinha? – Olhei para as placas, todas em inglês, procurando os setores que precisávamos.

– Vai fazer bolo? – Niall me encarou, confuso.

– Vocês não querem tacos? Não sei se você sabe, mas aquela coisa que envolve o taco se chama tortilla e é feita de farinha, trigo ou milho, é tudo farinha! – Segurei o riso, ainda procurando por mais placas indicativas.

– Você faz a massa? – Niall estava mais uma vez maravilhado. Pegou o celular e digitou alguma coisa que não pude ler. Logo depois, ouvi a mensagem de voz de Louis: Não acredito! Tortillas caseiras? Ai meu Deus!

Segurei o riso. A reação deles com comida caseira era realmente exagerada. Agora sim, eu tinha certeza que garotas da minha idade não cozinhavam por lá.

– Tááá... Vou procurar naquela seção – Apontei para a ponta direita do mercado – Quando você terminar aí, me avisa. Quem sabe eu preparo algum prato surpresa? Aqui tem aquelas gôndolas de produtos estrangeiros? Brasileiros, de preferência...

– Espera aí! Vamos achar a farinha! – Niall foi empurrando o carrinho mais à frente e me fazendo o acompanhar – Aqui! Com ferro... Com fermento... Para pão e pizza... Hmmm, pizza... Integral... Credo, quem come isso? Enfim... Olha, tem a de milho que você falou!

– Pega uma e uma. Uma simples de trigo e uma de milho. Vamos fazer os dois tipos. Você vai me ajudar a cozinhar, né? – Peguei os pacotes da mão dele e coloquei no carrinho, empilhadinhos.

– Tá brincando? Eu só sei fazer purê e fritar batatas – Ele deu de ombros – De resto, como fora.

– Aiaiai, que vergonha! Nessa idade e não sabe cozinhar! Vai aprender hoje. Todos vocês!

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