Capítulo 06

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Alfonso Herrera

De pé em frente à colossal janela de vidro, eu observava à movimentação das pequenas réplicas logo abaixo da cobertura. No solo, as pessoas pareciam andar desordenadas como num formigueiro gigante, carregadas de destinos. Era sexta-feira e possivelmente a maioria delas deveria trabalhar naquele dia, igualmente eu logo de manhã, mas não naquele horário. Eram exatas dezenove horas e a minha dúvida de qual lugar ir me perseguiu como um carma acumulado. Será que seria prudente ir à festa ou no jantar? Pondo as mãos no bolso, puxei o BlackBerry e olhei para a mensagem mais uma vez, tentando me assegurar. Devolvi o aparelho e fui trocar de roupa.

Seria o jantar.

Ao chegar no restaurante, alguns minutos foram hesitantes da minha parte, principalmente por notar que ela já me aguardava sentada na mesa próximo da janela. Pontualidade? Alice me conhecia o suficiente para saber da minha aversão com atrasos. Talvez aquele tivesse sido o motivo da sua espera. E ao notar a forma como ela checava o relógio, confirmava que estaria ali a mais tempo.

Logo na entrada o gerente que recebia todos, me cumprimentou caloroso, dizendo repetidas vezes como a minha presença ali era escassa há tanto tempo e que era bom me rever. O metre veio logo em seguida e me mostrou um dos seus vinhos selecionados, fazendo questão que ele fosse servido na minha mesa. Agradeci enquanto era guiado por Chaviir, o gerente. Assim que cheguei até a mesa, Alice abriu um sorriso e se ergueu pondo a vista somente em mim. Ela usava um vestido creme, justo ao seu corpo como uma seda macia. Ela tinha a pele branca leitosa. Seus olhos esverdeados eram mais claros que os meus. Sua beleza era indiscutível, e era possível notar nos olhos de cada homem que estava sentado naquele lugar, admirando-a junto comigo. Correspondi a reação dela com um breve sorriso cordial. Logo que o homem se afastou de nós, nos sentamos e ela entrelaçou as mãos, que agora estavam sobre a mesa. Me afrontando um pouco mais, conforme suas bochechas rosadas atenuavam a cor, ela arfou e disse:

— Você continua lindo. Fico muito feliz que tenha vindo.

— Sua mensagem me deixou incomodado, Alice. Porque precisava me ver?

— Aproveite o jantar antes de me abordar dessa maneira.

O semblante da mulher se fechou.

— Compreenda-me. Já faz muito tempo.

— Um ano — Corrigiu.

— Agora percebe como isso se torna intrigante?

— Eu sei que pode parecer estranho, mas senti muito a sua falta durante esse tempo.

— Aonde pretende chegar com essa conversa? — Fomos interrompidos pelo garçom enquanto o mesmo depositava sobre a nossa mesa um par de taças cristal e um vinho envelhecido a mais de dez anos, foi o que percebi ao ler o rótulo na hora em que era posto.

Vinhos não era uma coisa da qual eu compreendia muito, mas o sabor me encantava, e se eu apreciasse o gosto, a peça poderia até não ser tão cara. Ainda mais que, aqueles que entendiam sabiam como recomendar muito bem em todos os restaurantes que eu costumava frequentar. Assim que o líquido avermelhado adentrou o recipiente em nossas mãos, o cheiro que exalou suave e amadeirado deixou evidente a sua qualidade.

Ela deu o primeiro gole e me olhou por cima da taça. O homem saiu avisando que estaria disponível caso precisássemos. Dando mais um gole, notei como as pernas dela balançavam por debaixo da mesa.

— Quando pretende me responder, Alice? — Ressaltei dando um gole sagaz.

Ela ficou um pouco mais avermelhada com o efeito do vinho atacando-a rápido graças a sua fraqueza para bebidas alcoólicas.

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