Alfonso Herrera
-Então ela será a sua mais nova comandante e CEO?
- Anahí é minha esposa e não vejo ninguém melhor que ela para o cargo.
Do outro canto da mesa o homem de paletó cinza me encarava com dúvida. Donatelo era um dos acionistas principais e tentar convencê-lo das minhas recentes decisões seria um belo treinamento de persuasão e paciência. Ele simplesmente deixava tudo em minhas mãos, mas naquele caso nós dois falávamos de alguém sem experiência nem uma.
- Nunca questionei suas decisões Herrera, mas esta, por favor, seremos justos com a realidade. Sua esposa não tem capacidade para lidar com negócios deste porte. Na verdade nossas mulheres deviam apenas gastar dinheiro ao invés de tentar ganhá-los, não acha?
- Bom ponto de visa Donatelo... Para o tempo das cavernas caberia como luva. - ele rapidamente ergueu os ombros quando ofendi seu machismo - Não me importa o que você entende por certo ou errado, estou apenas informando as breves mudanças que irão acontecer. Acho justo que saiba, a final, seu dinheiro também entra aqui.
- Exatamente! - repeliu elevando o tom de voz autoritário. Eu permaneci sentado com uma postura indiferente - Meu dinheiro está aqui! Você acha mesmo que estarei disposto a perdê-lo? Seu pai jamais faria um ultraje deste tamanho, veja por sua mãe, ela mesma decidiu não tomar a frente de nada disto!
- Meu pai está morto - enfatizei com um discreto ranger de dentes - Eu estou aqui e farei isso. Fim de assunto.
- Então não vejo alternativa mais sensata que não seja desfazer a nossa aliança.
Levantando da cadeira, Donatelo mostrou uma expressão impaciente, nervosa, quase que desconfortável ao se distanciar de mim. Ao contrário, não arredei o pé de onde estava, fazendo apenas "do meu semblante" minhas únicas palavras nos dois minutos seguintes.
- Tem certeza? - perguntei desafiador. -Temos dívidas Donatelo. Dívidas milionárias que incluem as suas ações, e uma possível quebra no contrato me obrigaria a te cobrar uma multa tão alta quanto as suas pendências comigo. Conclusão... Ficaria na miséria em menos de uma semana. Mas se quiser isso, podemos passar no RH agora mesmo, sem problemas ou ressentimentos.
Por um segundo pensei que teria que acionar o enfermeiro do trabalho na sala de atendimento dos funcionários. O homem ficou pálido, escorrendo um suor que ele fez questão de limpar com o lenço sacado no bolso de dentro do traje acinzentado.
- Não me chantageie.
- Jamais - respondi irônico.
- Você só pode estar ficando louco com uma decisão dessas.
- Se quer tanto manter a segurança da sua fortuna, ao invés de me atormentar a paciência, procure ajudar Anahí a se encaixar neste lugar. Todos ganham.
Não posso garantir que aquilo foi convincente, ou seria seguido de fato. Mas os duros passos dele ao sair da minha sala no mínimo representavam que muitas dificuldades fariam parte da vida de minha esposa na empresa. Aquele ramo, como qualquer outro que envolvesse muito dinheiro, estava cercado de gente ambiciosa, prontas para te botar no chão com uma rasteira impiedosa assim que tivessem chance. Eles sempre estavam preparados para subir sobre você. Quando dona Helena me colocou no cargo de CEO, foi desafiador, mas graças á rotina que fui submetido antes de assumir o cargo, agregada a minha experiência na universidade, consegui fazer de mim um homem respeitado naquele lugar de cobras.
Donatelo com toda certeza estava rezando pela minha morte, assim como rezava para ser nomeado ao cargo que disponibilizei a Anahí. Logicamente ele tinha razão quanto àquela decisão ser insana, mas eu precisava fazer dela uma mulher de negócios, ou caso contrário nossa família poderia perder a credibilidade. Tinha que ser algum Herrera dentro do negócio que o meu pai manteve por muitas gerações.
Numa tarde ensolarada ele tinha deixado claro as suas opiniões sobre sermos responsáveis.
- Meu filho, temos quer ser responsáveis pelo nosso nome, nossas conquistas. Seu avô abriu um cartório com uma herança mínima, e graças à persuasão e dedicação deles temos tudo isso hoje em dia. Este negócio cresceu e eu me tornei advogado alimentando o nosso leque de possibilidades. Se treine e ajude a sua mãe...
Eu me treinei. Estudei advocacia, fiz especializações, e assumi tudo. Sabia da minha injustiça em cobrar aquilo de Anahí... Mas recordar do empenho dela em aprender me arrancou um sorriso fechado.
- Senhor? Senhor Herrera?
O susto da voz que saia do interfone sobre a mesa me fez piscar os olhos, esfregando-os. Entrei num devaneio tão profundo que nem sequer percebi.
Apertando o botão vermelho, falei próximo da saída de som.
- Sim Suzy.
- Acabo de ser informada que o seu helicóptero particular foi acionado e solicitado por sua esposa ... Posso liberá-lo na central?
Foram exatos cinco minutos silenciosos. Eu imaginei uma porção de coisas que sinceramente não fazia questão de entender.
Aquilo me doía, mais ainda por no fundo saber de tudo o que acontecia ao meu redor.
Eu amo e faça isso por você... Apenas por você Anahí...
Voltando a pressionar a tecla, suguei uma porção extra de ar e falei.
- Pode liberar.
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E então? Como estão Amor(a)s <3
Só para não perder o costume, vim agradecer a todos que continuam por aqui, dando o ar da sua graça com os comentários e votos!! ahahaha
Beijos de Luz :**
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Possession
Fanfic*Fanfic Ponny (Concluída) Madness... Foi esse o nome que Anahí admitiu após sua vida se perder no mundo e em meio a prostituição de luxo. Ela era apenas uma garota quando isso aconteceu e nada foi capaz de impedi-la de se tornar tão impetuosa, reque...