Capítulo 31

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Anahí

Era um salão grande... Mais ainda quando eu estava sozinha nele.
Pelo menos era como me sentia depois da fuga de Alfonso.

A música tinha retornado, e como imaginei, fui ignorada enquanto os casais retomavam seus passos. Não tive reação de pensar em nada além de: Quem era aquela mulher? Porque disse aquilo?

Não foi correto sentir ciúmes, mas o sentimento venenoso invadiu meu peito apertando meus pulmões. Eu desconhecia aquela sensação até segundos atrás, e agora não conseguia me livrar dela.

Puxei uma nova taça de vinho da bandeja de um dos garçons e virei metade goela abaixo. A bebida desceu, queimando como fogo. Era um vinho forte.

De longe avistei Dulce sendo rodopiada por Christopher. Os dois sorriam e como o restante, eram inertes a minha raiva. Por um segundo, deduzi que ele não voltaria mais, e que eu estava no lugar errado. Não seria justo arrancar a felicidade da minha amiga, convidando-a para ir embora, ainda mais que por incrível que parecesse, os dois estavam se dando bem desde que se conheceram.

O plano era sair devagar sem ser notada e depois que estivesse longe o suficiente mandaria uma mensagem para Dulce avisando que ela podia ficar tranquila que eu já estava em casa. Quando ia executa-lo fui rendida pelos punhos, junto do ar quente batendo na minha nuca.

- Como está. Querida?

A voz grave e conhecida fez meus olhos se abrirem, dilatados. Ricardo me virou e nos pôs frente a frente. Entramos numa briga de olhares incessantes, onde só havia um que ganhava. E era o dele. Porque diferente de mim, o homem tragava seu cigarro jogando a fumaça para o lado. Tranquilo e imparcial.

- O que houve com a sua tão falante língua?

- O que faz aqui? - perguntei tentando recuperar a firmeza.

- Essa pergunta cabe melhor a mim, não acha? Até porque não acredito que meu amigo Alfonso tenha o hábito de contratar acompanhantes.

Apertando os lábios, senti vontade de socar a cara dele, mas ao invés disso virei para o lado e andei no sentido oposto a Ricardo. Sabia bem que ele não ia se 'dar' por vencido e que obviamente me seguiria aonde quer que eu fosse, e por este mesmo motivo, repeti o trajeto que fiz com Alfonso indo parar próximo do escritório.
Ninguém poderia me ver numa conversa como aquela, e se Alfonso voltasse, tinha que ser depois de eu despistar Lafaiete.

- Acha que vai sair assim! - retrucou o homem já ao meu lado como planejei.

- Não lhe interessa o que faço ou aonde vou Ricardo.

- Ele sabe quem é você? Acho que não - zombou - Você está de cabelos naturais e só fazia isso comigo, por um único motivo.

- Está com ciúmes? - perguntei fechando os lábios.

- O que disse a ele? - rebateu, ignorando minha pergunta. - Alfonso é uma das pessoas mais sensatas que conheço. Nunca aceitaria essa situação.

O choro bateu na minha garganta, me sufocando como se estivesse enlaçada ao mar. Eu sabia que se ele soubesse, nunca aceitaria. Mas Ricardo tinha acabado de me confirmar isso, claramente como água. Eu queria sair daquele buraco rápido ou em breve a minha armadura seria invadida por aquele desgraçado também.

- Pare com isso. Está se envergonhando com esse ciúme ridículo de homem desprezado. Aceite que entre nós não há mais nada.

Eu incitei sua ira, e como recompensa Lafaiete me segurou com força pelos braços lançando um olhar chamuscado.

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