Alfonso Herrera
Ela estava totalmente determinada a me fazer ficar ali por mais tempo iniciando um novo assunto a cada momento. Eu gostava disso. Sua voz rouca e grave me tirou a atenção, e não que eu achasse aquilo ruim, mas meu telefone no bolso direito do moletom não parava de vibrar tornando a situação desconfortável. Não precisei sacá-lo fora para saber quem me ligava, muito menos naquele horário.
A mulher na minha frente percebeu o movimento do aparelho.- Atenda. Não quero ser inconveniente.
- Não está. Me da um minuto? - ela assentiu de forma positiva e eu atendi a ligação.
A voz grosseira, tão diferente da suave que eu escutava anteriormente, me fez fazer admitir um semblante ruim. Alice não falava, ela gritava no meu ouvido alguma coisa sobre tê-la deixado esperando em algum lugar bem longe dali.
Depois do sermão percebi que tinha me esquecido de ir pegá-la em casa para o tal jantar de desculpas. Olhei o relógio e constatei que já haviam se passado mais de uma hora desde o meu encontro com Anahí até aquele exato segundo. Nós tínhamos conversado tanto assim? Foi divertido pensado que eu não tinha percebido todo aquele tempo passar.
Foi muito agradável ter sua companhia. Mas precisei voltar ao telefonema.- Fique calma, Alice - pronunciei cauteloso.
- Porque está falando baixo, Herrera? Onde você está?
- Escute. - rebati - Agora não é momento para falarmos sobre isso. Amanhã quando estiver mais tranquila conversaremos.
- Não ouse desligar na minha cara! Eu estou vestida para sair e você vai me levar para jantar!
- Sinto muito, tive um imprevisto e agora é impossível. Tenha uma boa noite.
Antes que ela tentasse falar mais alguma coisa a chamada foi finalizada por mim. Soltei o ar e pus o telefone de volta no bolso.
A minha dispensa não tinha sido apenas pelo repentino encontro com a desconhecida da R. Dress, mas sim porque eu não planejava mesmo ir até lá. Talvez fosse canalhice não avisar antes, evitando que ela se arrumasse para algo que não ia acontecer, mas naquela noite eu precisava correr, suar e liberar todas as toxinas do meu dia. Distanciar minha mente.
Uma das coisas capazes de me fazer resfriar era praticar exercícios, principalmente caminhadas noturnas ou matinais. Qualquer uma delas me fazia sair da cama mesmo com a neve caindo incessante.
Desviei a vista para a mulher que me esperava a alguns metros fingindo olhar uma prateleira de revistas como se aquilo fosse distraí-la.
Repensei algumas vezes o que me constrangia antes de decidir se era a coisa certa a fazer. Vagarosamente, me reaproximei e ganhei um sorriso provocativo. Tudo nela era um exalar de sensualidade.
Incrivelmente atraente e convidativa como a serpente do paraíso. Aquela mulher era estranha, e mesmo que seus olhos mostrassem o que ela obviamente queria, algo mais a fundo me deixava intrigado. Não existia emoção no olhar dela. Não existia nada além daquilo que era dito para mim.
Porque tinha que ser tão obscura?Normalmente as mulheres eram fáceis de interpretar, pelo menos em questões sentimentais, mas, Anahí, não. Algo nela era incapaz de se ver em uma simples conversa.
- Gostaria de jantar? - convidei, ousado.
- Porque eu deveria sair com um estranho?
Ela conseguiu me fazer sorrir novamente. Era lógico que aquele convite não era comum de se ouvir de um desconhecido. Porém não resisti ter sua companhia mais algumas horas.

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Possession
Fanfictie*Fanfic Ponny (Concluída) Madness... Foi esse o nome que Anahí admitiu após sua vida se perder no mundo e em meio a prostituição de luxo. Ela era apenas uma garota quando isso aconteceu e nada foi capaz de impedi-la de se tornar tão impetuosa, reque...