Capítulo 22

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Alfonso Herrera

Tomado banho e recuperado da transa com Alice, me pus a ler alguns processos encaminhados pela secretária naquela semana.
O trabalho sempre me fazia escapar da realidade. Era mais fácil pensar que estava cheio de tarefas a ter que lidar com o meu senso crítico analisando minhas ações recentes.

A mulher apareceu no meu apartamento mais uma vez, sendo impossível resistir à tentação.
Alice me satisfazia como homem, era linda e familiar. Exatamente o que precisava naquele momento.

Pessoas familiares.

Sabia que estava em uma teia frágil, e mesmo assim não deixei envolvê-la cada vez mais no meu mundo novamente.

Completamente vestida e com um casaco nas mãos, ela veio na minha direção e sentou nas minhas pernas, roubando um beijo eufórico. Ouvi os papéis sendo arremessados no chão para que pudesse ganhar mais espaço em mim. Aquela curta imagem loira percorrendo minha sala me tirava a atenção do que quer que fosse.
Alice sabia ser atrativa e fazia isso muito bem.
Durante os anos de relacionamento ela sempre soube como tirar meu foco do trabalho, para ter total atenção. Caso contrário nossa convivência seria ainda mais nula.

Finalizado o beijo, se afastou e me encarou por alguns segundos ainda com as mãos segurando a minha nuca.

- Tenho que ir até a casa dos meus pais.

- Ainda é cedo demais para pronúncias, não acha?

- Quero que eles fiquem cientes do que está acontecendo aqui.

- Não acho que seu pai vá gostar de imaginar você em cima de mim como está agora.

- Engraçadinho - Rebateu com um sorriso discreto - Eles precisam saber que vamos voltar.

- Alice...

- Não me prive disso, Alfonso.

- Tudo bem. - falei depois de algumas sessões de respiração profunda - Mas espere um pouco. Me dê tempo para organizar as ideias.

- Darei.

Ela pulou de cima de mim com um sorriso infantil e eu retribui o agrado lhe jogando um beijo pelo ar. Alice abriu um sorriso ainda maior  se desviando para pegar sua bolsa.

Me senti como um Papai Noel presenteando uma criança.

Ela não parecia rígida como das outras vezes em que nos vimos, agora, seu semblante era mais tênue, relaxado.

A porta se fechou, e com uma estranha sincronia, o BlackBerry tocou. Atendi a ligação de forma desleixada já que aquele era meu telefone particular e só tinham acesso a ele um número restrito de pessoas.

****

Ela estava sentada em uma das mesas mais afastadas da entrada do lugar.

Era difícil ver seu rosto, mas não impossível. Os cabelos longos e castanhos na base da cintura ficaram evidentes pelas brechas da cadeira. Me contive mais alguns minutos apenas apreciando a imagem através do vidro daquele Book Café.

Quando enfim decidi entrar, um pequeno sino soou no alto e o dono do lugar me encarou com um sorriso agradável. Ele baixou a cabeça de leve em cumprimento e me deixou seguir.

Sentei na mesa devagar, e por incrível que parecesse, ela não havia notado minha chegada mesmo o lugar sendo pequeno.

Anahí sorriu desajeitada ao ser surpreendida.

-  Olá, como você está?

- Bem - sua voz ao dizer aquilo parecia insegura - Quer café?

- Com certeza.

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