Anahí
Parada na frente do estacionamento, me despedi de Alfonso enquanto ele entrava em sua BMW. Charmoso como num filme do 007. Pensar em algo tão bobo me fez sorrir.
Quando ele sumiu da minha vista, virei pronta para dar os passos que me levariam de volta para casa, mas algo duro segurou meus braços.
Meu olhar era de medo e temor. Lessa estava usando mais uma das suas jaquetas de couro, com a barba para fazer e seus grisalhos gritantes, mal organizados entre os fios negros que ainda lhe restavam na cabeça. O homem fedia a fumaça e parecia disposto a me afrontar.
- O que você quer? - perguntei raivosa.
- Eu disse que ia vir atrás de você se não voltasse para a boate. Então, estou aqui querida.
- Lessa, me deixe em paz! - retruquei repuxando meu braço, mas ele o soltou antes me causando um pequeno impacto - Não pode me obrigar a voltar.
- Posso.
- O que vai fazer? Me arrastar pelos braços? Me matar?
- Não, você não.
Ele pôs a mão dentro do bolso interno da jaqueta e meus punhos se fecharam na mesma hora. Deduzi que dali pudesse sair qualquer coisa, menos um charuto.
Lembrei-me do fato daquele crápula ser viciado naquelas coisas.
Ele acendeu e me olhou, dando uma tragada forte, exalando a fumaça no meu rosto como uma afronta. Afastei a fumaça e permaneci firme, com o olhar duro.- Sua amiguinha está feliz? - questionou sarcástico.
- Vai mata-la ao invés de mim?- aquela pergunta pareceu desesperada da minha parte, mas foi à única coisa que consegui pensar naquele momento.
- Nossa! Pare de achar que vou matar as pessoas! - retrucou nervoso.
- Não a meta nisso Lessa. Dulce não tem nada haver.
- Escute aqui sua vadia, - disse me pegando novamente pelos punhos com bastante força. Apertei os olhos segurando uma lágrima de medo que queria brotar - se você não for dançar no fim do dia, como sempre, ela terá a vida destruída por sua imprudência.
Após dizer isso, o homem me jogou contra a coluna do estacionamento, voltando para dentro do seu carro e saindo com o freio prensado, esbanjando o som forte dos pneus. Eu segurei a parte detrás da minha cabeça, sobre o local que havia colidido no concreto. Doía e latejava. Chorei por estar sendo ameaçada daquela forma tão desamparada. Aquele assunto não era bom para delatar a um policial. Dulce também não podia saber de nada, muito menos desconfiar. Subi o elevador, segurando o rosto, desesperada pela minha condição.
O dia seguinte foi de puro rancor. Tentei disfarçar a minha preocupação enquanto Dulce falava, repetidas vezes, os detalhes da sua noite e do fato de Christopher ser incrível. Sinceramente eu não conseguia imagina-lo sendo aquele homem que ela falava, mas não opinei. Minha amiga merecia uma boa noite, e teve.
No fim da tarde, fui para a boate e Lessa resolveu me fazer uma nova proposta. Aquele problema precisava ser resolvido ou eu permaneceria sendo escrava do medo. Por sorte, prefiro pensar assim, ele aceitou a condição daquela ser a minha última vez. Ele era um homem ambicioso demais para abrir mão do meu talento, mas depois de deixar claro que tanto ele quanto eu tínhamos "erros a pagar" o homem cedeu.
- Se não dançar, ligarei para o novo trabalhinho da sua amiga e deixarei claro no que ela trabalhava.
- Tenho nojo de você!
- Tenha, à vontade - retrucou tragando seu charuto - Pelo menos ganharei um ótimo dinheiro com você. É o mínimo que me deve depois de todos esses anos, sua ingrata!
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Possession
Fanfiction*Fanfic Ponny (Concluída) Madness... Foi esse o nome que Anahí admitiu após sua vida se perder no mundo e em meio a prostituição de luxo. Ela era apenas uma garota quando isso aconteceu e nada foi capaz de impedi-la de se tornar tão impetuosa, reque...