Capítulo 53

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Alfonso Herrera

Sorrindo como um idiota, continuei escutando todas as complicadas orientações de Colins sobre como devia me cuidar dali por diante.
Dona Helena estava com um sorriso exuberante e satisfeito, a final todos estavam. Até aquele momento Anahí não tinha chegado do seu descanso. Mas não demorou muito para ela aparecer. Seu semblante estava distante quando entrou, pelo menos até me ver sentado na cama com uma pequena mala ao lado.

- Não acredito... - sua voz saiu rouca.

- Parece que meu paciente vai ser seu agora senhorita. - Colins tentou ser engraçado, mas ela nem lhe deu ouvidos.

Correndo na minha direção, Anahí abriu os braços e chorou agarrada ao meu corpo. Sentir seu perfume tão doce me inebriou. Ela cheirava a macadâmia. Segurei sua cintura e absorvi seu amor, sem me importar com todos que estavam ali. Ela mesma parecia ignorá-los. Beijei seu ombro e enfim nossos olhares se cruzaram de frente. Aquele par de olhos azuis estavam mais claros que o habitual, deixando as pupilas dela bem evidentes. Dilatadas e rodeadas pelo vermelho.

- Vamos pra casa?

- Por favor. Agora.

No meio da viagem, ela não disse uma só palavra, apenas decidiu deitar nas minha coxas e ser aninhada por mim. Ás vezes era notável a sua falta de estabilidade. Seu olhar parecia viajar por lugares que eu com certeza não teria acesso. Não havia como decifra-la. Anahí apenas apertava os lábios e se encaixava cada vez mais. Por sorte aquele banco traseiro do carro era cômodo e largo o suficiente para caber o seu corpo não tão grande. Ela era pequena.

No meu prédio, subimos o elevador, também em silêncio, mas foi aí que decidi que era hora de aborda-la.

- Alguma coisa está te incomodando?

Cabisbaixa, ela silênciou mais um pouco antes da sua atenção retornar para mim, prestes a decifrar minha dúvida, mas a porta do elevador se abriu e o som das palmas e gritos a silenciou novamente.

Malditos elevadores veloses!

Ainda me encarando Anahí adquiriu um riso ensaiado e andou para fora em direção a todos que nos recepcionavam.

A festa surpresa veio numa péssima hora e interrompeu nós dois. Maite me abraçou ao lado do marido, e de Christopher. Logo dona Helena também me abordou, com abraços e palavras que não ouvi. No meio deles meus olhos buscavam por ela, mas não consegui alcança-la.
Tive que esperar mais de trinta minutos até todos saírem depois da desculpa de que eu precisava descansar, para poder vê-la a sós novamente.

Anahí estava apenas de langerie quando entrei no quarto. Ela logo pegou o hobbie e o vestiu cobrindo o corpo que eu nunca cansava de olhar.

- Já foram. - falei fechando a porta.

- Maite teve trabalho em planejar tudo. Ficou muito bom.

- Ela sempre gostou de chamar a atenção... Mas eu gostei do que ela fez.

- Você devia mesmo agradecer. - ela disse aquilo se aproximando de mim para dar um beijo.

Foi renovador beijá-la tão fortemente. A princípio o beijo seria curto, mas eu não permiti que ela se afastasse de mim. Toquei sua nuca, e escorreguei por suas maçãs, segurando-a para distribuir carícias. Nossos lábios foram separados por ela junto de uma respiração quente.

- Não me beije assim... Seu corpo precisa repousar.

- Já fiquei tempo demais naquela cama, repousando, agora preciso de você.

Dei de ombros para o impedimento dela e lhe agarrei pela cintura disposto a convece-la. Anahí se deixou guiar pelas minhas mãos, amolecida conforme minha língua brincava com a sua, tímidamente. Ela mordeu meu lábio inferior numa supresa que me fez grunir afoito por mais.
Arranquei os botões da minha camisa e a retirei lançando-a sobre o chão.
As mãos dela começaram a passear pela minha costa já despida, energisando meu corpo.

Estávamos prestes a cair na cama quando mais uma vez ela se afastou, arranhando minha costa de uma forma erótica.

- Não podemos.

Aquilo doeu em nós dois.

- Desculpe por não resistir, mas você tem razão.

- Eu quero muito.

- Eu também.

Desapontado por mais uma vez a minha doença nos impedir, abracei seu corpo e a convidei para deitar.
Anahí recostou a cabeça no meu peito e deslizou seus dedos pela minha pele. Deitados, ficamos apenas ouvindo nossas respirações ofegantes de um desejo reprimido.

- Você vai morar comigo, não é? - perguntei esperançoso.

- Não vou perder mais nem um segundo ao seu lado. Quero estar aqui sempre.

Meu coração sentiu conforto pela resposta ser positiva. Apertei seu corpo contra o meu e ela deu um beijo em meu pescoço.

- Meu amor, não me disse o que te incomodava mais cedo.

O silêncio mortal perdurou por mais uns minutos. O que será que sempre a deixa silenciosa dessa maneira?

- Precisa confiar em mim. - continuei.

- Não é algo bom.

- Se tem haver com você me interessa.

Recuando, ela se ergueu e sentou ao meu lado. Recostei as costas na cabeceira e a fitei em espera.

- Hoje eu encontrei minha mãe.

- Sua mãe? - aquela revelação me deixou paralisado. - Como isso aconteceu?

- Não foi nada prazeroso vê-la depois de tantos anos e ainda assim não sentir ódio. Eu achei que nunca mais nos veríamos, e odiá-la a distância era mais fácil. Mas agora tudo foi diferente... Pensei que a ausência não dela significasse nada, e significou.

- Pois não acho que deva sentir ódio por ela. Talvez seja o momento de uma reaproximação.

- Isso nunca! Seria injusto perdoa-la depois de tudo.

- Tem certeza? Porque eu acho que quer ela perto.

- Pare.

- Anahí, você precisa de uma família. Agora mais do que nunca. Eu não quero te deixar sozinha. - meu peito apertou só de imaginar.

- E não vai! Com você eu tenho tudo.

- Vamos deixar isso se lado agora. Deite e pense um pouco. Outro momento me explica os detalhes desse encontro. Tudo bem?

Desconfiada ela concordou e se deitou novamente.
Me pus ao seu lado, mas a quantidade de remédio que tinha que tomar impediram um sono rápido.

Como eu queria ficar ao lado dela por mais tempo.
O Tempo...
Porque ele estava sendo tão injusto comigo?

Por muitos minutos apenas me contentei em admirar a forma como ela dormia. Tranquila e descansada. Aos pouco meus olhos pesaram, pedindo descanso também.
Sem dormir totalmente, esperei minha pálpebras fecharem, e elas fizera isso, me deixando de última visão os cabelos rebeldes de Anahí caidos sobre o seu rosto rosado.
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