CAP-15

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Alay: Me larga. - Disse puxando o braço. As duas lágrimas que inundaram seu olhar cairam, cada uma no canto do olho. Pablo só fez apertar a mão. Seus olhos brilhavam com um sentimento malévolo - Vai quebrar o meu braço. - Rosnou, magoada e ferida

Pablo puxou Alay com força, fazendo-a cambalear, e arrastou pela escadaria da mansão. Ela tropeçou duas vezes, mas ele continuou arrastando-a pelo braço até ela se equilibrar. Entraram em casa, passando direto pela sala de jantar. Larra estava lá com Benjamin e Ster. Dessa vez Larra e benjamim se sentavam juntos em um lado da mesa, Ster do outro lado, Pablo em uma ponta e Alay na outra. Larra arregalou os olhos ao ver Alay quase sendo arrastada pelo braço, o rosto vermelho pelas lágrimas que não deixava cair. Pablo jogou Alay na cadeira, que virou com tudo pelo lado, mas ele a segurou com força pelo ombro, não deixando-a cair e forçando-a a ficar quieta. Alay sabia que não adiantava lutar. Os empregados serviram o jantar, mas ela não tocou na comida. Se ele queria briga, eles brigariam.

Pablo: Coma. - Ordenou, duro

Alay: Não tenho fome. - Continuou na mesma posição, encarando-o. Seus braços tinham grandes marcas roxas.

Pablo: Alay, eu estou mandando você comer. É uma ordem. - Disse, o ódio retornando a sua voz

Alay: EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO FOME! - Gritou, puxando os seus pratos e talheres de uma vez, jogando-os no chão com fúria, quebrando a porcelana em pedacinhos, deixando o chão, antigamente lustrado, todo sujo.

Pablo partiu furioso pra cima de Alay. Iria mata-la, ela sabia. Morrer não devia ser tão ruim quanto viver aquilo. Mas Benjamin interferiu. Se levantou de uma vez e segurou o irmão. Larra se levantou rapidamente, saindo do caminho e levando uma Ster assustada. Alay continuou imóvel em seu lugar, com toda a dignidade que tinha, encarando o marido. Benjamin era forte, dava pra ver seus músculos bem definidos por cima da camisa. Se ele não estava conseguindo segurar Pablo direito, ninguém mais conseguiria. Isso só aumentou a raiva de Alay.

Alay: Agora, com sua licença, senhor meu marido. - Disse quase gritando e se levantou, derrubando a cadeira e jogando o guardanapo com força na mesa, antes de sair com passos pesados da sala. Pablo parou de se debater, olhando a mulher passar majestosamente pela sala e sumir depois da porta.

Na sala reinou um silêncio esmagador. Mas o pensamento de Alay estava longe enquanto ela olhava o jardim pela janela do seu quarto. Onde estava Rafael? Porque não voltou? "Duas crianças reclamando de como a vida é injusta com vocês." Por mais que lutasse, esses pensamentos lhe sufocavam. Ela virou o rosto com desgosto e foi tomar um banho, com a esperança de que a agua fria lhe despertasse desse pesadelo.

Benjamin: Ela não é a Lorena, Pablo. Ela não tem culpa, por Deus. - Murmurou, depois que Alay saiu da sala, ainda segurando o irmão

Pablo: Se não parecesse tanto. - Ele disse, e agora parecia sofrer - Maldição. - Passou a mão pelo cabelo quando Benjamin o soltou.

Pablo: Nunca mais deixe me atender, ou grite a mesa, estou sendo claro, Alay? - Disse num tom que era mais ameaçador do que qualquer outra coisa

Pablo entrou no quarto. Alay estava vestida com uma camisola de seda preta sob um hobbie também negro, que chegava ao chão, parada perto da janela. Ela apenas balançou a cabeça, como se ele não merecesse sua atenção.

Pablo: Ele não vai voltar. - Disse, perverso - Você pode passar a noite inteira de pé ai, ele não vai aparecer. - Sorriu, cruel.

Alay: E o que você tem a ver com isso? - Murmurou, perdida, enquanto olhava a longa estrada da fazenda, deserta. Ouviu o riso de Pablo trovejar atrás de si, mas não deu atenção.

Alay ficou até de madrugada olhando pela janela. Por fim, constatou que Pablo estava certo, Rafael não voltaria, não hoje. Tirou o hobbie e colocou-o perto da cama, junto com o roupão de Pablo. Deitou-se em seu lado, cobrindo-se e se aquietando. Estava perdida em torpor quando lembrou de uma coisa. Vampiro. Ela se endureceu na cama, virando-se pra olhar o marido. Ele dormia tranquilamente, uma expressão serena no rosto. Ele pode estar fingindo. disse a si mesma. Tirou uma mão lentamente de debaixo da coberta, e passou na frente dos olhos dele, fazendo movimento bruscos, mas ele continuava adormecido. Ela tocou no pulso dele, afim de sentir a pulsação do sangue, mas foi interrompida antes de conseguir sentir algo.

Pablo: Que diabos você pensa que tá fazendo? - Murmurou, rouco pelo sono, mas o verde de seus olhos já estava completamente atento, encarando-a.

Alay: Ai! - Ela se afastou, assustada - Nada, nada não, boa noite. - Disse depressa e se deitou de costas pra ele, bem afastada. Pablo franziu a sobrancelha, mas sorriu e voltou a fechar os olhos.

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora