CAP-30

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Rafael: Ficará boa em breve, minha Lay. E voltará a correr feliz no seu cavalo, do jeito que eu gosto de te ver. - Alay sorriu, fechando os olhos.

O tempo continuou passando. Alay foi melhorando relativamente. Suas costas já estavam praticamente cicatrizadas. Só haviam umas marquinhas leves, que ao passar do tempo foram sumindo, graças ao empenho de Rafael. Pablo passava as noites velando seu sono, sem que ela soubesse. O médico voltou a visita-la, e recomendou que ela passasse um pouco do tempo deitada com a barriga pra cima, pra não prejudicar a pele, abafando-a todo o tempo. Era assim que Alay estava agora. A chuva, o vento e os trovões dançavam lá fora. Ela estava deitada de barriga pra cima, com os cabelos esparramados pelo travesseiro, e os braços ao lado do corpo. O quarto estava escuro, Rafael já havia ido dormir.

Alay estava pensando sobre Pablo, sobre o que fizera com ela, sobre Lorena, sobre a adoração na voz dele quando chamava por ela. A injustiça era tão grande! Alay não tinha culpa, não pediu por esse casamento. E ainda, de brinde, Pablo quase mata ela por ter descoberto o maldito terceiro andar. O ódio tomou conta dela. E então uma dor diferente tomou ela. Era uma dor que cobria todo o seu corpo, desde as raízes do cabelo até os dedos dos pés. Uma dor semelhante a de um hematoma sendo pressionado. Alay ofegou, franzindo a sobrancelha.

Ainda de olhos fechados, flexionou a mão, mas descobriu que doía mais ainda. Passaram-se horas assim. Alay pensou que finalmente a morte tinha vindo lhe buscar, e teve ainda mais ódio. Que motivo idiota pra se morrer! Mas então, quando o dia foi amanhecendo, a dor foi passando, aos poucos. Alay abriu os olhos. Tudo parecia bem mais definido, agora que ela já tinha sua cabeça resolvida. Odiava Pablo. Ele iria pagar. O céu começava a se clarear, e ela se levantou. De onde arrumou forças, nem ela mesma sabia. Caminhou até o espelho. Se admirou de como estava. Antes teria se espantado, mas hoje se admirou. Seus cabelos não tinham mais um cacho. Eram apenas lisos, sem nenhuma volta, caindo pelas costas. Sua pele não tinha vida, era branca como a de um morto. Branca, como a de Pablo. Seus olhos eram de um azul frio, e era como se tivesse raspas de gelo por dentro. Porém, estava linda, pensou amargurada, consigo mesma.

Benjamin: Eu quero tomar café em paz. - Disse tentando acalmar a briga, mas a faca que estava em sua mão estava segurada em modo de ataque, como se ele fosse esfaquear alguém.

Alay: Bom dia. - Sorriu, fria, entrando na sala.

A primeira reação de todos foi o choque. Se não estivesse de pé, podiam considerar Alay morta, por sua cor. A segunda, foi o deleite. Ela prendera os cabelos em um coque apertado, onde nenhum fio se soltava. Usava um vestido cor de esmeralda.

Rafael: Lay, você não devia ter se levantado. - Repreendeu, ainda meio abobalhado.

Alay: Eu estou bem. - Sorriu. Sua voz também tinha mudado. Estava mais séria, mais grave - Bom dia. - Sorriu pra Pablo, e selou os lábios com os dele, em seguida indo pro seu lugar.

O café da manhã passou normalmente. Pela primeira vez em dias, Rafael e Pablo não brigaram mais, para satisfação de Benjamin.

Pablo: Alay? - Chamou, entrando no quarto

Alay: Sim? - Respondeu naturalmente, se virando pra ele.

Pablo: Você... - Ele observou-a por um momento - Você precisa de alguma coisa?

Alay: Porque precisaria? - Respondeu, dura. Ele assentiu, observou ela por uns segundos e saiu. Alay achou que ele parecia abatido, mas não deu atenção. Ele não merecia.

Rafael: Lay? - Chamou, entrando na sala. Alay ergueu os olhos pra ele. - Tudo bem?

Alay: Tudo. - Rafael continuou encarando-a. Ela riu - O que foi?

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora