Logo todos se recolheram. Alay e Pablo foram dormir sem falar um com o outro. De madrugada caiu uma tempestade, com raios, trovões, e muito vento. Alay acordou assustada com um raio. Ao erguer a cabeça, viu que mais uma vez estava abraçada a Pablo, que dormia. O quarto era iluminado por dois abajures, um de cada lado da cama. Ela colocou um cotovelo na cama, se apoiando no braço, pra encarar o marido. Parecia tão humano quando dormia.
Era surreal. Um bom tempo depois, involuntariamente, passou a costa das mãos pelo rosto dele. Era macio, agradável. Um sentimento que ela vinha refreando a muito tempo lhe açoitou dentro do peito. Como podia ter se apaixonado por aquele homem? As lágrimas desceram por seu rosto, descontroladas, enquanto ela acariciava o rosto dele.
Pablo: Porque você está chorando? - Perguntou, ainda de olhos fechados, a voz rouca pelo sono, alguns minutos depois.
Alay já chorava descontroladamente, porém, em silêncio.
Alay: Não é nada. - Ela se afastou dele, mas sua voz embargada era uma ótima delatora. Ela sentou na cama, e ia rapidamente levantando, quando sentiu a mão forte dele.
Pablo: Ninguém tem uma crise de choro no meio da noite por nada. - Ele continuou segurando-a, firme, sentado na cama. Alay soluçou no choro. - Me diga, o que houve?
Alay: Pablo, porque você me trata assim? O que eu fiz pra você? - Ela virou o rosto lavado de lágrimas pra ele.
Pablo: Eu te trato do meu jeito. Eu sou assim. - Ele respondeu, frio.
Alay: Não é. - A voz dela falhou, enquanto mais lágrimas desciam - Você não é assim. Essa é só a mascara que você usa pra todo mundo. - Ela passou a mão no rosto de Pablo, mas o rosto dele não era mais macio. Era duro, e frio. - Mas, Cristo, eu sou sua mulher. Você não precisa ser assim, pelo menos não comigo.
Pablo: Era por isso que você estava chorando? - Ele perguntou, duro, afastando a mão dela.
Alay: Tava chorando porque quero que o meu casamento dê certo. - Ela disse, agora contendo as lágrimas. Não queria parecer uma menina imatura - Pablo, vamos tentar. Veja Rafael, o amor dele por Luciana é tão grande que sobrevive a distância. - Pablo a encarava, a maxilar trancada - Benjamin e Larra se dão absurdamente bem. Nós podemos ser assim também. Eu sei que tem alguém aqui dentro, - Ela tocou o peito dele, Pablo se resetou - E esse alguém é capaz de me fazer feliz, nunca de me tratar como uma estranha.
Pablo: O que você quer que eu faça? Que eu cerque você, fique te olhando com os olhos brilhando como se estivesse doente, 24 horas por dia, tal como Benjamin? - Ele perguntou, debochado. Alay se levantou e ia rumando ao banheiro, totalmente deprimida, quando a voz dele lhe alcançou de novo - Ou prefere que eu te mande pra França, pra poder dizer que eu sou capaz de superar a distância? - Ele sorriu, malévolo.
Alay: Eu só quero poder dizer que te amo, sem me sentir uma idiota por fazer isso. - Ela disse com a voz cansada, se virando pra ele.
Por um momento, a máscara de Pablo caiu. Ele parecia não saber o que dizer. Um fio de esperança brotou no coração de Alay. Talvez estivesse dando certo.
Pablo: Você está se sentindo uma idiota, agora? - Ele perguntou, ainda sem aquela expressão fria, se levantando e indo até ela. Alay recuou involuntariamente, a camisola branca ralando no chão.
Pablo: Responde, petit. - Ele pressionou, encarando ela
Alay: Eu tô me sentindo uma completa idiota, Pablo, feliz? - Ela encarou ele. Já não chorava. - Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela se aproximou dele, e hesitante, pôs as duas mãos no peito dele.
O coração de Alay estava em altos pulos, parecia que ia sair do peito. Pablo a encarava, inexpressivo, perdido. Seu coração também não estava como devia estar.
O coração de Alay estava em altos pulos, parecia que ia sair do peito. Pablo a encarava, inexpressivo, perdido. Seu coração também não estava como devia estar.
Lorena: Você realmente se importa com o que eles dizem? - Ela riu abertamente, aquele riso que fazia qualquer homem se perder - Pois eu só me importo que tu pensas. Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela enlaçou as mãos no pescoço dele.
Pablo começou a rir, frio. Alay sentiu o pulmão trancar, o estomago apertando dolorosamente.
Alay: Do-do que você tá rindo? - Ela perguntou, trêmula, soltando ele
Mas Pablo continuou a rir. Era claro, ele estava rindo dela. Ela sentiu os olhos encherem de agua.
Alay: Não sei porque eu ainda tento. - Sussurrou, voltando a andar rapidamente pro banheiro.
Mas antes que ela alcançasse a porta, Pablo estava parado lá. Ele agarrou ela pelos braços, machucando-a, e a beijou. Era um beijo opressivo, Alay se debatia contra ele, mas ele era infinitamente mais forte. Ela se condenava por no fundo ser ali que ela queria estar, nos braços dele. Duas grossas lágrimas cairam rapidamente pelo seu rosto, enquanto ela sentia os lábios serem comprimidos furiosamente pelos dele.
Alay: Não, pára! - Ela empurrou ele com mais força ao sentir os beijos descerem pelo pescoço dela, e as mãos dele descerem de seus braços pro quadril, comprimindo-a contra a cintura dele. - Pablo, eu não tô brincando, pára!
Pablo: Você não vai fazer isso ser tão difícil quanto da ultima vez, vai? - Ele encarou ela por um momento. Alay perdeu o fio da fala ao encontrar o olhar dele, o verde estava inflamado, quente. - Isso, quieta. - Ele sorriu, malévolo, enquanto puxava as alças da camisola dela pro lado. Quando os ombros dela ficaram descobertos, ele passou os lábios entreabertos por ali, sentindo Alay se arrepiar.
Alay: Eu vou gritar. - Rosnou, agora com raiva, voltando a empurrá-lo. Quem Pablo pensava que era?
Pablo: Você acha realmente que alguém vai vir aqui? - Ele sorriu, enquanto suas mãos abriam o fecho da frente da camisola de Alay.
Alay: Rafael virá. - Ela disse, surpresa com a certeza que tinha disso. Pablo congelou por um momento, e ela parou de bater nele. Pablo ergueu os olhos pra ela, e ela o encarou por um momento.
Pablo afrouxou o aperto dos braços de Alay, ainda encarando-a. O olhar dele mostrava que ele a desejava. Como se tivessem combinado, Pablo avançou pra Alay e dessa vez ela correspondeu ao beijo. Enlaçou os braços no pescoço dele, enlaçando as mãos no cabelo curto do marido. Ambos ofegavam durante o beijo. Pablo puxou Alay pra cima, e ela enlaçou as pernas na cintura dele. Ainda aos beijos ele caminhou rápidamente com ela no colo, depositando-a de costas na cama, e deitando por cima dela. Seria muito melhor agora que ela tava cooperando. Pablo precisava dela, e não sabia porque.
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Original Sin
RomanceA história toda se passa no século passado Onde as coisas eram bem diferentes Alay uma jovem comum teve a vida de cabeça para baixo ao descobrir que seu casamento estava arranjado com Pablo deville um dos homens mais ricos do mundo. Ele- jurou odi...