CAP-18

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Alay se sentia viva. Seu cavalo parecia ter sido feito pra ela. Quando olhou pra trás, viu Rafael, aos risos, subir em seu cavalo e ir em sua direção. Em pouco tempo ele a alcançou, e os dois estavam completos novamente. Porque era ali que queriam estar, mesmo que tudo gritasse que não. Alay e Rafael cavalgaram pelo que pareceram horas. Só pararam quando a chuva os interrompeu. Rafael alertou-a, mas Alay continuou, rindo. Apenas quando seu vestido se tornou pesado demais de agua pra continuar, eles pararam em baixo de uma arvore imensa, ambos pingando agua. O cabelo de Rafael, que sempre era alfinetado pra todos os lados, agora estava bagunçado e pingando agua.

Rafael: Eu avisei. - Disse ao ver Alay batendo os dentes de frio. Ela riu. - Tome. - Ele tirou o terno

Alay: N-n-ão está muito menos molhado que o vestido. - Disse e riu da cara que Rafael fez, erguendo o terno molhado e encarando

Rafael: Nada que não se possa resolver. - Ele torceu o terno, que despejou agua pelo chão

Rafael: Pro diabo com o terno, tome. - Ele passou o terno quase humido pelo ombro dela, que se abraçou.

Alay: V-v-você vai f-f-ficar d-d-doente. - Resmungou, tentando devolver a roupa

Rafael: Acredite, eu não vou. - Ele sorriu, radiante. - Vamos embora. - Ele disse, olhando a chuva

Alay: Assim? S-s-s-onhe. - Ela riu, sarcástica.

Rafael: Vai piorar. E muito. - Disse, olhando o céu. - É melhor que estejamos em casa a essa altura. - Ele puxou ela pela mão, lançando-os na chuva de novo.

Alay se surpreendeu quando Rafael a puxou pela cintura, a ergueu e pôs em cima de seu cavalo, sentada de lado. A chuva parecia ser derrubada por baldes. Ele montou atrás dela, fez um gesto com a boca e chamou o cavalo dela, disparando em seguida. O cavalo, como se entendesse, acompanhou Jake.
Em movimento era muito pior. O vento parecia que ia congelar a espinha. Rafael riu quando Alay escondeu o rosto em seu pescoço, frio como sempre. Ela se perguntava como ele ainda estava vivo, perante a temperatura de seu corpo. A chuva agressiva que caia não permitiu aos dois ver, mas havia alguém olhando a cena da janela do segundo andar. E esse alguém não parecia nada satisfeito.

Benjamin: La. - Larra o encarou - A Alay te fala alguma coisa sobre o Rafael? - Perguntou, olhando enquanto Rafael descia do cavalo e puxava Alay. Os dois subiram as escadarias aos risos, e sumiram pela porta.

Larra: Ela me conta que ele é amigo dela. E que ajuda ela com o Pablo. - Disse, tentando se lembrar de alguma coisa - Porque? - Ela abraçou o marido por trás, acariciando a barriga dele

Benjamin: Nada demais. - Ele pôs a mão por cima dela - Só tenho um mal pressentimento em relação a isso. Besteira. - Disse enquanto um empregado aparecia na chuva e levava o cavalo de Rafael pro celeiro. - Huum, mas me diga, como estamos hoje? - Ele se virou pra ela, se agachando na altura de sua barriga, dando-lhe um beijo ali.

Larra: Estamos bem, muito bem. - Sorriu, acariciando o cabelo dele. Benjamin falava com o filho, mesmo que ele praticamente não existisse. Larra se sentia plena, feliz. Benjamin era tudo de melhor que ela podia esperar, e um pouco mais. O mesmo Alay não podia dizer do marido. Ela se despediu brevemente de Rafael, e foi pro quarto, ensopada. Tirou o vestido, tomou um banho, se secou. Quando a chuva deu uma tregua, ela foi ao celeiro, queria ver seu cavalo. Não foi dificil encontra-lo. Era mais alvo do que qualquer coisa ao alcançe da vista. Ela foi até ele, que pareceu feliz pela dona estar ali. Ela tirou ele da cela, levando-o pra um lugar um pouco mais aberto, debaixo de uma arvore. Pegou uma escova e um pano no celeiro e levou, junto com um banco.

Alay: Eu ainda não sei que nome te dar. - Ela disse ao cavalo, pensativa, enquanto escovava a crina do animal. Alguém havia tirado a lama das patas alvinhas do cavalo e secado, tanto ele, quanto o de Rafael - Hum... Seth? - O cavalo a olhou, como se gostasse - Pronto, Seth. - Sorriu, radiante, acariciando-o. Seth estava dócil aos carinhos da dona, se exibia pra ela quando ela o elogiava. Mas de repente, viu algo que o fez relinchar e trotar pra trás.

Pablo: Seu cavalo é um covarde. - Acusou, se aproximando da mulher. Alay se assustou.

Alay: Calma, Seth. - Ela acariciou o cavalo, acalmando-o. Pareceu funcionar. Mas o cavalo ainda encarava Pablo com um olhar hostil - Não há problema nenhum com ele. - Resmungou pra Pablo, enquanto voltava a escovar o animal.

Pablo: Não me lembro de ter comprado esse. - Disse, avaliando o cavalo. Seth pareceu incomodado.

Alay: Rafael me deu de presente, hoje. - Disse sem dar atenção. Alay estava de costas, por isso não viu o brilho raivoso que atingiu o olhar de Pablo enquanto ele avançava pra ela.

Pablo: Vai devolve-lo. - Ordenou, puxando o braço de Alay que o encarou, surpresa - Vai devolver hoje. Existem dezenas de cavalos nessa fazenda, centenas até, escolha um a seu gosto e ele será seu. Mas vai devolver esse.

Seth se ergueu nas patas da frente, relinchando alto. Pablo partiu pro cavalo, raivoso, mas Alay se pôs no meio.

Alay: Não vou devolver, não. - Disse, obstinada - Seth, calma. - Ela passou a mão na crina do cavalo

Pablo: É minha mulher, Alay. Me deve obediência. - Lembrou, frio.

Alay: E eu vou obedecer. - Disse, erguendo o queixo, digna. Pablo sorriu, debochado - Mas eu não vou devolver.

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora