CAP-80

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Larra: ALAY! – Gritou, assustada, quando a irmã entrou em casa. 

LUCIANA: Meu Deus. – Exclamou, ao ver o estado da morena.Alay estava em estado catastrófico. Seus lábios estavam roxos, vermelho-escuro, cor de sangue seco, coloridos pelo sangue de Pablo. O vestido branco, bonito, estava todo manchado de sangue, rasgado. Haviam dois curativos: um em sua mão e outro no outro braço. O lado esquerdo de sua testa estava lavado em sangue, e o lado direito do pescoço escorria sangue seco até o colo, sumindo no decote, manchando o vestido. A boca dela estava partida, e os olhos inchados. 

Larra: Benjamin – Ela se apressou ao marido – O que houve?!

Benjamin: Depois eu explico. Tenha calma. – Ele beijou a testa da esposa.

Larra: Lay, você está bem?

Alay: Não. – Ela ergueu o olhar pra irmã, suspirou e tomou as escadas, fraca, rumo ao seu quarto – Larra, escreva a Guilherme. Conte o que aconteceu. Peça que venha, o mais rápido possível. – Pediu, com a voz rouca, e Larra assentiu. Alay foi ao seu quarto, e lá a dor lhe invadiu. Tudo ali lembrava ele. Ela olhou a cama, e se lembrou do riso travesso dele, rouco, quando os dois, em plena paixão, quebraram a cama antiga. Podia ver ele ali, perto do berço de Dulce, ou parado na porta do banheiro, observando-a. Ela terminou de rasgar o resto do vestido, sem paciência pra isso. Estava perdido mesmo. Tomou um banho longo, e viu o sangue ir pro ralo junto com a agua. Pelo menos não tivera nenhum sangramento intimo, o que significava que se realmente estivesse grávida, não perdera o filho. Ela lavou os cabelos, o rosto. Pode sentir o longo corte por debaixo dos fios pretos, mas não deu atenção a ele, nem a dor que sentiu quando a espuma o tocou. Ela se enxaguou, se secou, e saiu do banheiro. Pegou o kit de primeiros socorros, e tirou as ataduras do braço. Poderia ter sido pior, ela pensou, vendo a queimadura do acido. Estava ferido, sim, mas muito menos do que o rosto de Lorena.

Achava até que poderia se curar daquilo sem marcas, se se tratasse corretamente. Ela trocou o curativo do braço e da mão, fez novos e limpos. Passou uma pomada no corte da cabeça e da nuca, vestiu o espartilho e a calcinha, e assim ficou. Foi quando Larra chegou.

Larra: Lay?

Alay: Entra. – Disse, sem vida. Larra entrou no quarto. 

Larra: Eu trouxe isso pra você. – Ela mostrou um prato com algo que lembrava uma canja, uma sopa, Alay não sabia dizer. – Benjamin me contou o que houve.

Alay: Não quero, obrigado. – Ela rejeitou, pegando um vestido no guarda-roupas – Eu estou voltando pro hospital. Quero ficar com ele. 

Larra: Lay, você teve um dia difícil. Se estiver mesmo grávida, pense no bebê. – Censurou, oferecendo novamente a sopa.

Alay: Não é necessário. Cuide de Dulce por mim. – Pediu, escovando o cabelo sem paciência.

Então Alay partiu. Seu vestido era simples, cinza. Era a cor que sua alma estava agora. Alay chegou sozinha ao hospital. Caminhou até o quarto do marido, mas não conseguiu se privar de ouvir a conversa que Rafael tinha com o médico, ambos dentro do quarto. Ela parou atrás da porta, e aguçou os ouvidos.Médico: ... Mas tudo depende da reação dele nas próximas 48 horas. A bala atingiu em cheio órgãos vitais do sistema dele, e a reabilitação é complicada. Mas, como disse, tudo depende da reação dele. Nós estamos fazendo o que podemos.

Rafael: Tudo bem. – Ele respirou fundo – Com sua experiência profissional. Qual a sua opinião.

Médico: Sinceramente? – Rafael assentiu uma vez – É complexo demais. Segundo o que eu sei, ele não passa dessa noite. – Rafael passou a mão no cabelo, suspirando. Alay recebeu aquilo como um murro no estomago. Ele não passa dessa noite. Ela ergueu o rosto, olhando o enorme relógio no final do corredor. A noite só estava começando.

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora