CAP-76

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Assim, de mais em mais, dois meses se passaram. As malditas cartas continuaram chegando. Pablo se desdobrava pra que Alay não soubesse da existência delas, mas isso o estava deixando cansado. Todas as cartas ele guardava em sua gaveta pessoal do escritório, aquela onde ninguém procurava nada, na esperança de conseguir encontrar Lorena, e fazer ela engolir, uma por uma.

Dulce estava fascinada desde que descobriu que podia se mexer sozinha.

Alay: Amor, o que foi? – Perguntou, certa noite, após ver o marido com a expressão chateada, cansada, sentado distante da família.

Pablo: Oi? – Ele olhou ela – Não, nada. 

Alay: Como nada, Pablo? – Perguntou, brava – Você não tem comido direito, só anda pensativo, cansado. Está doente? Foi alguma coisa que eu fiz? Que diabo, eu não agüento mais te ver assim! – Reclamou.Pablo sorriu de canto, olhando a mulher. Era tão linda quando ficava brava. A sobrancelha se franzia, dando um tom mais duro aos olhos. A face se endurecia. Quem visse de longe, até achava que seria perigosa.

Pablo: Só estou um pouco cansado. Não te preocupes comigo, eu vou ficar bem. – Ele beijou os lábios dela de leve. Alay suspirou.

Alay: Por favor? – Pediu, derrotada.

Pablo: Vamos ficar bem. Eu prometo. – Ele puxou ela levemente, fazendo-a se encostar em seu braço. – Olha aquilo. – Apontou pro outro lado da sala, onde Rafael babava por Johanna. A menina tinha os olhos do topázio mais intenso. Era uma copia viva do pai.

Rafael: Cadê o sorrisão do papai? – Luciana fez uma careta engraçada, olhando do marido pra filha. – Onde tá? – Insistiu, alisando o cabelinho da menina. Johanna sorriu, mexendo os braços e as pernas. Luciana riu da cara de bobo que Rafael fez.

Benjamin: Não sei qual o seu problema. – Repreendeu o irmão, com uma careta.

Rafael: Se sua filha não sorri, o problema não é meu. – Rebateu, erguendo os olhos pro irmão.

Benjamin: Me dá ela, La. – Pediu a Larra, que, rindo, entregou a menina ao pai – Sorri pro papai, meu amor, sorri. – Pediu, acariciando o rosto da menina.Victoria riu da cara do pai, segurando seu dedo. Benjamin ergueu o rosto, vitorioso, pra Rafael, que não deu atenção. Pablo riu dos dois. Foi quando viu a filha engatinhando em sua direção, com o rostinho sério. Alay também viu. A menina engatinhou até o pai, e segurou a calça dele, puxando. Um caso claro de ciúme. Pablo olhou ela. Ela olhou o pai, em seguida olhou Johanna e Victoria, depois se voltou pro pai, com um biquinho lindo no rosto.

Pablo: O que foi, minha princesa? – Perguntou, após carregar a menina, que se encolheu no peito dele.

Alay: Quem mexeu com você, meu amor? – Perguntou, acariciando o rosto da filha. A menina olhou as primas novamente, e encarou a mãe. Pablo observou os movimentos da pequena com fascínio no rosto. Dulce ergueu o rosto, cheia de orgulho, mas ainda com o bico ciumento.

Pablo: Deixa o papai contar um segredo pra você. – Chamou, pondo a boca perto do ouvido da filha – Você é mais linda que todas elas. – Disse, e a menina riu de cócegas com a sensação que o hálito do pai dava em sua orelha. Alay riu do riso maroto da filha e lhe beijou a testa. Pablo sorriu, pensando em como a vida havia sido generosa com ele. E então o medo de que aquilo fosse estragado voltou ao seu peito, e ele suspirou. Não ia permitir. De jeito nenhum.

Mais um mês se passou. O aniversário de Dulce se anunciou em uma manhã fria. Mais uma vez estava nevando em Seattle. Pablo alugou o maior e mais luxuoso salão da cidade. Aquele que só era usado pra grandes bailes, ou conferencias políticas. Alay se perguntava constantemente de onde o marido tirava tanto dinheiro. Toda a decoração foi como ela quis, sob medida. O bolo era enorme, três andares sustentados por plataformas médias feitas com biscoito champanhe, e com as iniciais da menina em cima. Alay usava um vestido preto, tomara que caia, com detalhes prateados no busto. Ela fizera alguns cachos no cabelo, e se maquiara fortemente, gostava do contraste da maquiagem com seu rosto pálido. Colocara a pulseira que Rafael lhe deu, e uma correntinha e brincos, que eram só pontinhos brancos, que ganhara de Pablo recentemente. Dulce usava um vestidinho prateado, com sapatilhas da mesma cor, parecia uma bonequinha de porcelana. Alau lhe passou um nadinha de batom cor de pele. A menina adorou. Os cabelinhos pretos eram lisos, caindo em channel pelo rosto. 

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora