Pablo: Sua mão. - Ele disse após vários minutos de silêncio, ao ver a mão dela descoberta. O lenço havia soltado, e agora o corte sangrava fracamente.Alay: Eu não vi. - Ela disse, olhando a mão - Mas está tudo bem. Entre mortos e feridos... - Interrompida
Pablo: Salvaram-se todos. - Ele revirou os olhos e ela riu, divertida. - Vamos sair daqui, está ficando frio. - Ele disse depois de dar um beijo na testa dela, alcançando uma toalha
A&P sairam da banheira calmamente. Pablo deu uma camisola leve, de linho, cumprida pra Alay vestir, enquanto secava o cabelo. Ela estava sonolenta, cansada, e franziu o cenho. Ainda teria o jantar, ela tinha que se arrumar, mesmo que seu corpo gritasse por sono. Ele insistiu pra que ela colocasse a camisola. Ela obedeceu. Depois, soltou os cabelos e penteou-os. Sentou-se na beira da cama esperando o marido terminar de se aprontar.
Alay: Eu ainda preciso jantar. - Disse, os olhos quase fechando de sono.Pablo: Eu mando trazerem o seu jantar aqui. Vou dizer que você está indisposta. - Ele sorriu de canto enquanto enrolava a mão ferida dela com uma atadura.
Ao terminar, Alay foi pra debaixo dos lençóis. Ele ajeitou o cobertor dela, que sorriu.
Pablo: Durma bem. - Disse antes de beijar-lhe a testa. Logo depois saiu. Alay apagou em seguida, estava exausta. Talvez tudo isso fosse um sonho, e logo ela acordaria, pensou enquanto apagava.
Pablo só voltou pro quarto de madrugada. A chuva parecia tentar derrubar a mansão. Ele fechou a porta do quarto silenciosamente, e se virou pra Alay. Ela dormia tranquilamente, algumas mechas de seu cabelo espalhadas pelo rosto, a mão levemente apoiada próxima ao queixo. Ele se aproximou da cama, sua maxilar estava travada, contraída, como se ele estivesse sentindo uma dor muito forte, quase insuportável. Observou ela por uns minutos, depois, balançando a cabeça negativamente, se afastou.
Alay acordou na manhã seguinte, sem querer acordar. Não tinha esperanças. Tudo voltaria a ser como era antes. Ela abriu os olhos, dando de cara com o dorsal da cama. Ao olhar pro lado, Pablo ainda estava lá, se arrumando, com os cabelos levemente molhados.
Alay: Bom dia. - Ela disse, meio rouca, fazendo um ultimo teste.
Pablo: Bom dia. - Respondeu, indiferente, enquanto fechava o colete.
Alay suspirou, derrotada. Se levantou e passou por ele em silêncio, entrando no banheiro e fechando a porta. Parou na frente do enorme espelho que havia ali. Seu rosto parecia mais vivo, as maçãs mais avermelhadas, porém o azul de seus olhos estava quase morto. Ela passou a mão no rosto, e foi tomar um banho frio, pra despertar os animos. Quando saiu, ele não estava mais lá.
Larra: Lay? - Bateu na porta levemente
Alay: Entra, Larra. - Ela disse, entrando em seu vestido. Larra entrou no quarto e fechou a porta.
Larra: Agora, me conta t-u-d-o. - Disse, ansiosa - Porque você não foi jantar ontem? Não me confirma aquela história do mal-estar, porque eu sei que você passou a tarde toda trancada aqui dentro com ele. - Alay revirou os olhos - Deixa que eu amarro. - Se ofereceu, indo pra trás da irmã
Alay se apoiou na penteadeira, enquanto Larra começava puxar os cordões do vestido.
Alay: Aconteceu o que você está achando que aconteceu. - Respondeu simplesmente, puxando o decote do vestido pra cobrir uma marca de Pablo que não sumiu.
Larra: JURA? - Alay repreendeu o grito dela com o olhar - Desculpa. - Ela balançou a cabeça, se acalmando. Lay riu disso. Larra era tão espevitada, que chegava a ser engraçado - Onde? - Ela perguntou, animada, enquanto puxava outro cordão com força
Alay: Lá. - Ela apontou pro banheiro - Na banheira. - Observou, enquanto olhava
Larra: Banheira? - Perguntou, com um sorriso nascendo na boca - Eu nunca tentei a banheira. - Lembrou. Alay riu. - E depois?
Alay: Depois ele foi jantar, e eu despenquei de sono. Hoje de manhã voltou tudo a ser como era antes, no quartel de Abrantes. - Ela viu o sorriso de Larra desmoronar
Larra: E você não tá irritada, como sempre? Aborrecida? - Perguntou, laçando o corpete
Alay: Não. - Larra a olhou pelo espelho, confusa - Quando você consegue uma coisa com que sonhou por muito tempo, é irracional lamentar porque durou pouco. - Disse, com o olhar baixo - Se é pra ser assim, vai ser assim. Cansei de brigar, de discutir. É desgastante.
Larra: Torço pra que dê certo com ele, Alay. No fundo ele gosta de você. - Alay sorriu de lado - Mas vem cá, voltando a história da banheira, - Interrompida
Alay: Pode parar, Larra Vitória - Se virou, rindo - Qual o seu problema? - Perguntou enquanto Larra avançava, saltitante, pro banheiro.
Pablo ouvira toda a conversa. Ele ia entrar no quarto, mas parou pra ouvir quando ouviu seu nome. Agora tinha um sorriso distante no rosto, o olhar pensativo. Ele se afastou balançando a cabeça negativamente e rindo baixo quando Larra começou o interrogatório contra os prós e os contras da banheira, e Alay gritou, mandando-a calar a boca.
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Original Sin
RomanceA história toda se passa no século passado Onde as coisas eram bem diferentes Alay uma jovem comum teve a vida de cabeça para baixo ao descobrir que seu casamento estava arranjado com Pablo deville um dos homens mais ricos do mundo. Ele- jurou odi...