CAP-51

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Durante duas semanas, a paz reinou na mansão Deville. O curativo de Pablo cicatrizou com perfeição, perante aos cuidados de Alay. Essa vinha comendo excessivamente, e seu gosto havia mudado radicalmente.

Alay: Está pronto. - Concluiu, dispensando o curativo dele. Os pontos já haviam sido tirados. Ele estava bem.

Pablo: Obrigado. - Agradeceu, passando a mão no cabelo. Finalmente, livre daquele curativo.

Alay: Volte pra ela, agora. - Disse, calma, enquanto fechava a caixinha de primeiros socorros.

Pablo: Tudo volta a ser como antes, então? - Perguntou, olhando-a.

Alay: Você escolheu assim. - Respondeu, dura - Não se preocupe, vou cuidar pra que Rafael não atire mais nada contra você. - Ela se levantou - Com licença. - E saiu, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

Alay saiu, e foi a cozinha. Estava com um desejo enorme de comer figos.

Pablo ficou quieto, mas logo se levantou, e começou a se arrumar. Lorena devia estar uma arara, pensou, enquanto saia. E ela estava. Gritou com ele, esbravejou, mandou-o embora. Ele apenas observou ela e esperou que sua fúria diminuísse, sentindo falta da paz e da quietude de casa. Por fim, não agüentou.

Pablo: Lorena, o que queria que eu fizesse? - Perguntou, cansado - Eu estava lá, preso à cama. Alay ia fazer tirarem você de lá a força! O que quer que eu faça?

Lorena: Se divorcie dela. - Exigiu, séria - Devolva ela pro pai.

Pablo: O quê? - Perguntou, incrédulo

Lorena: Devolva ela pro pai. - Repetiu - E então vamos embora daqui, só nós dois. - Ela sorriu, animada com a ideia.

Pablo pensou em Alay, sendo devolvida. Conhecia Pedro. Divorcio não era algo tão simples naquela época. Ela seria discriminada, maltratada. Sem contar que o pai a mataria, por alto. Sem contar na humilhação, que era enorme.

Pablo: Eu não posso. - Disse, sem pensar. Era o que sentia.

Lorena: Porque não? - Perguntou, se irritando novamente

Pablo: Ela não merece. Não queria se casar comigo. - Ele se lembrou das tentativas de Alay a persuadi-lo a desistir do casamento - Não vou expor ela a essa humilhação.

Lorena: Qual o seu problema? - Quase gritou. - Vai defender ela agora?!

Pablo: Sinceramente, eu vou embora. Vou trabalhar, é o melhor que eu faço. De noite eu vou voltar, e eu espero que você tenha parado de gritar. Caso contrário, eu vou pra casa. - Concluiu, curto e grosso. Odiava que ficassem gritando com ele. Não era criança.

Pablo estava indo pro trabalho, mas mudou de idéia. Puxou as rédeas do cavalo e mudou de direção. Tecnicamente voou até em casa. Precisava falar com Alay. As coisas não podiam ser assim.

Rafael: Alay, deixa de ser teimosa. - Insistiu, correndo atrás dela, que ria. - Sabe que quando eu quiser, alcanço você. - Disse, calmamente, enquanto corria atrás da morena.

Alay: Duvido. - Desafiou, rindo, enquanto se acabava de correr.

Então, num pulo, Rafael estava colado a ela. Ele a abraçou pela cintura e ergueu ela do chão, que riu gostosamente. Foi essa a cena que Pablo viu de longe, ao chegar em casa. Então era isso. Ele voltava pra casa, disposto a conversar, e ela estava lá, se divertindo com Rafael. Sua expressão era fria quando ele puxou as rédeas do cavalo, pra sair. Alay e Rafael não viram ele. Porém, ele tampouco foi trabalhar.

Lorena: Pablo! - Constatou, surpresa - Ah, me perdoe! Eu fui prematura, infantil, eu pensei que... - Interrompida.

Ela não conseguiu terminar. Pablo, com a expressão dura, como quem está sentindo uma dor fuminante, segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou possessivamente. Ela riu de alivio, e o abraçou pela cintura. Logo os dois desabaram na cama, com ele por cima dela, e estava tudo perdido, novamente.

Original SinOnde histórias criam vida. Descubra agora