58.

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Eh, pois é...

Foi uma longa madrugada.

Amanheceu,o dia começou assim relembrando-me do meu perturbador e intranquilo resto de madrugada.

Eu consegui me manter calma somente graças ao anestésico que Denise me deu antes de costurar meu braço ou sei lá, fora isso, eu não conseguia parar de chorar.

Lá pra algum ponto da madrugada, colocaram Carl num quarto de alguma casa por aqui. Acho que era a casa de Jessei.

Depois que enfaixaram meu braço, a dor física ainda era aguda e pela primeira vez em tempos e anos, eu sentia como se meu coração estivesse sangrando dentro de mim.

Meu sangue ardia e ia queimando por dentro.

Quando acordei do meu "coma" eu procurei por Carl, mas Maggie não me deixou vê-lo. Falou que eu precisava me acalmar.

Me dei água com um pouco de açúcar que a achou, e assim eu fui dormir. Encostada numa parede, espremida num estreito corredor com os olhos fixos apenas na porta do quarto de Carl a minha frente.

Dormindo e acordando a cada meia hora, com meus pesadelo me deixando cada vez conturbada, dando me a impressão de que talvez Carl não acordasse mais.

Mas era apenas impressão.

Eu sabia que ele não estava morto, estava apenas... Desacordado.

E eu tentava fazer isso martelar na minha cabeça a cada segundo de cada minuto.

Enquanto todos estavam ocupados com as demais coisas em Alexandria, eu me mantive ali naquele mesmo ponto. Eu ainda esperava ouvir sua voz, naquela mesma noite.

Mas não rolou.

Quase de manhã, ainda não tínhamos nem sinal de Carl acordar. Isso era o de pior, mas ninguém não me dizia nada.

Ninguém falava nada pra mim. Todos entravam, demoravam lá, o examinavam, mas ninguém me dizia se ele estava bem, ou quando iria acordar ou apenas "Seja forte."

Nada.

Aquilo me irritava e ao mesmo tempo, me deixava mais doída.

Me preocupava também, estava começando a pensar que ninguém me falava nada porque não queriam me preocupar, ou porque não tinham realmente certeza de seu estado.

Ele não podia morrer.

Ah, não podia mesmo. Eu o proibo de morrer.

E foi no meio desses pensamentos, que me bateram lá pela manhã,que eu finalmente me manifestei.

-Carl Grimes seu inútil... -Sussurrei fria, me levantado ainda com as costas na parede. -Seu inútil, seu...

As lágrimas,que eu achei que já haviam acabado, voltaram aos meus olhos por completo e logo descendo deles, para a minhas bochechas.

-Seu ridículo, birrento, chato... -Eu sabia que Rick estava lá dentro do quarto, mas aquilo não me impediu de chutar e esmurrar a porta de madeira com força.

-INÚTIL!

Eu não sabia porque a raiva estava me dominando, mas ela estava acendida como fogo e se espalhou por todo meu corpo, fazendo minha boca abrir pra descontar toda a raiva em forma de gritos.

-INÚTIL! ACORDA SEU IMBECIL, ACORDA! VOCÊ PRECISA ACORDAR! CARL GRIMES VOCÊ TÁ ME OUVINDO?! -Chutei mais umas três vezes a porta. -VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR AQUI! Não pode...

Apoiei minha testa na porta, continuando a soluçar e chorar feito um bebê.

-Katy! Ei, ei, ei, ei! -Michonne agarrou meu braço, fazendo eu me afastar da porta.

Your Smile // Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora