Thomas nem tentou lutar. Só o tempo que ele levaria para recarregar a sua arma, seria tempo suficiente para os dois índios armados com o arco e flecha atirarem.
Devagar, o inglês passou a alça da arma pelo seu corpo, colocando ela em suas costas e ergueu as mãos em sinal de rendição. Só esperava que eles também entendessem que ele estava se rendendo.
Os índios o seguraram e o levaram mais para dentro da floresta. O grupo de mulheres e crianças caminhavam junto com eles.
Depois de algum tempo caminhando, o grupo chegou a uma espécie de aldeia. Sua presença logo foi notada pelos demais e Thomas se viu alvo de olhares e toques. Seu cabelo, suas roupas, tudo os nativos tocavam.
"Será que eles estão pensando em quanto comestível eu sou?", pensou ele assustado.
Um segundo grupo foi de encontro ao deles. Thomas viu que um índio caminhava a frente dos demais. Parecia o líder. Penas coloridas adornavam o seu cabelo preto, mas com alguns fios brancos, mostrando que ele não era mais tão jovem.
O inglês foi forçado a se ajoelhar perante o líder. Em desvantagem, ele aceitou o seu destino. Com certeza agora seria morto e comido por esses índios.
A índia que ele salvara, foi ao encontro do líder falando rapidamente. O porco do mato foi jogado aos pés do líder que olhou espantado para o bicho.
Os índios que o capturaram também falaram algo que o inglês não pode compreender. Ele só viu que o líder havia pegado a criança e a apertava entre os braços.
O líder bradou alguma coisa e o povo que acompanhava o caso bradou de volta. O líder apontou na direção de Thomas e mostrava a criança e a índia. Os índios que o seguravam, levantaram-no.
Para a surpresa de Thomas, um homem branco vestido, ou melhor, não vestido como os índios correu na direção da assembleia. Ele tinha longos cabelos escuros e barba cerrada.
O homem parou próximo ao líder e ele entregou a criança ao homem. A índia correu para ele abraçando-o. O branco olhou na direção de Thomas.
- Você é inglês? - perguntou.
- Sim. Graças aos céus, você me compreende. Só quero saber uma coisa: Eles vão me comer?
O homem riu e repetiu a pergunta de Thomas na língua indígena. Toda a assembleia riu com ele, inclusive o líder que mandou que soltassem Thomas.
- Não, meu caro. Eles não vão lhe comer. Você não é um prisioneiro. Você salvou a filha de Itarambé e seu neto. Ele tem uma divida com você, assim como eu, pois eles são a minha família.
Thomas o olhou sem acreditar.
A uma ordem do chefe, a assembleia se dissipou e todos foram cuidar de seus afazeres.
O homem branco estendeu a mão à Thomas.
- Peter Glasgow à sua disposição.
-Thomas Horton. - Thomas apertou a mão estendida. - Você é inglês?
- Deus do céu! Nem em sonhos. Sou escocês. Peter é meu nome de batismo. E Glasgow para nunca esquecer minha origem. E você?
- De Londres.
- Está muito longe de casa, inglês.
- E você mais ainda.
Um homem velho, vestindo penas e ossos aproximou-se do grupo e começou a rodear Thomas.
Peter fez um sinal para que ele ficasse quieto enquanto o velho murmurava algumas palavras em sua língua.
Depois do minucioso exame, o velho apontou Thomas enquanto falava ao líder.
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A Terra e o Mar - o encontro de dois mundos
Historical FictionLeonor vivia sua vida simples e ordenada no seu pequeno paraíso. Corajosa, vivia com o pai e cuidava dos irmãos com desvelo de mãe. Mas, durante um ataque pirata à cidade em que vivia, tudo mudou quando cruzou o caminho de Thomas Horton, um dos coma...