Cavendish entrou em sua cabine e ficou andando de um lado para o outro enquanto aguardava a chegada de seu imediato.
Thomas entrou em seguida e aguardou a enxurrada de perguntas e imprecações que viriam.
Cavendish olhou para ele e viu os ferimentos infringidos pelo punhal do mouro. O sangue que vertia dos cortes no braço e peito manchava a camisa que ele usava. Com um suspiro exasperado, o capitão foi até a porta.
- Senhor Bolton! Venha até aqui!
Bolton era o cirurgião que estava a bordo do Leicester fugindo de dívidas que o mandariam para a prisão. Era um bom homem, mas não resistia ao jogo.
O nobre inglês pegou uma toalha e jogou para o seu imediato.
- Ali tem água. Lave esses cortes, antes que manche o meu tapete.
Thomas tirou a camisa, molhou a toalha e começou a lavar os cortes, comprimindo os lábios ao senti-los arder.
Bolton entrou carregando uma pequena bolsa que colocou em cima da mesa. Dela tirou dois frascos e um carretel de linha. Do bolso do colete, tirou uma agulha e começou a se preparar.
- Sente-se, Horton. Bolton irá tratar de você e enquanto isso você me responde que diabo foi aquilo.
- Eu já lhe disse senhor. Rachid tentou violentar a moça e eu a defendi.
- É engraçado como você parece ter um sexto sentido em relação a essa moça. – Cavendish pegou dois copos e colocou vinho neles. – Já haviam me falado a respeito e hoje eu pude comprovar. – estendeu um deles à Horton. O rapaz bebeu o dele num gole só. Só esperava que o vinho forte que Cavendish bebia aliviasse a dor quando Bolton começasse a costurá-lo.
Cavendish bateu o punho na mesa, fazendo os frascos de Bolton balançar. O cirurgião não se perturbou, continuando a preparar as agulhas para sutura.
- Droga! Espero que isso não faça El cuervo romper o nosso acordo.
- A moça não sofreu nada, senhor. Eu...
- Eu não estou preocupado se Rachid conseguiu estuprar a moça. Estou mais preocupado com a troca de olhares entre você e a moça. Que ele não tenha achado, como eu, que ali havia mais do que gratidão. – Thomas ficou calado. – Droga, Horton! Se tiver alguma coisa que você queira falar, diga agora.
Thomas reforçou a máscara de fria calma que ostentava. Bolton derramou o líquido de um dos frascos em seu braço antes de começar a suturá-lo. Ardia tanto que ele mal sentiu a picada da agulha.
- Não senhor. Não há nada. A moça apenas agradecia.
Cavendish continuou olhando para o seu imediato como se quisesse se certificar de suas palavras. Pareceu convencido, quando voltou a encher seu copo.
- Pronto senhor. – disse Bolton ao terminar de suturar os cortes de Thomas.
- Obrigado senhor Bolton. – agradeceu Thomas vestindo a camisa.
- Foi um prazer, senhor Horton. É uma honra consertar um homem que se feriu ao defender uma mulher. Parabéns, senhor.
- Obrigado, senhor Bolton. Está dispensado. – disse Cavendish.
Os dois observaram o cirurgião sair da cabine. Cavendish entregou um copo a Thomas.
- Embora os homens não devam saber disso, eu também congratulo você por vencer aquela luta. Foi um belo espetáculo. Digno de reis.
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A Terra e o Mar - o encontro de dois mundos
Ficțiune istoricăLeonor vivia sua vida simples e ordenada no seu pequeno paraíso. Corajosa, vivia com o pai e cuidava dos irmãos com desvelo de mãe. Mas, durante um ataque pirata à cidade em que vivia, tudo mudou quando cruzou o caminho de Thomas Horton, um dos coma...