Vinte e seis

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Cavendish e Thomas caminhavam em ritmo acelerado na direção da igreja onde estavam os reféns.

- Você sabe por que eu decidi agora ir embora desse lugar?

- Eu realmente estranhei. Por que hoje senhor? E assim de repente.

- Quando eu cheguei aqui, recebi uma visita. Durante a noite, encontrei dois índios no meu quarto.

- Índios, senhor? Deveria ter dado o alarme. Como eles conseguiram subir a bordo?

- Isso não interessa mais. A questão é que, não sei como, eu devia estar em alguma espécie de transe, então consegui compreender o que eles me diziam.

- Isso é fascinante, senhor.

- Eles queriam que eu exterminasse todos os colonos e assumisse a vila.

Thomas parou estupefato.

- E o senhor?!

- Declinei do convite, é claro. Não tenho interesse na política dessa terra. Eles não insistiram, para o meu alívio. Mas me deram um aviso: Quando a última lua grande estivesse no céu, eles atacariam. E não deixariam pedra sobre pedra, na linguagem deles. Advinha que noite será hoje? – perguntou sarcasticamente.

Eles chegaram às portas da Igreja e Cavendish sacou a sua pistola. Thomas estava um pouco atrás dele.

- Está na hora de acabarmos com isso.

Cavendish só não esperava ouvir uma pistola sendo engatilhada próximo ao ouvido.

- Eu acho que não Sir Thomas...

- O que?! Ficou louco Horton?

- Não senhor. Apenas estou agindo de acordo com a minha consciência. Me dê sua arma, por favor.

Cavendish entregou sua pistola a Thomas e os dois entraram na igreja. Os outros piratas olharam para a porta, atraídos pela voz de Cavendish.

- Seu miserável! Isso é motim, Horton! Vou enforca-lo por isso! – esbravejava o corsário enquanto entrava na igreja.

- Não, porque não vou embarcar com o senhor. Joguem as armas no altar! Agora, ou eu estouro a cabeça dele! – Thomas gritou para os outros piratas.

- Senhor? – um deles perguntou.

- Ficaram surdos, imbecis? Ele está com uma pistola na minha cabeça. Façam o que ele mandou.

Os piratas foram colocar as pistolas, facas e arcabuzes no altar da igreja.

- Está satisfeito, seu traidor? – Cavendish perguntou

- Agora voltem todos para o navio. Afinal, Sir Thomas quer voltar para a Inglaterra e não vai deixar ninguém para trás, não é capitão? Andem logo! Vão!

Os piratas saíram da igreja. Os reféns soltaram gritos de zombaria.

Thomas se afastou de Cavendish, mas continuou apontando a pistola para ele.

- Agora você vai inverter os papéis, Horton? Vai me matar? Deixe de ser idiota. Eles vão te enforcar assim que nós partimos.

- Não! Esse jovem provou que, apesar das companhias, ele não é como vosmecê, seu patife. Ele está sob a minha garantia. – respondeu D. Brás.

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