Cavendish ergueu os olhos do mapa que estudava.
- Quem é?
- Horton, senhor.
Cavendish reclinou-se na cadeira.
- Entre!
Thomas entrou na cabine, curvando a cabeça em cumprimento.
- Horton! Já faz tempo que eu não o vejo. – Cavendish levantou-se e contornou a mesa, batendo de leve no ombro de Thomas. – Então o que me diz? Vitória certeira, não foi? Fácil como dizia os documentos que eu recebi de nosso contato aqui.
Thomas assentiu.
- Um dos homens da vila quer propor um negócio ao senhor. – ele avisou.
- Verdade? – Cavendish pegou uma garrafa de vinho e colocou em uma taça. – Inglês?
- Não senhor. É um dos colonos. Disse que é bastante rico e influente.
- E por que ele não está preso com os outros líderes?
- Pura questão de estratégia. Ele sabe como camuflar-se na multidão.– Thomas respondeu, sem disfarçar uma leve ironia, contudo.
- Um homem de visão, então. – Cavendish sorveu um pouco do vinho, pensativamente.
- Sim, pode ser. Mas eu não confio nele senhor.
- Vamos ver que diversão ele pode nos proporcionar, Horton. Depois eu decido o que fazer com ele. – O corsário fez um sinal para que o outro abrisse a porta.
Thomas abriu a porta da cabine, fazendo um sinal para um dos piratas trazer D. Constâncio.
- Muito bem homem o que quer? Diga logo que eu estou ocupado. - Cavendish fez um sinal para Thomas traduzir em português.
Os dois se surpreenderam quando D. Constâncio sentou à frente dos ingleses, com uma expressão entediada e menosprezando a tradução de Thomas.
- Eu não preciso de tradução. Eu conheço bem a língua da sua pequena ilhazinha. Quero lhe falar a sós. – D. Constâncio declarou.
- Sem chance! - disse Horton. Ele olhou para seu capitão. - Esse homem tentou me lançar numa armadilha.
- Duvida que eu possa dar conta de um homenzinho desses? - Cavendish riu. – Besteira, Horton. Vá substituir Cocke com os prisioneiros. Eu me viro com esse aqui.
Mas Thomas não saiu da sala em definitivo. Ele queria saber o que o noivo de Leonor queria com o seu comandante. Sir Thomas era muito confiante, mas o inglês duvidava que D. Constâncio não estivesse tramando alguma armadilha.
- Pronto senhor. Agora será que podemos conversar?
- Ah sim. Bem eu quero lhe propor uma aliança.
- Sim?
D. Constâncio inclinou-se para frente, como se estivesse falando sobre o tempo.
- Quero que mate D. Brás Cubas e toda a sua descendência. – ele declarou sem rodeios.
- E porque eu faria isso? – Cavendish perguntou.
- Os motivos não lhe interessam. Basta saber que eu estou disposto lhe dar quarenta mil peças de ouro.
Cavendish deu um sorriso sardônico, reclinando-se na cadeira.
- Nós já roubamos toda a vila. Não há lugar que o senhor possa ter escondido essa fortuna.
- Acha mesmo? Como se eu não tivesse me preparado para a vinda de vosmecês... – D. Constâncio respondeu com voz de troça.
- O que? – O corsário endireitou-se, completamente alerta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Terra e o Mar - o encontro de dois mundos
Historical FictionLeonor vivia sua vida simples e ordenada no seu pequeno paraíso. Corajosa, vivia com o pai e cuidava dos irmãos com desvelo de mãe. Mas, durante um ataque pirata à cidade em que vivia, tudo mudou quando cruzou o caminho de Thomas Horton, um dos coma...