Dezoito

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Cavendish ergueu os olhos do mapa que estudava.

- Quem é?

- Horton, senhor.

Cavendish reclinou-se na cadeira.

- Entre!

Thomas entrou na cabine, curvando a cabeça em cumprimento.

- Horton! Já faz tempo que eu não o vejo. – Cavendish levantou-se e contornou a mesa, batendo de leve no ombro de Thomas. – Então o que me diz? Vitória certeira, não foi? Fácil como dizia os documentos que eu recebi de nosso contato aqui.

Thomas assentiu.

- Um dos homens da vila quer propor um negócio ao senhor. – ele avisou.

- Verdade? – Cavendish pegou uma garrafa de vinho e colocou em uma taça. – Inglês?

- Não senhor. É um dos colonos. Disse que é bastante rico e influente.

- E por que ele não está preso com os outros líderes?

- Pura questão de estratégia. Ele sabe como camuflar-se na multidão.– Thomas respondeu, sem disfarçar uma leve ironia, contudo.

- Um homem de visão, então. – Cavendish sorveu um pouco do vinho, pensativamente.

- Sim, pode ser. Mas eu não confio nele senhor.

- Vamos ver que diversão ele pode nos proporcionar, Horton. Depois eu decido o que fazer com ele. – O corsário fez um sinal para que o outro abrisse a porta.

Thomas abriu a porta da cabine, fazendo um sinal para um dos piratas trazer D. Constâncio.

- Muito bem homem o que quer? Diga logo que eu estou ocupado. - Cavendish fez um sinal para Thomas traduzir em português.

Os dois se surpreenderam quando D. Constâncio sentou à frente dos ingleses, com uma expressão entediada e menosprezando a tradução de Thomas.

- Eu não preciso de tradução. Eu conheço bem a língua da sua pequena ilhazinha. Quero lhe falar a sós. – D. Constâncio declarou.

- Sem chance! - disse Horton. Ele olhou para seu capitão. - Esse homem tentou me lançar numa armadilha.

- Duvida que eu possa dar conta de um homenzinho desses? - Cavendish riu. – Besteira, Horton. Vá substituir Cocke com os prisioneiros. Eu me viro com esse aqui.

Mas Thomas não saiu da sala em definitivo. Ele queria saber o que o noivo de Leonor queria com o seu comandante. Sir Thomas era muito confiante, mas o inglês duvidava que D. Constâncio não estivesse tramando alguma armadilha.

- Pronto senhor. Agora será que podemos conversar?

- Ah sim. Bem eu quero lhe propor uma aliança.

- Sim?

D. Constâncio inclinou-se para frente, como se estivesse falando sobre o tempo.

- Quero que mate D. Brás Cubas e toda a sua descendência. – ele declarou sem rodeios.

- E porque eu faria isso? – Cavendish perguntou.

- Os motivos não lhe interessam. Basta saber que eu estou disposto lhe dar quarenta mil peças de ouro.

Cavendish deu um sorriso sardônico, reclinando-se na cadeira.

- Nós já roubamos toda a vila. Não há lugar que o senhor possa ter escondido essa fortuna.

- Acha mesmo? Como se eu não tivesse me preparado para a vinda de vosmecês... – D. Constâncio respondeu com voz de troça.

- O que? – O corsário endireitou-se, completamente alerta.

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