Trinta e Um

100 11 0
                                    

- Sempre na hora certa não é meu amigo. – D. Brás comentou abraçando D. Bernardo.

- Como sempre vosmecê fez também. – D. Bernardo retribuiu o cumprimento.

D. Brás olhou para D. Constâncio e o cumprimentou. Entretanto seu semblante era sério, quase contrariado.

- D. Constâncio... Vosmecê e os seus estão bem?

- Sofremos poucas baixas. Mas as mulheres ficaram protegidas. Com exceção de D. Leonor, minha noiva. – ele completou olhando para Thomas que estava parado atrás de D. Brás. – Mas eu teria preferido que ela tivesse ficado na adega com minha irmã.

- Com certeza minha filha não ficaria escondida rezando. – D. Bernardo disse com uma ponta de orgulho. Ele olhou para além de D. Brás e viu Thomas. Não o reconheceu.

- E esse quem é? - perguntou a D. Brás.

O português acenou para Thomas se aproximar.

- Esse é um amigo. O responsável por eu estar falando com vosmecê agora. Ele descobriu um plano para Cavendish matar a mim e minha família e o desmantelou.

- Por Jesus! E como te chamas, corajoso rapaz?

- Thomas, meu senhor.

- Tua voz... tens um timbre diferente. De onde és, meu rapaz?

- Sou inglês, meu senhor.

- Ele veio com os corsários do inglês Cavendish. - informou Constâncio.

- Mas se voltou contra eles. - respondeu D. Brás na mesma hora. - Tanto que pelejou ao meu lado hoje. Lhe confiaria a minha vida.

- Vosmecê sempre foi confiante em relação aos outros, D. Brás. E não foi de uma vez que isso lhe trouxe prejuízos. Espero que essa não seja mais uma, porque...

- Índios! - gritou Thomas sacando sua arma.

Enquanto D. Bernardo falava com D. Brás, ele viu as folhas a frente deles se mexerem e a ponta de uma flecha aparecer. Gritou, tomando a frente dos demais. Ouviu um silvo parecido com o vento soprando e sentiu um impacto contra seu ombro. Por reflexo atirou, ao mesmo tempo em que tirava a flecha que se enterrara em seu ombro; e caia pesadamente ao chão.

- Peguem esse bugre maldito! – berrou D. Brás. – Levem D. Thomas para dentro e façam essa sangreira parar.

De fato, ao retirar a flecha, o sangue começou a jorrar pelo braço de Thomas.

- Tragam ele por aqui. – comandou D. Constâncio, mais por reflexo do que por caridade.

Dois homens da comitiva de D. Bernardo carregaram o rapaz para dentro da casa.

Leonor, que estava na cozinha junto com D. Eugenia e Mãe Maria, ouviu o alarido e correu para ver o que era. Ela segurava alguns pratos para colocar a mesa e quando chegou à sala o choque de ver Thomas entrando pela porta a fez largar os pratos.

- Meu Deus! – ela colocou a mão sobre a boca para refrear um grito e voltou para a cozinha para tentar acalmar as batidas de seu coração.

"Era ele! Era ele!" "Por que ele não fora embora?" - a frase ecoava em sus mente refletindo as batidas de seu coração. A respiração lhe era difícil. Mal ela ouvia os gritos dentro da casa.

- Eugenia! Ajude aqui! – gritou D. Constâncio,

D. Eugenia correu para a sala.

- Valha-me Virgem Maria! O que aconteceu?

A Terra e o Mar - o encontro de dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora